Flor de Papel

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Dia Um

Ventos fortes uivantes e o incômodo de adentrar aquela cortina de chuva. O dia era desafiador para os despreparados, mas depois de uma hora Jon consegue seu assento, próximo a janela. Seu olhar estava distraído, suas mãos não se calavam. Era um sujeito naturalmente inquieto, e além disso encontrava dificuldades com as palavras. Uma folha arrancada de seu caderno de capa roxa suas mãos hábeis dão vazão a um belo lírio, que logo ademais seria descartado no turbilhão da informalidade, as vias públicas. Não que fosse macular as locações públicas, mas deixaria ali mesmo, em seu banco, uma forma de perpetuar algo belo, efêmero e magnificamente arranjado como as flores. 

Sua atenção, logo em que finaliza um dos últimos detalhes da pseudo planta lhe é tomada, uma garota linda de mochila rosa e sapato All-Star está sendo desafortunada

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Sua atenção, logo em que finaliza um dos últimos detalhes da pseudo planta lhe é tomada, uma garota linda de mochila rosa e sapato All-Star está sendo desafortunada. Era covarde, nunca tomou atitudes impulsivas, quem dissesse que já havia entrado em alguma briga. Toma suas limitações, larga o lírio ali mesmo, no banco em que estava sentado, e segue em direção ao evento. Sua mão direita se cerra e é tomada como projétil contra o rosto do sujeito. O agressor da garota agora está jogado ao chão, mas não tardou para levantar e acompanhar com os olhos Jon saltando do ônibus. Ele o segue. Jon estava muito longe, e a garota estava indiferente até que seus olhos vão de encontro com um banco recém vago. Uma flor de papel, delicada e de sua maneira frágil, características herdada talvez de seu material de constituição.

Dia Dois

No dia seguinte Jon seguia sua rotina. Hoje não estava mais tão chuvoso, mas o ar tempestuoso pairava por entre o âmago do dia prendendo todos em um estado semi alerta contra eventuais gotas que se dirigissem as suas cabeças, de maneira impessoal sem considerar extratos. Suas mãos automaticamente, como em uma neurose, dá forma a outro arranjo de papel, dessa vez outro modelo, Campânula. Logo, em poucos pontos da onde tomou o ônibus a garota que o chamou a atenção um dia se recosta perto a porta. Tomaria coragem? Falaria com ela? Seus lábios de formas majestosas, seu queixo fino, sua testa tão homogênea quanto uma folha virgem, tomava seus pensamentos mas não suas atitudes. Era um panorama quase que idealizado, até a sua ilusão alçar voo quando o antigo agressor retorna. Agora pensamentos conflitantes vinham a sua mente, será que ele prejudicou a garota ao atacar o sujeito daquele jeito violento? Ele recordaria do cara que deu um soco nele e saiu correndo? Teria que viver para saber. E a resposta para o quarto questionamento, lamentosamente, era sim. Dois braços fortes o arrancam do banco, sua Campânula inacabada seria logo ademais pisoteada inclementemente. Ele é tirado a força do ônibus e sem piedade é jogado na poça d'água mais próxima da porta que se fecha atrás de um garoto não muito mais velho que Jon, mas de fato com claras vantagens físicas. Durante os próximos vinte minutos foi torturado com chutes e pontapés, socos a revelia. Depois do caos tudo o que restara da sua bolsa foram trapos, seu material, inutilizado. Ninguém se deu o trabalho de cerrar a briga. Depois de uns minutos tentando se recompor Jon levanta com certa dificuldade. Segue até o banco mais próximo, encontra um lírio. Só que havia mais vida, havia um sentimento expresso no lírio que Jon nunca fizera além de moldar. Ele desdobra o papel que era formado o lírio, e lê a mensagem:

"Esse Lírio não é o seu, espero que não se importe pelo fato de tê-lo tomado para mim. Não o fiz de refém, não é uma carta pedindo resgate. Desculpe, mas não sou muito boa com as palavras, contudo vou embora da cidade hoje. Espero que uma de suas flores delicadas, sem vida, porém delicadas, encontrem alguém que considere sua importância. Apenas escrevi essa mensagem por ter tido coragem de fazer algo que queria fazer já a três anos. Tenha uma vida feliz. ;-)"

Sua atenção agora uma última vez fora roubada. Uma garota que tomava o ônibus. O tênis All-Star cheio de personalidade como da última vez. Era ela? Mais uma vez não tomaria coragem para descobrir, a porta se fecha e o ônibus toma seu rumo levando consigo quaisquer possibilidades. Um suspiro e uma lembrança de conflito de angústia são ministradas para aquele que mais uma vez tem como consequência de seu remédio a infelicidade e uma boa lembrança.

FIM

Observações:

As imagens presentes aqui foram retiradas do Google Images dos seguintes URLs:

Acesso dia 30/12/2018. Disponível em: <https://variety.com/2017/film/news/felicity-jones-swan-lake-luca-guadagnino-1202489132/>.

A figura com os Origamis é de própria autoria.

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