Enquanto isso, do outro lado da cidade...
Em seu pequeno apartamento, na cidade de Busan, Hwasa vestia seu tradicional uniforme escolar composto por meias sete oitavos pretas, saia e blusa azul e laranja. Na sua mochila, além do material necessário para às duas primeiras aulas, estava também a sua roupa para a apresentação n'A Colheita.
Horas mais tarde, no centro de Seul.
A Praça Central estava cheia em todos os cantos. Atrás do palco principal, as pessoas se preparavam para suas apresentações. Em um festival dessas proporções, menos que isto não era esperado!
Ao lado do palco uma fila enorme de adolescentes se formava para pegar o crachá que liberava o acesso aos bastidores. Os funcionários da grande empresa contratada para organização do evento conferiam as inscrições e liberavam a entrada gradualmente. Lá dentro, havia um camarim enorme que era compartilhado por centenas de jovens que queriam uma oportunidade de realizar seus sonhos. Sobre o palco, o apresentador principal explicava a programação deste ano que mudara pouco (ou nada) desde a última edição. Hwasa parou admirada com tanta gente, tanto som e cor. Era maior que ela imaginara. Avistou de longe a fila para os bastidores e deu seu jeito de chegar até lá.
Já na fila, ela arrumou a mochila em suas costas. Ao fundo ouviam-se fogos que se misturavam com a voz do apresentador e com os gritos extasiados das pessoas. A morena tirou do bolso das calças jeans (que caíra muito bem em seu corpo) um pequeno papel. E desdobrou-o cuidadosamente. Pegou no bolsinho de sua mochila o documento de identificação. Estava se preparando para quando chegasse sua vez. E não demorou para acontecer. Em poucos minutos ela era uma das centenas de pessoas se arrumando freneticamente nos fundos do palco, no improvisado camarim cheio de assistentes que ajudavam com cabelo, maquiagem e figurino. Uma das meninas veio até ela e ofereceu ajuda, e meia hora depois ela estava saltitante com o resultado.
Uma mulher alta, de terno fino e muito bonita apareceu e avisou-lhes simpaticamente que estavam abertas as apresentações. E logo uma fila enorme começara a se formar. O dia seria longo e divertido.
Todos os homens, mulheres, adolescentes e crianças ali presentes se apresentariam. Um logo após o outro. O público podia votar através de um aplicativo e todos se divertiam, seja como artista ou como jurado. As comidas deliciosas nas barraquinhas levantavam um cheiro maravilhoso deixando a atmosfera do ambiente ainda mais agradável.
No escritório da RBW...
Não muito longe dali, Moonbyul dava início a uma reunião importantíssima convocada por ela mesma. Estava em pé na ponta da mesa quando os acionistas começaram a chegar. Após todos se sentarem ao redor da enorme mesa de inox preto, ela ligou o monitor que estava atrás dela. Observou cada um deles e sorriu simpática antes de começar.
— Boa tarde, senhoras e senhores. Convoquei esta reunião hoje para informar que algumas coisas vão mudar por aqui. A principal delas é que agora, temos recrutas, caça-talentos, olheiros ou como quiserem chamar — houve um pequeno burburinho. Ela pigarreou trazendo a atenção de volta para si. — Atrapalho algo? Tem algo que queiram compartilhar?
— Não senhora! — ouviu-se em uníssono. A insatisfação em seu rosto era visível. E no rosto dos acionistas também. Moonbyul odiava ser interrompida.
— Muito bem! Espero não precisar parar novamente! — revirou os olhos levemente, apertou algo no controle que apontava para o monitor e prosseguiu. — Como eu ia dizendo, nossa empresa está com um número muito baixo de artistas, considerando que metade deles estão há anos como trainee sem nos conceder resultados, se é que me entendem! O meu foco aqui é cortar gastos, a nossa margem de lucro e capital, tanto reserva quanto o de giro estão baixíssimos. Eu mal tirei essa empresa da falência em dois anos e já estamos caminhando para ela de novo, precisamos de resultados positivos!
