Moonbyul movimentou a cabeça negativamente, seu semblante fechou-se, e um olhar raivoso tomou conta de sua face. Ela caminhou até sua mesa e passou a mão sobre o vidro jogando tudo que havia naquela superfície ao chão. A tela de seu notebook, trincou ao atingir o solo. O telefone caíra para frente da mesa, e havia papéis por todo lado, pastas e canetas. A mulher passou a mão no rosto impaciente e levou seus dedos às têmporas, massageando-as para se acalmar. Inspirou pesadamente, caminhou até a porta expirando devagar, e puxou a maçaneta metálica.
— Kim? — chamou, tentando parecer calma.
— Sim, senhora? Em que posso ajudar? — respondeu imediatamente à mulher de pequeno porte.
— Cancelando tudo que eu tiver para hoje! Sairei, e não voltarei hoje. Por favor, anote qualquer recado e me notifique amanhã, não quero ser incomodada. Remarque os compromissos para a parte da tarde — ordenou, e saiu sem esperar resposta.
Moonbyul desceu e entrou em seu Lamborghini vermelho que já estava a sua espera na porta da empresa. Kim não era uma completa inútil, afinal. A empresária deu partida no veículo e acelerou rumo ao ‘Le Coffee’, uma cafeteria e livraria cujos donos eram franceses e norte-americanos. Lugar cujo qual ela adorava ir desde criança, e agora, também ia às vezes para trabalhar. Estacionou o lustroso veículo em frente a luxosa faixada de mármore marrom e dourado da sofisticada cafeteria que ficava a esquina da Rodeo Street com a Fashion Street, duas movimentadas ruas de Seul, localizadas a algumas quadras do centro. Moonbyul aspirou o aroma delicioso de café que fugia as grossas paredes da cafeteria e logo revivera uma memória de sua infância, quando ia àquele local com sua família. Lembrou-se de seu pai sorrindo e dela subindo a escada correndo, as imagens sumiram e outra lembrança tomou sua mente: o momento em que sua irmã mais nova, já com dois ou três anos subia os poucos degraus engatinhando e rindo de Moonbyul, que corria atrás dela. Lembrou-se vagamente de que um dia tivera uma família grande e feliz, e de como todos faziam tamanha falta para ela. Seus olhos cinzentos se lacrimejaram, e uma voz ao fundo a fizera sair de seus profundos devaneios.
— Senhorita? — chamou o manobrista mais uma vez, observando que a mulher estava perdida em seus pensamentos.
— Ah! Sim. Me desculpe. Aqui — entregou-o a chave do carro. — Não quero nem um arranhão sequer, nem seu salário de um ano paga a manutenção desse carro.
O garoto loiro e magricelo balançou a cabeça positivamente seguidas vezes e entrou no veículo. Moonbyul saiu posuda em direção aos degraus e subiu dois ou três deles até chegar a grande porta-giratória de madeira marrom-escuro e vidro, com barras de aço banhado a ouro. Com a mão esquerda no bolso de sua calça social bordô, empurrou a porta com gentileza usando a mão direita, e num girar de portas estava em um de seus lugares preferidos no mundo. Desfilou até o balcão, e sentou-se em um dos banquinhos estofados em couro marrom com detalhes dourados. Uma moça de cabelo roxo e corte curto, e moderno entregou-lhe um cardápio. Moonbyul podia jurar que conhecia aquele ‘menu’ de cor. Abriu a pequena caderneta de couro marrom e pontinhas em aço dourado, no canto inferior o nome "Le Coffee" em relevo. Seu ‘design’ interior era sofisticado, as folhas grossas envolvidas em um plástico grosso e transparente, cuja suavidade era notável ao toque. O cheiro de café exalava sem interrupções pelo ar, trazendo uma mistura de satisfação e nostalgia a platinada.
Moonbyul folheou até a página de cafés especiais. Sabia que seu favorito estava ali. Desceu o dedo sobre o plástico que cobria a caderneta até o número oito, e depois seguiu a linha pontilhada até os tamanhos. Escolheu o médio. Seguiu mais um pouco o dedo sobre a linha pontilhada e encontrou o valor. Sorriu satisfeita. A garota de cabelos roxos voltou sorridente, e simpática para retirar o pedido.
— Já escolheu? — perguntou erguendo um pequeno bloco de notas, cheio de adesivos coloridos sobre o couro marrom da capa. Tirou do bolso de seu avental uma caneta colorida com uma grande rosa na ponta de cima.
— Sim, — respondeu moonbyul, indiferente. — Quero um oito, médio, sem açúcar. Com bastante leite de amêndoas, por favor.
— Okay. Sai em cinco minutos! Beberá aqui ou levará? — retorquiu terminando a anotação.
— Beberei aqui. Tem alguma mesa vazia em que eu possa me sentar? Não quero atrapalhar ficando no balcão — disparou antes que a garçonete saísse.
— Ah! Sim. Aquela ali! — apontou para uma mesa pequena no fundo, ao lado esquerdo do estabelecimento.
O local era grande e bem iluminado. Nas mesas de canto haviam pequenos sofás de couro, a mesa estilo retrô, de madeira lisa e marrom em cima e nos pés, com as bordas douradas. Moonbyul caminhou até o local. Seu salto fino estalava sob o chão de madeira. Ela se sentou elegantemente na mesa indicada. Cruzou as pernas gentilmente e encostou um dos braços sobre o topo do pequeno sofá; o outro sobre a mesa. Seu olhar direcionou-se a janela e fitou o nada, sua mente navegou novamente no turbilhão de pensamentos que tiravam sua paz. A luz baixa do sol atravessava as persianas marrom e refletiam sobre as mesas e chão do local.
— Aqui está! — disse o garçom, deixando o café sobre a mesa.
— Obrigada! — agradeceu. Levou o copo a seus lábios carnosos e rosados, deixando o líquido escorrer. Suspirou apreciando o delicioso sabor misturado a nostalgia que tudo ali trazia. Os olhos fechados apreciando profundamente. Inalou o aroma de novo e abriu os olhos depositando o copo sobre a mesa. Em sua frente, uma senhora estava parada, em pé, sorrindo e olhando para ela docemente. A senhora estava com um vestido surrado cor-de-rosa-claro, com rosas desbotadas estampadas sobre o tecido fino. Sobre seu ombro estava um pano de prato branco, com detalhes bordados em marrom e dourado. A pele rugosa denunciavam a idade e a experiência da senhora. Moonbyul sorriu, como não fazia há muito tempo ao vê-la. Agora sua tarde nostálgica estava quase completa.
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Between Us || Hwabyul
FanfictionA Rainbow Bridge World é uma empresa de caça-talentos que começou na cidade de Seul, Coréia do Sul e hoje possui filiais espalhadas por 24 países do mundo. Anualmente, a empresa envia seus recrutas ao festival de talentos da primavera em busca de jo...