- Sou, sou sim! Entrei hoje...
- Ah, você é aquela menina que entrou depois né? Porque abriram a vaga...
- É, exatamente - soltei, meio impaciente daquela conversa de "entrar depois e não ser boa o suficiente".
- O que foi? Ah... Não, não fique assim. Desculpa se soou meio desprezível. Eu gosto das pessoas que não são as primeiras colocadas, elas são mais normais, menos perfeitas demais.
- Hum... Infelizmente é só você pelo visto.
- Como assim?
Pensei falar nas belas boas vindas que a Mônica me deu, mas percebi que estaria falando de meus problemas ridículos para um garoto que eu nem sabia o nome.
- Ah, é só olhar por aí, existe classificação em tudo, primeiro lugar para tudo. Futebol, provas, concursos, eleições, miss um-milhão-de-coisas, aprovação na faculdade. Tudo precisa, ou pelo menos parece que precisa de um ranking top 10. É assim que as pessoas vivem...
- Estranho, parece que eu não sou uma pessoa então... - e riu
Retribui com um sorriso de canto, meio sem graça. Senti meu rosto corar, igual ao dele.Me dei conta de que já haviam passado sete minutos e o meu horário de pegar o metrô estava chegando.
Me despedi com um seco "Tenho que ir" e sai correndo. Ele riu mais um pouco, mas um riso quase de compadecimento com a minha situação.
* * *
Saí do banho e liguei o computador. Segunda era o dia de entregar o trabalho de História, precisaria fazer a pesquisa ainda hoje, e me encontrar à tarde com Matheus, amanhã - na quinta. Afinal, na sexta eu teria meu segundo treino, não poderia faltar por causa da escola.Enquanto esperava o Google pesquisar sobre "história+da+construção+do+coliseu+e+imagens". Mandei uma mensagem para o meu parceiro:
Eu: Oii
Eu: Você pode ficar amanhã na escola para a gente montar a maquete?
Eu: É o único dia que posso, e o trabalho já é pra segunda néComunicado enviado, de volta ás buscas. Abri umas três abas de alguns sites confiáveis (ou nem tanto). Olho o celular e nada. Começo a ler os textos. Nada de resposta. Termino a leitura e abro o Word. Nem sinal. Acabo a conclusão e vou colocar a fonte de pesquisa. O celular apita:
Mateus: OK. vamos fazer a partir das 14h então
Pronto, era essa a resposta. Estava me sentindo quando o professor faz sorteio da dupla de trabalho e você tem que conversar com o garoto estranho que senta na parede e nunca trocou uma palavra, e são obrigados a se comunicar pelo WhatsApp. Se existe pior situação que essa, eu desconheço.
E era assim que estava sendo, mas não com o garoto estranho da parede. Era meu amigo, senão o melhor. Estava muito confusa, e chateada com essa atitude.
Por um instante me correu a cabeça que talvez Mateus gostasse de mim. Logo ri. Não estou e nunca estive com a bola toda para achar que um menino gostasse de mim, principalmente o Mateus, que já viu o suficiente de mim para "desencantar". Principalmente depois daquelas peladas, toda suada. Acho que até eu, se me visse, sentiria nojo.
Enfim enviei minha parte do trabalho para o email do Mateus e fui dormir.
Foi estranho, a ultima imagem que me veio a cabeça foi um rosto que tinha visto poucas horas antes, no Centro de Treinamento.
Adormeci.
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Feliz Ano Novo
RomanceEssa história começa numa virada de ano novo, e Aurora nem imagina os conflitos, desafios e descobertas que esperam por ela e suas meninas, Clara e Juliana. Relacionamentos, escola e família são alguns dos temas abordados com amor e (muito) drama po...