A sala toda ouvia com atenção. Vez ou outra ela trocava o ‘slide’ que mostrava dados sobre o que ela dizia e entendia mais que a maioria dos presentes.
— A minha ideia é estipular um prazo de seis á dezoito meses para que os trainees debutem. Durante o período de audiência farei parte dos jurados com duas pessoas de minha confiança e escolhidas por mim. Os trainees que não nos derem lucros serão dispensados. Teremos audiências a cada três meses e as regras se aplicarão em todas as vinte e quatro filiais — ela andou algumas vezes de um lado para o outro e parou de frente para a mesa apoiando suas mãos sobre ela. — E é exatamente por isso que vocês estão aqui hoje. Como representantes de cada filial e sócios minoritários, espero que fiquem a par da nova política, tal como, espero ser que me apoiem.
A sala permaneceu em silêncio por alguns minutos. Ela deu uma risadinha. Mudou novamente o ‘slide’ no monitor e prosseguiu.
— A partir de hoje aceitaremos toda e qualquer pessoa acima dos 16 anos — uma confusão começou e ela lançou seu olhar de reprovação.
— Isso é um absurdo! — gritou revoltado um senhor ao fundo da sala. — Quando seu pai estava na presidência coisas dessa categoria não acontecia, é nisso que dá por tanto poder nas mãos de uma mulher. Isso não é trabalho para vocês! — aplausos e murmúrios positivos tomaram a sala.
Moonbyul rangeu os dentes e apertou forte a mão que se fecharam em punho. Ela respirou fundo e bateu na mesa cessando a confusão e voltando a atenção de todos para si.
— Silêncio! Aqui não é a merda da casa de vocês, tenham respeito! Sou dona de 65% desta empresa e se isso incomoda alguém aqui, peço que me venda sua parte e se retire. Ninguém é obrigado a ficar. E lave a boca para falar do meu pai. Agora, se ninguém tem mais intervenções, continuarei esta reunião sem mais interrupções. Obrigada — sorriu cínica.
— Como eu ia dizendo, o mercado anda muito exigente e ter um diferencial é extremamente importante para sermos destaque. A partir de hoje, a Rainbow Bridge World enviará olheiros para o festival d'A Colheita. Quanto mais oportunidades dermos, mais lucros teremos! E mais sonhos realizaremos, afinal: o nosso lema é “transformando sonhos em realidade” e toda essa baboseira humanitária que vocês conhecem bem!
Durante o restante da reunião não se ouviu mais nada a não ser a voz da mulher que explicava detalhe por detalhe da nova política da empresa. Quando foi aberta a votação poucos foram os que se dispuseram a contrariá-la; ao voltar para sua sala, ela ordenou que os recrutadores saíssem para a colheita e assim eles fizeram.
Moonbyul dirigiu-se ao bar na sua sala e encheu um copo com Bourbon mais uma vez. Estalou seu pescoço na tentativa de aliviar a tensão e o estresse que aquela reunião houveram lhe causado. Estava chateada com o acionista misógino, mas já havia enfrentados outros como aquele antes. Chamou sua secretária e ordenou que cancelasse todos os compromissos restantes em sua agenda. Ela precisava de descanso. Terminou de beber seu uísque e largou o copo sobre a mesa. Pegou a carteira na sua bolsa que estava no sofá desde que ela havia chegado e colocou no bolso das calças. Saiu da sala e olhou com a mesma cara de desdém de sempre para a secretária (que ela achava inútil, mas que não demitia, pois, achava divertido o desespero da coitada).
— Kim, avise ao Daeshim que estou descendo.
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Between Us || Hwabyul
FanfictionA Rainbow Bridge World é uma empresa de caça-talentos que começou na cidade de Seul, Coréia do Sul e hoje possui filiais espalhadas por 24 países do mundo. Anualmente, a empresa envia seus recrutas ao festival de talentos da primavera em busca de jo...