Verônica

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Verônica narrando...

Hoje é o primeiro dia de aula do ano, é o ensino médio é uma chatice.
Hannah: Verônica, avisou sua avó que você vai ir lá pra casa depois?
Verônica (eu): Minha saiu cedo hoje, deixei um bilhete, a Helen deve avisar.
Hannah: Então vamos lá!
Hannah é minha melhor amiga, ela foi uma das pessoas que mais me apoiou depois da maior tragédia da minha vida e minha avó também, é claro. Meus pais desapareceram a mais ou menos um ano, tem sido muito difícil.
Hannah: Tudo bem?
Verônica: Sim, tudo bem sim.
Hannah: Está quieta hoje.
Verônica (eu): Não dormi muito bem essa noite...
Hannah: Teve outro daqueles sonhos bizarros?
Verônica: Não, eu não consegui dormir.
Nesses últimos meses, não consegui dormir por uma noite inteira nenhuma vez. Eu não consigo.
Hannah: Então, como acha que vai ser seu primeiro dia de aula hoje?
Preciso superar o desaparecimento dos meus pais, algumas pessoas acham que eles simplismente foram embora, mas os rastros deles dizem outra coisa.
Hannah: Verônica?
Tenho medo de descobrir alguma coisa sobre o desaparecimento deles, tenho medo de que eles sejam encontrados mortos. Essa angústia me consome por inteiro. A dúvida me desespera. Eles estão bem? Estão ao menos vivos?
Hannah: Verônica, tudo bem?
Eu me pergunto isso todos os dias, consolos não me ajudam em nada, não preciso de ninguém me vendo como uma coitadinha.
Hannah: VERÔNICA. - ela grita meu nome.
Verônica (eu): Chegamos!
Pego minha mochila e desço do carro.
Hannah: Bom, eu vou ir até meu armário, até depois.
Verônica (eu): Até.
Abrindo meu armário, me deparo com uma foto minha junto dos meus pais. Uma lágrima escorre pelo meu rosto.
Xx: Sua imbecil!
Bem-vindo a escola! Onde brigas podem acontecer a qualquer momento. Espera aí, é a Helen. Eu me aproximo um pouco, Helen está brigando com Jackson, seu namorado.
Helen: Por favor, eu te amo.
Jackson: Eu já disse pra você sumir da minha frente. Vá sua cadela
Mas o que é isso?
Verônica (eu): Isso são modos de tratar uma garota?
Helen: Eu sei me defender sozinha Verônica.
Verônica (eu): Peça desculpas agora.
Jackson: Olha só! A cadelinha precisa de alguém para resolver seus problemas!
Helen: Sai daqui Verônica.
As pessoas ao redor começam a se aproximar.
Verônica (eu): Agora Jackson,  se não eu vou...
Ele me interrompe.
Jackson: Vai o que sua...
Antes mesmo de Jackson terminar a frase um rapaz loiro e alto aparece entre nós, ele empurra Jackson com força em direção aos armários.
Loiro alto: Escuta aqui rapaz, nunca trate uma dama dessa forma. Não é porque você é um imbecil que elas também sejam, agora pegue esse lixo que você chama "eu", e se manda daqui.
(não fez sentido algum o que esse cara disse, pelo menos pra mim, muito clichê)
Jackson não reage, ele simplesmente pega suas coisas e sai, já com uma longa distância de nós ele se vira.
Jackson: Isso não vai ficar assim Helen. Não vai!
Que babaca!
Helen: Eu disse pra você Verônica. EU SEI ME CUIDAR.
Verônica (eu): Sabe mesmo? Você estava quase apanhando. O que a vovó diria?
Helen: Eu não sou sua irmãzinha indefesa. Somos primas, nada mais.
Verônica: Você é meu sangue, eu tenho o dever de ajudar você.
Furiosa ela dá de costas para mim e sai. Quando eu vou em direção ao meu armário novamente, sinto um toque suave em meus ombros.
Verônica: Ah!
Loiro alto: Tudo bem?
Verônica (eu): Sinceramente, não.
Loiro alto: Quem era aquele idiota?
O sinal toca.
Verônica (eu): Desculpa eu tenho que ir.
Entro naquela multidão e provavelmente sumo da vista dele.

Depois da aula...
Assim que saio da aula, vou me encontrar com Hannah.
Hannah: Verônica!!! Preciso falar com você!!!
Verônica (eu): O que foi?
Hannah: Tem um garoto novo na escola, ele é lindo!!!
Verônica (eu): Ah é?
Hannah: Todas as garotas estão loucas por ele.
Verônica (eu): Todas idiotas e desesperadas.
Ela se desanima e me convida para sentarmos no gramado.
Verônica: Desculpa Hannah, eu estou sendo uma completa idiota!
Ela permanece calada.
Verônica (eu): Está cada vez mais difícil, eu perco o sono, e se durmo, tenho um pesadelo atrás do outro. Dói Hannah, dói muito você não saber do paradeiro de seus pais, você não saber se eles estão bem ou sequer vivos. Depois daquela noite eu me perdi por completo. Eu me odeio por não me lembrar de quase nada, depois daqueles pedaços de roupas deles que encontrei pela floresta, todas manchadas com seu próprio sangue, algumas pessoas ainda tem a audácia de pensar que eles fugiram, mas fugiriam do que?! De mim? Ou de alguém que tenha ameaçado eles, ou sua família? Ultimamente a palavra mais recente do meu dicionário é "idiota", desculpe.
Ela não abre nem sequer a boca, Hannah se aproxima de mim e me abraça, ela permaneceu calada, mas só o fato de estar aqui do meu lado, significa muito para mim.
Verônica (eu): Era um belo dia, um dia normal, fomos fazer uma caminhada, uma simples caminhada...
Hannah: Eu não sei pelo que você está passando, de verdade, eu não posso sentir sua dor, não posso tirar de você essa angústia nem te trazer respostas, mas eu juro que queria... me desculpe por qualquer coisa que eu tenha feito, eu entendo que é difícil e talvez você não motivos para sorrir, mas sabe, sua avó está do seu lado, ela acolheu você, sua prima é uma cabeça dura, mas você sabe que ela se importa, que eu me importo, onde quer que seus pais estejam ou como estão agora, eles iriam querer te ver feliz, seguindo em frente. Esperança Verônica, tenha esperança, não necessariamente sobre eles estarem vivos, mas de que tudo vá dar certo. Eu te amo muito e sempre vou estar aqui pra te apoiar!
Eu a abraço com todas as minhas forças. Alguém toca levemente em minhas costas, atrapalhando nosso abraço.
Marcos: Oi meninas.
Verônica (eu): Oi Marcos!
Hannah: Oii.
Antigamente o Marcos era um alvo do bullying, alguns idiotas zoavam e zombavam dele, porque ele era considerado um nerd de "carteirinha", até que ele mudou seu visual, mudou totalmente, malhou bastante pelo que percebi e agora é um dos garotos mais "desejados" da escola.
Marcos: Então...
Ele coloca sua mão na cabeça, um pouco sem jeito.
Hannah: O que foi Marcos?
Marcos: Verônica, será que você gostaria de sair comigo?
Congelo por um tempo.
Marcos: Eu sabia que era uma má ideia...
Verônica (eu): Ah desculpa! Não é uma má ideia não! Me pega às sete?
Eu não sei quem ficou mais surpreso, o Marcos, a Hannah ou até mesmo a Verônica, ou seja, eu.
Verônica (eu): Hannah, que tal irmos? Para sua casa, lembra?
Hannah: Claro, vamos. Até!
Marcos: Tchau.
Assim que entramos no carro, Hannah começa a rir.
Hannah: Você tem um encontro!
Verônica (eu): Pode ser.

Horas se passaram, quando voltei para casa, minha avó estava dormindo. Fui direto tomar um banho e me arrumar. Assim que fico pronta vou até o quarto de minha vó.
Verônica: Vovó, eu vou sair com o Marcos, volto antes das onze!
Vovó: Um encontro? Minha netinha cresceu!
Verônica: Vovó!
Rimos.
Vovó: Pode ficar até mais tarde, mas juízo!
Dou um beijo nela e saio. Depois de uns minutinhos esperando, Marcos chega com seu belo carro. Ao entrar no carro dou um beijo em sua bochecha e ele sorri.
Marcos: Vamos assistir um filme?
Verônica: Claro!
Marcos: Ok.
No cinema Marcos comprou bebidas para nós dois e um balde de pipoca, assistíamos um filme sobre alienígenas, era um pouco nojento, mas estava tudo sob controle. No fim do filme ao sairmos da sala, ele cochicha em meu ouvido.
Marcos: Vamos sair daqui.
Em seguida um de seus novos amigos se aproxima, Marcos se junta à ele e seus outros amigos. Fico de lado por um momento.
Jessy: Se eu fosse você não acreditava no Marcos.
Jessy era umas das garotas mais populares da escola, mas também era uma cobra.
Verônica: Porque eu deveria deixar de acreditar nele?
Jessy: Conselho de amiga! Ele apostou com o meu namorado e  grupinho, e... Bem, você faz parte da aposta.
Não estou acreditando nisso, fui feita de palhaça.
Jessy: Se duvida de mim, preste atenção nele amanhã!
Verônica (eu): Qual a finalidade dessa aposta?
Jessy: Entrar no grupinho deles .
Assim que Jessy termina a frase, saio dali. Antes de ir para casa resolvo dar uma volta na floresta, para ser mais específica, ir no lugar onde vi meus pais pela última vez. Chegando lá, no lugar quase que específico, me deito no chão e fico observando o céu. Não costumo vir mais aqui, mas é onde me sinto mais próxima deles, de alguma forma.
Xx: Lindo céu não é?
Levanto rapidamente, não vejo ninguém.
Xx: Posso?
Verônica: Você?!
Xx: Posso?
Faço um sinal positivo. Ele se senta ao meu lado.
Xx: Verônica não é?
Verônica: Sim, mas e você é quem?
Peter: Me chamo Peter. Sou novo aqui.
Verônica: Você é o principal assunto da escola.
Peter: Mas se eu sou o principal assunto, porque não sabia meu nome?
Verônica: Porque eu não cuido da vida dos outros.
Peter fica um pouco sem jeito.
Peter: Charmoso como eu é difícil.
Verônica: O que?
Não sei se é lerdeza minha ou ele ainda não sabe se expressar.
Peter: O que faz por aqui?
O rapaz é direto...
Verônica: Estava em um encontro, aí descobri que a minha pessoa fazia parte de uma aposta idiota e cá estou...
Desabafei mesmo! Eu com certeza não vou contar para mais ninguém, é vergonhoso, talvez para a Hannah.
Peter: Gosto disso. Verônica é uma pessoa nem engraçada.
Porque se referir a mim na terceira pessoa? Totalmente desnecessário.
Verônica (eu): Você é patético.
Peter de aproxima.
Peter: Esse idiota não sabe o que está perdendo!
Não sei, mas a forma a qual ele falou isso pra mim, me tocou de uma forma que fez meu coração acelerar.
Peter: Você é especial!
Conheço muito bem essa história e sei que como vai acabar...
Verônica: Não preciso de ninguém com pena de mim!
Peter: É a verdade! Não tenho pena de você Verônica, você é diferente das outras.
Geralmente esses caras que chegam com o papo de como: "você é diferente, você é especial", ou são os mais problemáticos ou os mais galinhas. Claro, sempre há uma exceção ou outra.
Peter: Sua pele é tão suave!
Verônica (eu): Se quiser, passo o nome do creme que uso, realmente faz milagre.
Ele toca em meu pescoço e se aproxima lentamente.

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