C A P Í T U L O II

11.3K 1K 1.4K
                                    

§ KYLE MADDOX §

A bola quicou no chão, e a sola do meu tênis fez um barulho quando eu pulei. Com uma mão segurei a cesta, e com outra a enterrei.

— Cesta. — disse ao aterrissar no chão junto com a bola.

Era depois da última aula. Tito e eu estávamos jogando basquete, como havia feito o verão todo. Basquete combinava com calor, por isso eu jogava em épocas quente. Mas, durante o inverno e final de outono, podia jogar hóquei no gelo. Esse sim era o meu favorito.

— Estava empatado. Agora, eu passei na sua frente. 11x10. — disse. Passei a bola para Tito, que começou a quicar a ela por entre as pernas.

— Eu não sou a Nina para você competir. Sabe que estamos apenas treinando arremessos, não é?

Ele me passou a bola de novo, e começamos a jogar. Era um jogo pequeno de duas partes, apenas por diversão.

— Claro, "treinando". O jardim de infância foi um treino. O que aconteceu dali para frente é um jogo entre os melhores da NBA ou da NHL.

— Por favor, você está falando igual ao o seu pai.— Tito riu.— Bem, tirando a parte dos esportes.

— É, tirando a parte dos esportes.

— Você já contou para eles?

Quando Tito me jogou a bola de novo, não devolvi. Segurei-a perto do meu peito, e consegui sentir minha respiração. Estava ofegante e suado. Não fazia ideia de quanto tempo estávamos jogando, mas me lembro que foi desde quando o final da última aula da tarde.

— Claro que não. Você tem ideia do que eles fariam comigo se eu dissesse que quero entrar na LNH ao invés de ir pra uma faculdade?

— Vão falar muito no teu ouvido, sem dúvida.

"Você devia ser como sua irmã. Harvard e mais quinze faculdades quiseram ela, em medicina!" — tentei imitar a voz do meu pai.

Meu pai era o único homem na terra que não gostava de esportes. Era qualquer tipo — aquáticos, terrestres ou aéreos. Para ele, era perda de tempo e dinheiro. Por isso, ele odiaria saber que eu sou capitão do time de hóquei.

— Eles ainda estão com essa ideia de você ser médico? — Tito riu. — Acho que eles nem sabem que você tem medo de sangue.

— Não é medo, é fobia. É diferente. E também, não é tão grave.

— Dane-se, é mesma bosta. Eu prefiro você jogando. Não confiaria minha vida em você se fosse médico e eu precisasse de um.

— Claro que confiaria. Pessoas mortas não tem direito de opinar em nada.

Enquanto riamos, as portas da quadra foram abertas. Eram as cheerleaders de Fox Mount, comandadas por Delilah Lins. Elas estavam com o uniforme esportivo da escola, prontas para ensaiar as coreografias para os jogos, mesmo ainda não tendo nenhum jogo do meu time previsto.

No meio delas, tinha uma do interesse de Tito. Mais do que um interesse, talvez, já que eles namoram desde ano passado.

— É nossa vez de usar a quadra, meninos. Precisamos treinar. — ela disse ao parar na minha frente.

Gostava de Delilah. Tinha personalidade forte, mas as vezes me irritava com suas cheerleaders. Essa era uma dessas vezes.

— Temos 3 quadras nessa escola, além dos espaços livres. Vocês não podem ir para qualquer um desses lugares? — perguntei.

BROKEN HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora