C A P Í T U L O X X I I

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§ KYLE MADDOX §

Nem quando eu estava na fazenda da minha avó e cai no chão cheio de cocô de galinha tinha me sentindo tão na merda quanto agora.

Estava sentado no chão da escola, apoiando minhas costas na parede. Depois de tudo que aconteceu, claro que eu estaria mais calmo, mas com a certeza de que tinha estragado a chance que Nina tinha conseguido para mim. Já estava me imaginando sendo listado para o exército, jurando a bandeira do meu país e me vendo como um fracassado que ficaria descascando batatas na cozinha do quartel.

Fiz uma cara feia ao pensar nisso, e meu rosto doeu. Bruce tinha acertado bem no maxilar do lado esquerdo, e provavelmente estava inchado. Estava segurando uma compressa de água gelada no lugar, que Nina tinha pego para mim. Enquanto isso, ela encostou na parede do outro lado, sem dizer nada. Vez por outra ela olhava em minha direção, e desviava quando eu olhava para ela. Mesmo quieta, eu sabia que ela estava querendo me matar, e com razão. 

— Kyle Maddox. — ouvi a voz do Sr. Lohan na porta da sala onde ele estava com os meus pais e irmãos. Levantei os olhos a ele, respondendo ao chamado. — Me acompanhe, por favor.

Me levantei do chão, e dei uma olhada na Nina. Dessa vez, ela não desviou. Braços cruzados, cara amarrada e o bico de quem não está satisfeita — habitualmente fofa. Ela balançou a cabeça, pensando em alguma coisa, e foi embora. Suspirei cansado, e fui em direção a sala onde estava ali a decisão final do meu destino. Que grande dia!

Entrei na sala, e fechei a porta em seguida. O olheiro estava sentado ao lado do diretor, de frente aos meus pais. Meus irmãos estavam mais ao lado, no chão, desenhando em algumas folhas com uma caneta do diretor. Sentei-me na única cadeira vazia, do lado do eu pai. Minha mãe olhou para o meu maxilar ainda inchado, e brigou comigo por ele. Já meu pai não demonstrava nenhuma reação, o que era melhor que sua cara de desgosto. O olheiro também se mostrava neutro, no canto da sala.

— Bem, Kyle, eu já vi você discutir com alguém, mas não uma briga física. — o diretor disse. — Quer explicar para nós o que aconteceu?

Minha mãe interviu, dizendo algo sobre eu nunca ter brigado com alguém assim. Isso era verdade, já que eu odiava me envolver em brigas como essa. E o motivo era um pouco ridículo, eu sei, mas na hora da raiva ninguém pensa direito. Passei a mão pelo meu rosto, e apoie meus cotovelos nas minhas pernas dobradas.

— Eu estava nervoso para o jogo, e briguei com uma... — pensei em um título para Nina que meus pais não se assustassem de primeira — amiga minha antes de ver o Bruce. Minha cabeça estava cheia e sem paciência, e o Bruce não deixou passar. Ele falou umas merdas, e eu explodi.

Bruce e um grupinho de outros alunos estavam falando sobre a Nina, e ele aproveitou essa situação para dizer que já tinha comido ela. Mas, a conversa não parou por aí. Todos, de alguma maneira, falaram que queriam usar ela de alguma maneira. Quanto mais eles falavam, mais nojo eu sentia – não pela Nina, mas por eles. Eu sabia que tudo aquilo era mentira, porque ela já tinha me falado que odiava caras como Bruce e ela estava comigo agora, mas saber que as pessoas pensam e falam isso sobre ela me deixava com raiva. E saber que outras pessoas desejavam ela tanto quando eu me deixava com ciúmes.

O resultado de raiva e ciúmes não poderia ser diferente.

— O que eles diziam? — minha mãe quis saber.

— Sobre mim, e como eu tinha entrado em um time. — menti. — Acho que era um pouco de inveja.

Minha mãe me olhou, desconfiada. Ela não tinha acreditado nisso, mas o diretor começou a falar antes dela:

BROKEN HEARTOnde histórias criam vida. Descubra agora