Sétimo Capítulo.

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Point Of View Jayda

Aquilo era muito dinheiro, pelo menos pra mim que não tem um centavo no bolso, é muito sim. Uma ansiedade tomou conta do meu corpo assim que peguei na quantia de dinheiro, eu literalmente não havia ideia alguma de como aquele dinheiro tinha vindo parar ali. A primeira coisa que veio na minha cabeça é que podia ter sido Christian em uma  A forma de "pedido de desculpas" ele tenha colocado esse dinheiro dentro dos meus sapatos em uma forma de me agradar.

Eu não quero aceitar mais nada vindo daquele pilantra, mas esses dois mil reais iria me ajudar muito, eu tinha muitos planos com aquele dinheiro. Tratei de devolver o bolo de notas para dentro do meu sapato novamente, assim que me virei para ir ao banheiro tomar banho, a porta se abriu e minha mãe entrou com uma cara de preocupada com os braços cruzados.

Aquilo não parecia ser boa coisa.

– Jayda precisamos conversar. Nem vem com essa história de cansada! Você mentiu pra mim. – minha mãe me encarava brava.

– Menti pra você? Sobre o que? Mãe é sério! Eu preciso tomar banho e descansar, amanhã a gente conversa. – respondi impaciente.

– Você sabe muito bem do que to falando senhorita. A namorada do Bruno acabou de me ligar! Filha você tá louca? Onde você tava com a cabeça de dar um soco na menina? – minha mãe gritava desesperadamente. Eu não acredito que aquela cobra da Camila foi capaz de ligar para minha mãe essa hora pra fofocar.

– Mãe, você sabe primeiramente do que ela me chamou? Aquela nojenta foi capaz de me chamar de "prostituta" na cara dura, ela mereceu! E tá merecendo mais um soco. – respondi nervosa e minha mãe me olhava indignada.

– Filha, você nunca foi assim! Eu não te eduquei pra isso, você tá irreconhecível! A Camila disse que o Bruno te encontrou jogada na rua e quiseram te ajudar mas você não quis e foi extremamente agressiva com eles. Ai você aparece em casa toda machucada! Jayda me ajuda a te ajudar, o que ta acontecendo com você? – ela falava e eu começava a querer rir com tamanha mentira. Como que a Camila consegue mentir tão na cara de pau?

— Quê? Não foi nada disso, mãe!! Poxa, acredita em mim! Eu te falei que iria no evento na faculdade, eu fui mas na hora de voltar acabei perdendo a carona e sim eu encontrei o Bruno e a Camila lá, mas foi a Camila que começou tudo!!! — tentei explicar mas minha mãe continuava balançando a cabeça pra tudo que eu dizia. Não era possível que ela não iria acreditar em mim.

– Então me explica por que você tá toda machucada? E nem vem com essa que você caiu, filha eu to preocupada com você! Eu preciso saber da verdade. – ela falou  se aproximar de mim.

– Mãe eu já te disse a verdade! Agora se você quer continuar acreditando nessa lambisgóia da Camila, eu não posso fazer nada! – falei nervosa ao entrar no banheiro e fechar a porta com tudo.

– Jayda! Eu ainda não terminei de falar com você! Volta aqui mocinha. – minha mãe continuava gritando ao bater na porta e eu ignorei.

Eu não iria continuar discutindo com minha mãe por causa de mais uma mentira da Camila.
Eu me recusava a isso, meu estado mental se recusava a mais uma briga.

– Jayda você continua sendo minha filha! Não é porque tem quase 18 anos que agora você é  dona do seu nariz, ouviu? – minha mãe continuava e uma imensa vontade de chorar tomou conta de mim.

Eu não aguentava mais! Nem dentro da minha casa agora eu iria ter paz, o que mais me deixa chateada é o fato da minha mãe acreditar na Camila e não em mim. Eu sei que não contei toda a verdade pra ela, mas a Camila é mentirosa e traiçoeira ela deve ter inventado uma longa história pra minha mãe sobre o que eu estava fazendo no evento.

Que ódio! Senti as lágrimas começaram a descerem sobre meu rosto. Eu não sabia o que fazer, ainda mais agora com aqueles dois mil reais que eu não sei da onde veio, sim eu tenho muitos planos, um deles é ajudar a minha mãe a pagar todas as dívidas. Mas do jeito que as coisas estão, se ela souber desse dinheiro, tudo pode piorar.

Liguei o chuveiro e deixei que a água levasse minhas lágrimas, eu estava cheia, cansada da minha vida. Por que as pessoas são ruins comigo o tempo todo? Talvez seja assim o mundo, injusto. Mas não posso desistir, não agora.

Depois de um banho demorado sai do quarto ainda olhando para todos os cantos para ver se minha mãe não estava mais por aqui, ainda bem que não. Ufa! Eu até entendo que minha mãe esteja preocupada comigo, mas poxa, precisa duvidar de mim assim? Não precisa! Eu nunca dei motivos.

Me troquei e chequei se o dinheiro ainda continuava nos sapatos e lá ele estava, guardei os sapatos dentro do guarda-roupa e me deitei, até que enfim parece que finalmente eu teria algum momento de descanso e assim desmaiei de sono.

...

Acordei com uma luz forte vindo da janela do meu quarto, me perguntei que horas poderiam ser, mas lembrei que to sem celular... Que bosta! Me levantei meio tonta e sentindo dores pela queda de ontem. Caramba, nem sou tão velha pra acordar tão dolorida! Fui com dificuldade até o banheiro e fiz minha higiene matinal.

Logo depois fui para a cozinha, atrás do meu celular que minha mãe tinha posto no arroz. Inclusive a mesma tinha acabado de ir para o trabalho, peguei meu celular e tentei ligá-lo.

E por incrível que pareça, o filho da mãe ligou. E lá estava as ligações perdidas de Christian. Realmente ele não havia mentido sobre ter tentado me avisar sobre o "imprevisto", mas aquilo não foi o que mais me chamou atenção.
Meu celular estava cheio de mensagens de aúdio daquela lambisgóia da Camila. Ah não podia ser! 

" Olha aqui sua vadiazinha..." – assim que cliquei em um dos áudios senti vontade de vomitar.

"Se você acha que acabou está muito enganada! Eu só não fiz a queixa porque o Bruno é trouxa e insistiu em querer te defender! Mas olha aqui, não vai ficar barato esse soco."

Ai agora pronto, era só o que me faltava. Até me ameaçar aquela bruxa iria começar a fazer agora? Bom, se ela acha que é ruim eu sou pior ainda.

"Olha aqui Camila com esse teu olho roxo, é melhor você não me mandar mais nada. Se não da próxima vez é perigoso você não conseguir nem me mandar sequer uma mensagem. Asquerosa mentirosa! Quem te deu o direito de mentir para minha mãe?" – mandei um áudio furiosa.

Eu havia perdido total paciência com Camila depois de ter tido a audácia de inventar aquela história pra minha mãe.

Bufei e fui procurar algo pra comer, estava faminta. Assim que cozinhei minhas panquecas, prometi pra mim que iria me manter calma em relação ao que estava acontecendo. Aliás, eu tinha planos mais importantes com o dinheiro que eu havia ganhado.

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