V.

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No dia seguinte acordei mais tarde do que o costume. Liguei o telemóvel e vi as horas, já eram14h40.

Desci as escadas e em cima da mesa da cozinha vi um recado que, pela caligrafia quase perfeita e as letras aleatoriamente separadas, percebi que foi escrito pela minha avó e dinheiro ao lado dele.

"Bea tive de ir a casa de uma amiga e não te quis acordar. Não fiz almoço e se também não quiseres fazer, deixei-te dinheiro em cima da mesa. Beijos querida, vemo-nos à tarde." li no bilhete.

Abri o frigorífico e olhei durante um bocado para o que lá estava, pensando seriamente se me apetecia cozinhar a esta hora.

Mas já eram quase 15h e eu não estava com paciência por isso decidi ir comer alguma coisa a um café qualquer.

...

Demorei ainda um bocado a encontrar um café decente porque já não me lembrava bem de São Francisco, mas passado uns bons 10 minutos encontrei-o.

Abri a porta e, para meu espanto estavam algumas pessoas sentadas mas só uma pessoa a ser atendida. Um rapaz alto e loiro que estava inclinado sobre o balcão a conversar com a empregada, separados pelo balcão.

-Se quiseres podemos repetir querida.- o rapaz disse à rapariga. Ele não estava a fazer um pedido, apenas a falar com a empregada.

-Luke, por favor, sai.- ela disse-lhe, já farta dele. "O nome dele pelos vistos é Luke" pensei.

-Não foi isso que disseste ontem à noite bebé.- o rapaz, Luke, piscou-lhe um olho e chegou-se para mais perto dela, mas ela nem se mexeu.

Eu já estava a olhar para eles há muito tempo e já estava farta. Eu sei que sou um pouco mais pequena que o normal, não tenho a altura de uma modela, mas esperava que durante o tempo em que eles falavam um com outro, pudessem ver que eu estava ali, à espera para ser atendida.

Mas não notaram, nem iam notar por isso decidi tossir, alto o suficiente para eles notarem que eu estava ali.

-Sim?- Luke não saiu do sítio, apenas virou a cabeça. Eu ainda nem tinha falado e ele já estava farto de mim.

-Quero fazer o meu pedido.- disse para a empregada.

-Pequena, nós estamos no meio de uma conversa.- fiquei logo fula com ele. Odeia que tirem partido da minha altura dela para gozarem comigo, porque eu nem sou muito baixa, simplesmente não sou muito alta.

-Vais pedir alguma coisa, não pois não? Então sai porque, não sei se reparaste, mas esta é a fila para pedir.- cruzei os braços.

-Credo miúda acalma-te um pouco, pronto eu deixo-te passar.- Luke arredou-se, dando espaço para eu passar.

-Contente?- Luke perguntou, encostado ao balcão, do meu lado.

-Muito.- respondi, sem olhar sequer para ele.

-Credo, o que é que te fizeram?- Luke murmurou mas eu consegui ouvir perfeitamente. Tentei de tudo para não começar a gritar com ele ali no meio do café e não causar um escândalo desnecessário em público.

Apenas suspirei e lá fiz o meu pedido.

-Queria um-

-Querias? Já não queres?- Luke riu-se da própria piada. Eu já não estava com paciência para o Luke ou para comer sequer, mas lá o ignorei e continuei a falar.

-Era uma torrada e um sumo de laranja.- eu já não estava mesmo com vontade de comer nada mas tinha de comer algo porque senão já sabia que à noite me ia sentir mal.

-Estás de ramadão ou quê? Dá-lhe um copo de shot e uma garrafa de vodka que tenhas aí.- Luke apontou para o armário mas a empregada, que eu reparei que se chamava Ana, nem se mexeu, à espera da minha resposta.

Asleep || luke hemmings a.u. [PARADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora