Garota problema

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— Inacreditável! — retorquiu Hwasa a Solar, que estava tão desesperada quanto ela.

A morena respirou fundo fitando o chão nervosa evitando se irritar com as provocações de Wheein — as quais ela achava no mínimo inadequadas.

O tempo passou voando. Ela seria a apresentação principal da casa hoje. Respirou. Fechou os olhos. Tomou coragem. Se concentrou no que realmente sabia realizar com maestria: dançar. Estava chegando ao refrão da música que escolheram para ela.

Hwasa entrou no palco e deixou-se levar pelo ritmo. Seu corpo envolveu-se tão perfeitamente com as batidas que ela esquecera por um momento onde estava. Ela rebolou sensualmente exibindo seu corpo pouco coberto pela ‘lingerie’. Andou mais para frente onde os homens excitados jogavam dinheiro para ela e ajoelhou. Puxou um deles pela gravata e o provou. Virou-se e quicou de costas algumas vezes. Um dos clientes enfiou algumas notas em sua calcinha e ela se levantou.

Respirou profundamente mentalizando que aquilo acabaria logo. Finalizou a dança diminuindo o ritmo de seu corpo em sintonia com a música. Ela pôde ver Solar assistindo do bar. No sofá a sua frente Wheein se agarrava com uma mulher. Possivelmente uma cliente. Ela não ligou muito, até perceber que a conhecia. Aquele rosto… Ela saiu pelos fundos do palco calmamente. Outra música houvera começado.

Hwasa parou no que seria um camarim improvisado e vestiu um roupão de cetim preto. Encostou na penteadeira e processou tudo aquilo. Como Moonbyul podia ser tão descarada? A vontade dela era ir lá agora mesmo e realizar um escândalo. Acabar com toda aquela palhaçada e voltar para sua casa. A medida que pensava na mulher, lembrou da cena que acabara de ver: Wheein em seu colo beijando-a. Ela sentia raiva. Raiva das duas, raiva por ser vítima daquilo. Raiva de tudo.

Ela parou por uns instantes encarando a porta do camarim antes de sair e caminhar até elas. Cutucou o ombro de Wheein que fez ligeira cara de desaprovação quando viu quem era. Moonbyul arregalou os olhou e apertou o copo de bebida que segurava em uma das mãos. Pela sua expressão de espanto, Hwasa não era a única a ser pega pela surpresa.

— Saia — ordenou Moonbyul para Wheein enquanto encarava Hwasa incrédula. A mulher revirou os olhos, frustrada e obedeceu.

Moonbyul se levantou, se aproximou o suficiente para falar e não ser silenciada pela música e ordenou que Hwasa a seguisse para o escritório. Elas subiram pela escada de caracol ao lado do palco, entraram na sala e Moonbyul trancou a porta.

— Em que posso ajudar? — disse Moonbyul inexpressiva enquanto se sentava em sua cadeira. — Fique a vontade. Sente-se! — Conduziu um gesto e apontou a cadeira a sua frente.

Hwasa estava incrédula. Não podia acreditam no quanto aquela maldita era descarada!

— Então é isso? Como você consegue dormir a noite? — cruzou os braços.

— Com a cama que tenho, é impossível não ter no mínimo uma excelente noite de sono. Durmo muito bem, obrigada por perguntar! — bebeu o resto do líquido em seu copo e depositou-o sobre a mesa.

— Inacreditável! Você tem noção do estrago que faz na vida dessas garotas? Como você não sente remorso? Você destruiu os meus sonhos! Eu costumava te admirar…

— E parou porquê? — retrucou Moonbyul.

— Como você tem a pachorra de me fazer uma pergunta dessa? Você me mandou para um CASA DE PROSTITUIÇÃO! Eu não venderei o meu corpo para te enriquecer. Eu jamais vou me deitar com esses homens nojentos, você é uma filha da puta escrota!

Moonbyul riu. Se levantou e andou até Hwasa. Parou de frente para ela e sorriu debochada. Hwasa fechou as mãos em punho e travou a mandíbula encarando a platinada. Seu coração acelerou tanto que ela pensou por um instante antes de avançar contra aquela mulher e matá-la ali mesmo. Moonbyul encarou ela. Olhou fixamente em seus olhos por uns instantes e sorriu.

— Sua… — rangeu Hwasa entredentes, mas foi interrompida quando Moonbyul puxou-a pela cintura e começou um beijo.

A morena empurrou bruscamente Moonbyul interrompendo-a. Ela fora pega de surpresa. Estava estática com tudo aquilo. Sem pensar duas vezes deferiu um tapa tão forte no rosto de Moonbyul que o mesmo ficou vermelho e com as marcas dos dedos. Hwasa se afastou e pensou que aquilo talvez pudesse ter terminado de outro jeito. Fechou a mão em punho e deu alguns passos para trás. Moonbyul incrédula e com a mão no lugar que havia levado o tapa olhou para Hwasa e sorriu sem humor.

— Você só pode ter perdido a porra do seu juízo, garota! Você pensa ser quem? Uh? Aqui você não passa de uma prostituta mesquinha como todas as outras! — esbravejou. Hwasa engoliu seco. Seus olhos arregalados, coração acelerado e pele corada expunham, sem pudor, seu arrependimento.

Hwasa tentou sair da sala, mas foi impedida pela porta que estava trancada.

— Maldita! Ela pegou a chave! — pensou.

— Onde você pensa que vai? Eu ainda não terminei. Quer saber porquê eu te escolhi? Além de ter um corpo lindo e uma bela bunda — mordeu os lábios. — Eu não sei… Você me atraiu. Agora você é minha e fará o que eu quiser!

Moonbyul andou até Hwasa e a pressionou contra a porta. Passou as mãos por seu corpo. Hwasa não sabia motivo —, ou estava negando a si mesma —, mas aquilo causava arrepios e excitação nela. Ela fechou os olhos e fez cara de nojo repreendendo a atitude da patroa e cuspiu em seu rosto.

— Você não é digna de tudo que tem, não passa de uma filha da puta nojenta que quer foder com todo mundo! Não encosta mais em mim! E me dê a droga da chave ou juro que te mato agora mesmo!

Moonbyul que já havia se afastado para limpar seu rosto, jogou as chaves para ela e riu cínica. Estranhamente aquilo havia excitado ela. Mulheres poderosas excitavam ela. Ela adorava um desafio. Observou calmamente a morena sair furiosa da sala antes de ir ao pequeno bar servir-se de mais Bourbon. Voltou para sua mesa e ligou para Hunter, ordenou que ele subisse imediatamente. Passou algumas coisas para ele, entregou uma pasta com alguns papéis dentro e sorriu.

— Certifique-se de que ela sofra mais do que as outras! — continuou inexpressiva, mas por dentro sentia-se triunfante.

[…]

Tomando mais um gole do seu copo de Bourbon e olhando pela grande parede de vidro que dava visão completa da ‘boate’, ela observou faltar pouco para amanhecer. Olhou as horas e era quase cinco da manhã. Os clientes começaram a se dispersar e ela aproveitou para ir embora também!

Between Us || HwabyulOnde histórias criam vida. Descubra agora