Capítulo 6

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O pai da Ju nos deixou em frente do local da festa ás 19h015. Era uma casa enorme, na zona sul de São Paulo, arquitetura moderna, dois andares, e consegui contar dois carros na garagem.

Torci o nariz, mais um dos riquinhos que se muda para a nossa escola e se acha o dono do mundo. Tinha coisas mais importantes do que estar ali, mas seguiremos em frente.

Entrei. Assustei. Tinham quatro pessoas espalhadas pelo conjunto de sofás e poltronas da sala. Quatro!

Mateus, Clara, e dois meninos não conhecidos. Ju agiu normalmente quando olhei para ela buscando alguma explicação. Não era uma super festa, com bebida, pegação e mais um milhão de coisas. Era uma reunião, bem pequena até.

Sentei do lado de um menino que se identificou como Gustavo. Tinha cabelo moreno cacheado e um pouco de barba.

Quando olhei para Clara, levei um susto. Ela estava radiante, e muito confortável conversando com o David (descobri o nome dele depois). Nunca a vi assim com alguém em 3 anos de amizade, nem mesmo com o (eca) Carlos. Dei um leve sorriso.

Queimei não só a língua mas a boca inteira.

Saímos de lá 23h, quase obrigados pelos nossos pais.

Comi o suficiente para uma semana, jogamos uns 5 jogos de tabuleiro e mais 2 no vídeo game. Teve uma hora que sentamos em roda na mesa da cozinha e contamos sonhos secretos, experiências e falamos mal de famosos. Foi tão... não tenho nem descrição para esse sentimento.

Aquelas pessoas eram maravilhosas.
David era o dono da casa, o filho do dono na verdade. E ele não era nem um pouco mesquinho. Super tranquilo e simples. Tinha hobbies bem caseiros. Se irritava raramente, só quando tinha certeza de sua opinião e era contrariado.

Eu conhecia o Mateus desde ano passado, mas éramos só colegas de sala. Não fazia ideia de que ele toca bateria. Joga no time de futsal do prédio dele e é fã de carteirinha dos Beatles e canta muito mal.

Gusta era o mais agitado de lá, colocou pilha para a gente jogar vídeo game e depois irmos para a piscina, o que não deu certo, graças a Deus. O melhor eram suas piadas e tiradas com a Ju, quebrando toda sua postura de perfeita.

A nossa reunião tinha acabado a menos de uma hora e já estava morrendo de saudade. Aqueles seres humanos mais improváveis acabaram de transformar meu começo ano.
Mal posso esperar segunda para o primeiro dia de aula com meu amigos.

Novos, mas já tão importantes. Espero que não acabe quebrando a cara com essas amizades. Se decepcionar com o outro é algo tão frustrante na vida da gente.

Feliz Ano NovoOnde histórias criam vida. Descubra agora