Rio de Janeiro, 17 de dezembro de 1836
Quando o sol raiar
"Quando o sol decidir raiar aí poderemos ser livres, descobertos e incessantes, nos amaremos sem parar, sem meias palavras, apenas o coração falará, você é o meu raio de sol, a beleza que alumia a minha escuridão."
Pois é, quem imaginaria que dentro de você estavam guardadas as palavras que o seu coração queria me dizer o tempo todo mas não era possível, te amo para sempre meu amor, eu estou esperando pelo dia em que os portões estarão abertos e poderei dizer que você é meu. - Ao meu amor.
Para começar, tia Carla, isso nunca poderá sair daqui, este é assunto que cabe apenas ao meu amor mas como os dias se passam e me sinto cada vez mais atormentada. Preciso desabafar com alguém, e decidi que esse alguém, só poderia ser você, isso está me agoniando. Necessito desesperadamente me refugiar em alguém para contar sobre minhas lamúrias e externar a dor na alma.
Essa citação acima, a primeira estrofe desta então minha carta é a estrofe final da carta que meu amor escreveu para mim, a última coisa que ele me disse. Só queria que voltássemos a dançar toda noite, caindo de rir e conversando sobre as estrelas, ele me chamaria de meu amor, e eu diria que ele é louco e então ele me diria que era louco por mim, era assim que ele dizia que me amava, eu demorei a entender mas então entendi, mundo louco, perverte as qualidades e amplia as fraquezas, nos tornamos inseguros e de repente, nos tornamos presas dos que tem mais carrasco.
Tia, até hoje me pergunto o porquê que dentre todas as pessoas, dentre todos os olhares que eram direcionados para ele, o mesmo escolheu a mim para fazer se sentir tão especial, não sei o que viu em mim, sei que tenho minhas qualidades mas tenho tantos defeitos, nós combinávamos tão bem, a minha escuridão combina com a dele e as minhas palavras o fazem sorrir, o perfume dele me faz sentir que eu nunca acharia o par perfeito, o meu molde em qualquer outro lugar, década, país ou tempo.