Capítulo 12

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Quarta seria o nosso primeiro treino como time. Estava extasiada. Na segunda a tarde saí com a Clara, David e Mateus. Fomos ao Mc Donalds. Teoricamente não poderia comer aquilo, agora era uma atleta séria, mas com certeza eu não abriria mão de uma boa quantia de calorias. Estávamos num país livre.

David e Clara eram um casal de respeito, eles se gostavam, mas sem aquele exagero, sem agarrações e babas, eles sabiam do que gostavam, e tinham consciência de que o mundo não precisaria saber de tudo. Mateus estava meio estranho, muito feliz por tudo, mas meio calado, depois tentaria conversar com ele.

Uma hora depois Clara e David se despediram, tinham combinado de ir ao cinema com o primo dele. Nem questionei o fato da família dele morar um outro estado.
Na saída, quando eles estavam entrando no carro do Uber, dei uma olhadinha e vi um selinho discreto, Clara ficou sem graça. David deu um sorrisinho e entrou depois dela. Eu amava aqueles dois.

Mateus riu deles e eu acompanhei, imagino que seja meio estranho para ele ter o amigo namorando. Estava meio cansada disso também, de sempre tentar adivinhar no que ele estava pensando, no que ele sentia. Me deixava nervosa, e muito incomodada.

- Mateus, vem cá. Você acha que eu tenho cara de que, por que burra eu não sou. Todo quieto, rindo baixo. Você pode, por favor, me explicar o que está acontecendo com aí? Por que eu já cansei de tentar ler a sua mente. Não estou pedindo que você pareça um bobo alegre o tempo todo, só quero entender o que passa nessa sua cabeça. Poxa, será que é pedir demais?

Falei, quase atropelando as palavras.

- Calma garota, não está acontecendo nada. Eu acho é que você deveria cuidar menos da vida dos outros e cuidar mais da sua, até por que, se não é por aquela menina que saiu, você não estaria dentro do time. Então se preocupe mais com você. Valeu pela preocupação. Fui...

Tudo ficou barulhento do nada. Ele pegou a jaqueta dele e saiu em passos rápidos, quase correndo. Fiquei olhando para o nada. Assustada. Quase ignorei o que eu escutei, mas o Mateus jogou na minha cara de que eu não era capaz.

Olhei para traz e ele continuava andando, rumo ao nada, agora na calçada. Sem olhar para traz.

Meu coração ficou apertado. Meus olhos ficaram embaçados. Levantei e também saí dali.

Minha cabeça dizia para eu não me preocupar com aquilo, era uma crise do menino. Talvez ele até estivesse certo. Tenho que me preocupar com os treinos agora.

Mas, por algum motivo, meu coração dizia outra coisa.

Feliz Ano NovoOnde histórias criam vida. Descubra agora