Cheryl foi num pé e voltou no outro. Comprou os ingressos tão rápido que Toni pode perceber que ela realmente estava ansiosa para ir naquele brinquedo, pena que a morena não estava nem um pouco afim, mas Cheryl não precisava saber disso.
- Vamos? Toni, tá tudo bem?
- Claro! - A voz dela tremeu um pouco, mas a ruiva não percebeu.
Elas seriam as próximas da fila. Os carrinhos foram esvaziados aos poucos. Toni estava apertando a pipoca com uma força desnecessária, sua acompanhante percebeu.
- TT! - E passou um braço por seu ombro. - Está tudo bem, eu estou aqui!
O tremor passou na hora. E Toni conseguiu sorrir.
É claro, eu estou com você! Tudo vai ficar bem! E nós vamos na última fileira, para a minha alegria.
Pobre Toni Topaz, como você estava enganada.
As portas que davam acesso aos carrinhos se abriram. As pessoas saíram se acotovelando até os acentos. Toni correu para os de trás, mas todos já tinham sido ocupados. Voltou para os da frente e já era tarde. Só sobraram dois, um na quinta fileira e um na segunda. Cheryl se aproximou dela.
- Toni, vamos ter que ir separadas, eu vou nesse e você no da frente!
- E-eu... eu...
- Você está com medo?
O orgulho falou mais alto.
- Medo? Eu? Até parece.
E foi se sentar na segunda fileira. O maquinista passou checando as travas de segurança e parou alguns segundos olhando a morena.
- Você me é familiar! De onde te conheço?
A morena o encarou sem saber.
- Não faço nem ideia! Liga esse negócio logo!
O cara a olhou como se tivesse se lembrado de quem ela era, mas não falou nada, com um sorriso presunçoso foi até o botão de ligar e apertou.
O carrinho foi subindo bem devagar para dar mais emoção.
Jesus, Maria e José! É muito, muito alto!
Ele chegou ao pico e deu uma parada.
Ok, não é tão ruim assim!
E passou de 1km para 100km. Desceu a toda velocidade. O vento batia com tanta força na cabeça das pessoas que as empurrava para baixo, se tornando quase impossível respirar.
SOCORROOOOOOO! ALGUÉM PARE ESSE MALDITO BRINQUEDO!
- Abre os olhos, levanta as mão! - Isso veio de um cara ao lado de Toni.
Vou abrir sim, abrir a sua trava de segurança se você não calar a boca!
O carrinho chegou ao primeiro lupe e o corpo da pequena levantou milimetricamente da cadeira, devido a sua estatura.
Puta que pariu! Eu vou morrer! Eu vou morrer!
O carrinho ficou dois minutos de puro terror rodando. Foi diminuindo a velocidade à medida que se aproximava da plataforma de desembarque. Toni tinha os cabelos esvoaçados e respirava fundo.
O cara das travas estava de volta.
- Então, você por um acaso não teria uma lata de refrigerante escondida aí, teria?
E Toni se lembrou, era o cara do camicaze, do parque onde ela fora quando tinha oito anos. Ele finalmente teve sua vingança.
- Ora seu filho de uma...
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a little bit dangerous - choni
RomansaQuem imaginaria que no momento em que colidimos todo o vazio iria se refazer? E finalmente eu iria enxergar que existia algo muito além dele.