Senti sua falta.

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(Nicole)

– Eu tenho que ir – digo me levantando do chão e deixando Doc para trás.
– Como assim ir? Ir para onde? Você vai realmente sair no meio da sua festa de boas vindas? – disse o rapaz que com passos rápidos tentava me alcançar enquanto íamos em direção à sala de estar.
– Eu vou pra casa Holliday! – parei respirando fundo e me direcionando ao meu amigo – Eu não posso deixar que as coisas virem uma merda de novo!
– Aí está o plot twist ruiva, as coisas já são uma merda! Não é algo que você possa evitar.
– Eu posso evitar que piorem!
     Me viro dando de cara com um rapaz negro que estava atrás de mim:
     – Dolls... – digo soltando o ar.
     – Haught! Por que me parece que você está prestes a ir embora?
     – Porque é isso mesmo que essa doida está fazendo – disse Doc.
     Saio do meio dos dois bufando e tirando algum casaco aleatório do gancho ao lado da porta, já que estava frio e a Waverly ainda estava com a minha jaqueta.
     – Por que? Nicole pra onde você pretende ir? – disse Dolls se pondo na frente da porta. – Pra sua casa? – ele me olha com certa revolta, que se transforma em preocupação assim que não lhe respondi.
      Dolls era meu melhor amigo, é meio difícil esconder as coisas dele, ainda mais quando ele me olha desse jeito. Senti a necessidade de mirar minha visão ao chão, enquanto mantinha uma respiração pesada.
     – Nicole? – disse o rapaz em frente à porta –  O que aconteceu?
     – O que você acha gênio? – respondeu Doc de trás de mim, se inclinando pra sussurrar algo para Dolls – Waverly!
     – Você vai embora da sua festa por causa dela? É sério isso? – disse Dolls.
     – Vai embora? Como assim? Por causa de quem Nicole? – agora foi a vez de Wynonna se aproximar.
     – A mãe dela! – respondeu Dolls – A mãe dela não para de ligar, e ela está achando melhor ir pra casa...
     – Se não fosse pela sua mãe, eu com certeza te espancaria por ir embora quando eu fiz toda essa viadagem de festa pra você! – disse a morena se aproximando e me dando um abraço apertado – Mas eu entendo, e estou feliz que esteja de volta!
     – Eu também estou – disse apertando minha amiga em meus braços. Odiava mentir para Wynonna, mas eu seria incapaz de falar disso com ela.
     Assim que o abraço se encerrou, Dolls pousou sua mão em meu ombro me fazendo olhar para ele:
     – Vem, eu te levo pra casa, suas malas ainda estão no meu carro. – disse pegando seu casaco e tirando a chave do bolso.
     Me despedi brevemente das pessoas na festa, sendo parada assim que eu corpo se põe a atravessar a porta por uma voz vinda do alto da escada.
      – Você já vai? – perguntou a garota no segundo andar.
       – Já Waves – digo sem olhar para trás – tenha uma boa noite...
      – Pera, eu ainda estou com a sua jaqueta você não...
     – Não Waverly, eu estou bem – digo fechando a porta, mas me sentindo horrível instantaneamente, e abrindo a porta novamente pondo somente minha cabeça para dentro da casa – Quer saber? Pode ficar com ela, só para eu ter uma garantia de que você não vai sair fazendo cosplay de picolé por aí.
       Caminhei até o carro de Dolls, já prevendo a chuva de perguntas que viriam a seguir. Mas não foram tantas, Dolls já havia imaginado que algo do gênero podia ter acontecido quando eu e Waves nos demos por sumidas na festa.
– Você vai ficar bem? – perguntou o moreno quando o carro parou na frente da minha casa.
– Uhum
– Nicole você sabe...
– Eu sei, qualquer coisa eu te ligo, e sim vou te mandar mensagem quando chegar no meu quarto, feliz? – digo pegando minha mochila no banco de trás.
– Não até essa mensagem... – disse ele saindo do carro e me ajudando com as malas no porta-malas.
– Eu cuido disso, até mais Dolls
– Se cuida ruiva
– Você também
Dolls entrou no carro e só foi embora depois de me ver entrar em casa, eram em torno de 00:30 quando entrei naquele lugar pela primeira vez em oito meses.
– Você voltou – disse uma voz grave e exausta do outro lado da sala.
– Sim pai, eu voltei – falei com um sorriso desconfortável no rosto.
– Senti sua falta, que bom que o senhor te resguardou nessa volta...
– A agora ele se importa? – digo entre risos – engraçado porque se não me engano da última vez você me disse que eu não era digna do amor desse seu álibi para extorsão!
– Nicole por favor estou falando com você normalmente, não pode deixar isso de lado por um minutos?
– Ah, como você e a Ave Maria no andar de cima fizeram comigo durante oito meses?
– Só queremos o melhor pra você meu amor...
– Não pai, vocês querem o melhor pra reputação de santos de vocês! E eu estou muito cansada da viagem, então se você puder me deixar ir descansar eu agradeço!
– É talvez seja melhor mesmo, boa noite.
             Subi as escadas com passos fortes, meu sangue fervia, meus olhos lacrimejavam e minhas mãos estavam suadas.
             Cheguei ao meu quarto me jogando na cama, como eu odiava esse lugar, como eu odiava ser a filha do pastor, como eu odiava ser eu, cada mísero detalhe de mim. Coisas das quais eu nem ao menos posso fugir.

(Waverly)

Nicole Haugh, por que seu lábios não foram estranhados pelos meus? Por que o frio que senti na minha barriga me trouxe um dejavú? Se já senti isso, se já me perdi assim por alguém, como eu poderia ter esquecido?
Minha mente está tão confusa, mas agora nessa confusão eu sei que cada centímetro do meu corpo deseja o dela, e as coisas sempre foram assim, eu sempre fui apaixonada pela filha do pastor.
Eu sempre quis me perder em seus braços, explorar seus lábios que me faziam desconhecer meu próprio chão.
Eu sempre quis respostas, e talvez a maior delas estivesse aqui o tempo todo, e talvez eu só tenha notado quando ela não esteve mais.
Como eu queria entender, como eu queria saber porque me parece que tem algo que não sei, não que eu queira saber de tudo, mas só quero saber do todo, um todo que me afasta do meu querer.

All Of Me. (Wayhaught)Onde histórias criam vida. Descubra agora