2 - Primeiro Beijo

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Na última vez em que Sai falou com Ino, ela dissera que queria terminar o relacionamento e deu a mesma lista de motivos de sempre. Esperava que, como de costume, ela o procurasse em poucos dias, porém o comportamento da loira estava estranho. Fica o evitando, desviava o caminho quando o via, muitas vezes estava acompanhada do ex-Akatsuki Deidara.

Uma situação diferente pedia uma medida diferente. Seus olhos atentos percorriam as prateleiras da livraria em busca de respostas, quando finalmente achou algo que parecia ser útil.

— Vou levar esse! — Sai acenou com o livro para o senhor no balcão. — "Você, ela e o outro. Como lidar com um relacionamento a três". Parece bem esclarecedor.

O homem estava acostumado com as excentricidades de Sai, mesmo assim ficou chocado ao ver o título do livro. Esperou que ele se aproximasse do balcão para pagar enquanto teorizava uma série de coisas erradas sobre a situação.

— Está com problemas com mulheres rapaz? Vou te arrumar algo melhor. — O senhor caminhou pelos corredores em busca de algo que julgava ser mais adequado e voltou com um livro de capa duvidosa — Aqui! Leve esse. "Como lidar com mulheres difíceis".

Sai que não tem muita noção em como lidar com pessoas, aceitou a indicação sem contestar e saiu para estudar o material. Tratava-se de uma lista de dicas passo a passo para manipulação e conquista. Como não era muito extenso, em poucas horas já havia terminado e pode seguir para a floricultura Yamanaka colocar o que aprendeu em prática.

— Olá, Ino. — Sorriu para ela.

— Ah... Oi. Eu estou trabalhando, não posso conversa agora. — Ela ainda sentia-se desconfortável na presença dele, já que mesmo após o término ele continuava agindo como se nada tivesse mudado. — Desculpe.

— Tudo bem. Não vim conversar. Eu queria sua ajuda como profissional, pois é a melhor florista que conheço. — Ensinamento 1 do livro: demonstre desinteresse em ter uma relação pessoal, mas busque enaltecer suas qualidades profissionais. Isso vai desestabilizá-la

— Sério? Obrigada. — Ela corou tanto pelo elogio, quanto pela vergonha de ter tentado fazê-lo sair — Para que precisa de flores?

— Não são pra mim na verdade. O Naruto é que precisa de um arranjo para presentear o Kakashi. Usagi está fazendo aniversário hoje. — Ensinamento 14: Suas conversas devem levar indiretamente a assuntos do interesse dela. Se ela for do tipo maternal fale de crianças, por exemplo.

— Que legal isso. O Naruto podia ter me pedido diretamente, mas ele deve estar ocupado. — Ino esqueceu-se por um momento de que não queria muita proximidade com o ex-namorado e se deixou levar pela conversa. — Desde que o Sasuke deixou a vila que ele não é mais o mesmo. Só vive trabalhando.

— É verdade. Sasuke era tudo pra ele. Agora que foi embora talvez nunca mais consiga ser feliz. Os amigos estão casando e tendo filhos, mas ele só consegue pensar no que deixou escapar. — Ensinamento 29: Fale sobre coisas tristes de relacionamentos amorosos que deram errado por falha de alguém que não se esforçou o bastante ou similar. Isso vai preparar sua presa para a próxima etapa.

As palavras fizeram-na lembrar de Sakura morando com o namorado, grávida. Ainda era muito jovem, mas sempre foi muito romântica, queria casar logo e formar uma família. Agora só conseguia pensar que estava ficando para trás.

— Eu tenho que ir agora. Já pensou nas flores? — Sorriu novamente. Ensinamento 30: Agora que ela está pensando em perdas, diga que tem de ir embora para que associe essa emoção a sua partida.

— Ah... Desculpa. Eu esqueci. Só um minuto. — Virou-se para pegar alguns botões e logo montou um arranjo. — Aqui. Por favor, diga para o Naruto vir pessoalmente da próxima vez, estou com saudade.

— Está bem. — Se retirou para dar o tempo necessário antes do seu próximo passo.

Uma terrível sensação de angústia tomou Ino e ela passou o restante do dia amuada, pensando em todas as coisas com que sonhava ter, mas que pareciam tão distantes: um marido verdadeiramente apaixonado, crianças correndo pela casa, a possibilidade de se dedicar mais ao trabalho como florista.

Somente ao final da tarde trancou a loja para ir descansar e, no intuito de espantar aquela tristeza, seguiu em direção da praça principal onde gostava de caminhar após o trabalho e ver os casais mais velhos aproveitando o tempo juntos. Quando se é ninja as chances formar uma família, de ver os filhos crescerem, envelhecer ao lado do parceiro eram muito menores do que para pessoas normais, daí o costume de casar jovem e ter filhos logo.

Após algum tempo, sentou-se em seu banquinho de madeira preferido e apreciou a paisagem distraída. Ia abrir um livro e talvez ficasse lá por uma ou duas horas mais, quando se assustou com algo caindo ao seu lado. Era um pequeno pássaro que do lugar onde aterrissou foi para seu colo.

— Poderia te dar uma flor, mas esgotei as que sabia fazer — Deidara surgiu por detrás do ombro da moça. — Você precisa me dar mais aulas, isso expandiu minha capacidade artística. Até o Danna vai ficar impressionado.

— Também gosto desses passarinhos que você faz. — Não estava sentindo-se bem para conversar, mas gostava da companhia do outro. — O que faz pela praça a essa hora?

— Plantei minas terrestres e estou esperando as pessoas começarem a pisar. — Ele riu ao ver a cara de espanto da outra. — Brincadeira. — Ergueu as mãos em um gesto de paz. — O Shikamaru prometeu que se eu me comportasse me liberaria do sermão de hoje e me diria onde te encontrar.

— Você queria me ver? Sabe que pode passar na floricultura se quiser aprender novas flores, não é? — Ela desviou o olhar, acanhada.

— O Danna falou que eu espantaria os clientes, por causa da coisa de ex-Akatsuki. E eu não queria te ver só pelas flores. — Modelou mais um punhado de argila que formou um coração. — Acho que garotas legais como você gostam dessas coisas.

O sentimento que vinha incomodando a Yamanaka foi sendo substituído por uma euforia gostosa. O loiro a fazia sentir-se especial com muito pouco, era o contrário do que sentia ao lado do Sai.

Resolveu tomar a iniciativa. Aproximou o rosto lentamente, até que ele percebeu e também se moveu para que suas bocas se encontrassem. Suave e muito carinhoso como Ino gostava nesses momentos românticos, era o primeiro beijo deles e o coração acelerado de ambos parecia dizer que não seria o ultimo.

Infelizmente tiveram que se separar contra a vontade. Não por falta de ar, mas porque Deidara estava mentindo sobre ter sido liberado do sermão e os AMBUS vieram levá-lo.

Enquanto era praticamente arrastado do local, ficou olhando com cara de bobo para a loira, que não sabia se ria, brigava ou ficava boba também. No final ela apenas sorriu ansiosa para o próximo encontro.

Família Yamanaka - MenmaNGOnde histórias criam vida. Descubra agora