O melhor lugar do mundo

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A cabeça de Kellin, assim como todo o seu corpo doía. Consequências da faxina que fizera no dia anterior. Seus olhos ardiam de raiva, frustração. Ele se sentia enganado depois de escutar todos os horrores que o policial Portman lhe contou, sobre as pessoas nas quais o mesmo confiou nos últimos dois meses e meio. Já havia parado de chorar depois de quase três horas, porque todo o sentimento de negação, de achar que estes policiais estavam enganados, que seus amigos não eram nada daquilo que o contavam, foram  levados com suas lágrimas. Depois de ver com clareza cada prova exposta naquela mesa, cada vítima com o olhar em desespero, sabendo que sua última visão seria de alguém insanamente maluca a picotando enquanto gritava de dor, cada gravação de vozes aos prantos, que imploravam piedosamente por suas vidas e só recebiam em troca sorriso sínico, Kellin quis vomitar. Se recusou a acreditar que era Michael fazendo todas aquelas crueldades, até ver a gravação que o próprio fez, admitindo ser ele por trás de tudo aquilo e ainda, se gabando e se orgulhando de tais barbaridades.

O cara no qual havia se tornado seu amigo, se passando de bom moço, era na verdade um assassino a sangue frio. Ele só conseguia sentir pena de si próprio por ter sido enganado. Não era só Michael, Aaron e Chris eram monstros também. Toda aquela história de serem amigos depois que Michael havia chegado aqui, era uma verdadeira mentira. Aaron era viciado em matar e Chris tinha vídeos espalhados por um site da deeb web torturando pessoas das formais mais agonizantes possíveis. Tudo foi absolutamente comprovado. Kellin sentiu-se enganado, indignado e a cima de tudo, voltou a se sentir sozinho.

- E-eu não sei o que fazer. Eu corri perigo durante esse tempo todo. E-eu pensei que eram meus amigos, eu... - Kellin se levanta da cadeira. Estava farto de olhar aquelas fotografias desfiguradas em cima da mesa.

- Sr. Quinn, entendo que o Sr. esteja traumatizado com o que acabou de descobrir. - Sr. Portman disserta com cautela.

- Traumatizado?! Desde que minha mãe morreu eu nunca mais confiei em ninguém. Os garotos apareceram e então fizeram com o que eu me sentisse seguro. Eu notei a habilidade que Michael tinha em dominar numa situação como aquela... - Se refere ao dia em que Aaron matou um dos amigos de Radke.

- Eu nunca imaginei que os três eram procurados por todo o estado e pelo FBI. Esses crimes, quanta crueldade... - Completa e novamente sua voz estava embargada pelo choro.

- Eu realmente sinto muito. - Portman suspira.

- Bom, vamos ter que pedir para suspenderem as aulas e enviar um mandado de busca a toda cidade. Colocar alertas e fechar as fronteiras que fazem divisa com os outros Estados também.
- O mesmo fala com os policiais que estavam ali e logo todos eles se manifestam.

- A Dra Stela está atrás de Michael Fuentes, provavelmente ele não irá muito longe. Quero uma viatura agora indo para a residência de Michael Fuentes. Agora! - Então todos começaram a seguir seus postos.

- O-o que eu faço? - Kellin pergunta, encolhendo os ombros.

- Uma viatura vai ficar de vigia na sua casa. Você tem alguém de segurança? - Kellin automaticamente pensa em Victor e suspira, deixando uma lágrima cair.

- S-sim. Meu vizinho, Jared. - Responde simples e enxuga a lágrima.

- Certo. Agora que Michael sabe que estamos atrás deles, pode ser que vá atrás de você também. Porque ele deve ter em mente que agora você saiba de tudo. - O policial diz pegando seu distintivo e em seguida sai da sala com o mais novo.

- Mas não precisa se preocupar. Uns dos meus melhores homens irá ficar de vigia o tempo todo. - Eles entraram na viatura e seguiram em direção a casa de Kellin.

Estava tudo uma bagunça em sua mente. Ele só queria sair correndo e se esconder. Havia sido enganado. E mais uma vez a sua vida não passava de uma verdadeira mentira. Queria sua mãe. Queria abraçá-la e escutar seus conselhos. Queria Victor, sentir-se seguro novamente em seus braços, como fazia quando eram crianças. Seu choro era livre e espontâneo, baixinho o suficiente somente para que ele escutasse. Agora, encolhido no sofá de sua casa, onde havia três policiais vigiando o local do lado de fora, enquanto na TV passava um jornal com os noticiários mais bisonhos que nem prestava atenção, até porque sua vida já era bisonha o suficiente, Kellin voltava a estaca zero, sentindo-se sozinho. A única pergunta que ecoava em sua mente era: aonde Victor poderia estar?

𝑴𝒚 𝑰𝒏𝒏𝒆𝒓 𝑯𝒆𝒍𝒍 {;𝑲𝒆𝒍𝒍𝒊𝒄;}Onde histórias criam vida. Descubra agora