Capítulo 5 - Violão.

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Ryan finalmente havia acreditado em mim e independente de todo o medo que eu ainda sentia, eu iria fazer cada momento ao lado dele valer a pena.

Eu não sabia bem se cantando a nossa música ele iria me perdoar, mas foi bom saber que mesmo depois de meses juntos, pelo menos nessa realidade, o que ele sentia por mim ainda era verdadeiro.

Ezequiel disse que o Ryan estava aqui por minha causa, ele decidiu descer, ele decidiu me ver, ele fez tudo isso mesmo sabendo que não se lembraria do motivo pelo o qual desceu, mas ele quis fazer isso para me ver bem, então ... o mínimo que eu poderia fazer era deixar com que ele descansasse em paz.

Naquele mesmo dia a noite, depois do expediente, Ryan me levou para caminhar por Nova York.

Foi uma noite mágica e estava tudo lindo.

Passamos pela a Times Square, que estava lotada, por sinal.
Comemos nas barraquinhas de Cachorro Quente, rimos muito quando ele deixou todo o molho cair em sua camiseta.

Meus olhos brilhavam enquanto eu o olhava, sem dúvidas ele era o homem da minha vida.

Não tocamos no nome de Luke em nenhum momento da noite, até porque não queríamos entregar aquele momento.

O frio começava a ficar mais intenso, mas isso não impediu com que a gente continuasse nosso passeio.

Depois de dar varias e varias voltas, paramos perto a ponte do Brooklin, onde o Ryan havia morrido.

Meu semblante mudou, eu fiquei triste e isso foi nítido. Ryan que estava dirigindo, retirou o cinto de segurança e olhou pra mim preocupado.

- Dove, está se sentindo bem?
- Por quê você decidiu vir até aqui?
- Não sei ... tenho uma ligação forte com esse lugar, não sei o motivo. Já tem alguns dias que quero vir aqui.
- De dois dias pra cá?
- Sim! Como você sabe?!
- Não, por nada!

A resposta de Ryan só me fez lembrar de que seu tempo estava acabando e ele sentir essa ligação com o local da sua morte, me fazia ter certeza que o que estava acontecendo era tudo real.

Eu levei minhas mãos até o seu rosto e retirei os seus óculos, dando um sorriso entre os dentes.

- Hey, você sabe que eu não enxergo sem isso.
- Eu sei ... mas, eu queria olhar bem o seu rosto.

Ele olhou pra cima como se fosse virar os olhos e deu um grande sorriso.

- Desse jeito?!
- Para de ser besta.

Eu dei um tapa em seu braço, enquanto nós dois ríamos e ele voltava a me olhar normalmente.

- Vai continuar me encarando? Dove.
- Eu só quero lembrar de cada detalhe.
- Você fala como se não fosse me ver mais.
- A gente nunca sabe, não é?!
- Nossa, Dove! Nem brinca com isso. Eu vou continuar aqui com você, eu nunca vou te abandonar.
- Eu sei ... mas, eu quero que você descanse.
- Mas, eu nem estou cansado!
- Eu sei, Ryan. Mas, é sério ... escute bem, eu quero mesmo que você descanse. Você pode me prometer isso?
- Bom ...
- Ryan! Você pode me prometer isso?

Ele estranhou o modo com que eu falava e até mesmo como encostei em suas mãos, enquanto fazia o meu pedido olhando em seus olhos, mas ele balançou a cabeça e concordou.

- Sim! Eu prometo que vou descansar.

Era doloroso pra mim ouvir isso dele, mas era necessário, pois eu precisava deixá-lo ir depois do dia 25.

Então me aproximei dele e selei nossos lábios, enquanto segurava seu rosto.

Fui me afastando lentamente e me encostando no banco, enquanto continuava olhando pra ele.

. um conto de natal . // make you stay Onde histórias criam vida. Descubra agora