Vidinha de Balada - Parte 1

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Depois de um plantão de 18 horas (que deveriam ser 12, mas nunca conseguia sair no horário) você pode pensar que tudo o que alguém quer é uma boa noite de sono. Mas, na maioria das vezes, um pouquinho de diversão é mais urgente... Jade, então, se arruma no vestiário do hospital e vai para um pub próximo de casa. Chega, vai até o bar, pega um coquetel de frutas vermelhas e senta-se em um dos puffs, enquanto ouve "Solteiro não trai", do Gustavo Mioto. Em uma mesinha no canto, observa três rapazes e uma moça. Um bastante alto, meio desengonçado, cabelos um pouco compridos. Outro era o mais baixinho, com um topete levemente engraçado, abraçando a única moça da mesa pelo ombro, pareciam ser um casal. O último estava de costas... era meio cheinho, estatura média, não dava pra ver mais detalhes. Jade nem percebe que está olhando quase como uma psicopata para o grupo, até o mais baixinho olhar diretamente pra ela e fazer algum sinal para o que estava de costas (homens definitivamente não sabem ser discretos hahaha), ela logo desvia o olhar. Pouco tempo depois, volta a observar. Algo naqueles quatro havia chamado sua atenção... percebe que o rapaz que estava de costas mudou de posição, e que agora estava bem de frente pra ela. Antes que pudesse analisar melhor o rapaz, ele vira o rosto em sua direção, fazendo-a, por alguma razão, desviar o olhar imediatamente. Era estranho, porque se tinha algo que Jade gostava de fazer era de "azarar os boy"* (*é o mesmo que paquerar, ficar naquela troca de olhares). Ao conferir de canto de olho, nota que todos estavam dando umas "viradinhas" para olhar em sua direção. Um pouco desconfortável, devolve o copo ao bar e percebe que precisa ir ao banheiro. Era uma pena que o grupinho que não tirava o olho dela estivesse ao lado da porta. Meio marrentinha como é, ergue a cabeça e segue em direção ao banheiro. Por fora, parecia que estava numa passarela. Por dentro, ela preferia sair correndo do que estar nessa situação. Escondeu a timidez ao máximo, para evitar que seu rosto corasse igual a um tomate maduro. Foi difícil, mas ela conseguiu. Estava na hora de voltar... se aproxima da porta, mas ouve algumas vozes e aguarda alguns segundos antes de sair. Apesar da música muito alta, as criaturas estavam berrando. Escuta a seguinte frase: "Espera ela sair do banheiro e chega nela". Não dava pra saber qual dos três rapazes havia falado aquilo. Mas aí aparece a voz feminina. Ela diz: "Será que vocês não viram que a moça ficou desconfortável? Vocês ficaram olhando pra ela o tempo todo! Se controlem, só quem passa por isso sabe o quanto é constrangedor. Se ela quiser algo, ela vai dar algum sinal, não chegue nela assim do nada!". Jade então resolve sair do banheiro. Caminha rapidamente até o bar e pede outro coquetel. Fica sentada nos banquinhos do próprio bar mesmo.

Cômico MiocárdioOnde histórias criam vida. Descubra agora