C A P Í T U L O X X I I I

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§ NINA MILANI §

— Nunca pensei que diria isso, mas você tira o melhor de mim, Kyle Maddox. Espero que eu nunca faça algo que te faça fugir de mim.

Eu conseguia ouvir as batidas do coração dele aumentarem cada vez mais enquanto estava deitada no peito dele, como uma orquestra cardíaca, mas ele não disse nada. Apenas me abraçou mais forte e, depois de um suspiro, me deu um beijo demorado na testa.

Eu queria uma resposta.

Queria que as pessoas da escola olhasse para mim como alguém mais especial para ele do que mais uma garota que caiu no papo furado dele. Queria ser única para ele. Queria que ele dissesse que não me deixaria fugir, mesmo que eu tentasse algum dia. Que ele dissesse que lutaria por mim, se fosse preciso. Mas, acima de tudo, eu queria que ele fizesse as mesmas coisas que eu estaria disposta a fazer por ele.

Naquelas duas semanas de recesso que passamos juntos, eu tive a certeza de que estava apaixonada por ele. Não era o corpo ou como os olhos azuis dele brilhavam com a claridade da neve, mas em como eu me sentia quando estava com ele — em paz. Antes eu diria que só poderia ser feliz se entrasse na liga. Mas quando ele está ao meu lado, me beijando de um jeito que me faz sentir cócegas e rir à toa, eu começo a criar minhas dúvidas sobre como eu realmente posso ser feliz.

Mas, droga!

Eu não posso o culpar pelos meus sentimentos ou por não sentir da mesma maneira. Afinal, eu nem ao menos sei o que ele sente por mim. Poderia ser alguma coisa, mas também poderia ser nada. E confesso que eu tinha medo do que poderia acontecer se eu me entregasse tanto para ele e ele não sentisse o mesmo. Não sei se voltaria a ser a mesma Nina se tivesse mais uma ilusão de que ficaria com alguém que eu estivesse amando, ou outro coração quebrado.

De novo, eu estava pensando demais. Kyle estava aqui comigo, e a cama era muito pequena para caber nós dois e minha ansiedade. Eu estava feliz e ele também, e eu tinha que confiar que tudo daria certo no final, mesmo que eu não acreditasse nisso.

Fechei meus olhos e adormeci nos braços dele, brigando comigo mesma por pensar demais.

§§§

Uma das coisas mais difíceis de serem feitas é passar maquiagem no carro em movimento. Delineado era impossível até se eu estivesse sentada e apoiando meus braços em uma mesa, então já havia desistido desse lindo traço preto. Depois de terminar a pele com um corretivo e pó, foquei nos meus olhos. Felizmente, nessa hora o sinal ficou vermelho e Kyle teve que parar o carro. Ele tinha me dito há um hora atrás que a mãe dele tinha me chamado para almoçar com a família Maddox, então viemos correndo para chegar a tempo.

— Por que vocês meninas quase enfiam isso dentro dos olhos de vocês? — ele perguntou, me olhando estranho enquanto eu passava rímel.

— Não são nos olhos, são nos cílios. — disse, passando uma camada nos cílios inferiores. — Isso deixa nosso olhar mais bonito e destacado.

— Sério que uma escovinha preta faz isso?

— O nome disso é rímel e sim, ele consegue fazer isso. — coloquei o rímel de volta na embalagem e o guardei na minha bolsa de mão. Olhei para ele, mostrando os cílios. — Não acha que ficou melhor do que antes?

— Seus olhos sempre foram bonitos, mas eles ficam mais ainda quando estão com esse tal de rímel. — ele trocou a marcha, e acelerou o carro.

— Até quando você me odiava meus olhos eram bonitos? — perguntei, com um sorriso curioso.

Ele riu, e disse meio sem jeito:

BROKEN HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora