O primeiro encontro.

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As estrelas brilhavam acima de sua cabeça. Já fazia tempo em que pedalava na sua bicicleta, porém aquilo não era o suficiente para o fazer desistir, estava disposto a continuar e cumprir com seu objetivo.

Nunca tinha ido para tão distante, já havia até mesmo saído da cidade. Poderia dizer que estava perdido, se não soubesse tão bem para onde estava indo. Em casa havia olhado tantas vezes no mapa que cada ponto daquela rota estava completamente claro em sua mente.

Planejava ir até o antigo observatório. Mesmo ele já não sendo utilizado a anos, Jeongguk sempre teve interesse em entrar lá, observar como era por dentro. Seus olhos brilhavam em expectativa, criando diversas hipóteses dentro de sua criativa mente de como poderia ser ali dentro. Uma das coisas que tanto amava era astronomia, e pensar que em pouco tempo entraria em contato com esse hobbie já fazia um sorriso nascer em seus lábios.

Contudo, nem tudo era maravilhas. Sempre que falava com seus pais que iria para tal local, eles faziam um escândalo. Coisas como "É muito distante", "Está abandonado" e "Pode ter bichos perigosos lá" eram berrados em meio a discussão, mas se tem algo que Jeon nunca ligou era para estes falhos argumentos. Porém, se tinha um que, bem lá no fundo conseguia o assustar, era quando seus pais falavam que podia ter algum psicopata se escondendo lá.

Oras, aquela ideia era tão absurda! Um psicopata ali. Uma ideia extremamente idiota. Em sua cidade mal havia crimes, quem dirá um criminoso de tal potencial escondido. Porém, aquilo despertava um frio em sua barriga. Até mesmo as hipóteses mais absurdas, quando proferidas por sua mãe, acabavam o amedrontado. Poxa, até quando não havia nuvem nenhuma no céu, se ela dissesse que era para levar um guarda-chuva, acabava chovendo. Ele costumava a dizer que ela rogava maldições.

Já estava ficando ofegante graças ao esforço que fazia. Conseguia ver um pouco mais a distância o observatório, coisa que o alegrou ainda mais. Ah, já estava tão ansioso!

A cada metro em que se aproximava seu coração batia mais forte em seu peito, poderia até mesmo comprar com a bateria de uma escola de samba; estava alto, forte e só conseguia excitar ainda mais o moreno.

O vento bagunçava seus fios castanhos, contudo parecia mais como um singelo carinho. Riu com aquele pensamento. O vento o acariciava.

Viu a pequena estradinha a direita e entrou nela. Pedalou por mais alguns minutos e finalmente chegou. Era uma construção imensa, extremamente alta. Branca, com uma abertura na redoma circular. Algumas plantas cresciam apoiadas no edifício, mostrando que já havia tempos em que o local estava abandonado. Ah, ele tremia de excitação, suas pupilas dilataram e suas mãos passaram a suar.

Mesmo que para boa parte das pessoas este tipo de programa possa parecer absurdamente chato, para Jeon era completamente maravilhoso. Sonhara com aquilo durante tanto tempo e, agora, estava a passos de realizar. A sensação de concluir um dos seus sonhos era extremamente boa e satisfatória.

Desceu da bicicleta, a deixando apoiada na construção. Poder a encarar de perto ela uma das melhores sentimentos que já teve. Seu pescoço doía um pouco, devido ao esforço que era olhar para o topo. O cheiro da floresta que estava ao seu redor era forte, uma mistura da fragrância de diversas plantas. Também era escutado o barulho das cigarras cantando, junto do som das folhas se mexendo com o vento.

Circundou o edifício, procurando a porta. Quando finalmente a achou, reparou que era prata, feita de metal. Parecia ser pesada e, ironicamente, não tinha nenhuma planta nela. Deu de ombros, tentando abrir, tendo a surpresa em ver que estava destrancada. Não esperava que fosse ser tão fácil. Agradeceu mentalmente por isso, seria triste ter chegado até ali para ser impedido por uma mísera porta trancada.

Seu coração estava a mil, tinha um leve incômodo em seu estômago e sentia seu corpo trêmulo. Mesmo assim, com todo este nervosismo, seguiu adiante e, com a lanterna de seu celular na mão, adentrou no edifício.

Ao contrário do que esperava, ali dentro não estava repleto de poeira — coisa que sua rinite alérgica agradeceu —, e também não fedia a mofo. Na verdade, tinha o cheiro um doce e agradável, que lembrava a flor de Magnólia. Estava escuro, mas ele facilmente viu escadas. Uma bem longa, na lateral, encostada na parede. Feita de metal, aparentemente segura.

Começou a subir de maneira bem devagar. Mesmo estando sozinho no observatório, evitava fazer barulho, sabe-se lá o por quê. Talvez fosse sua mania de, sempre que ia na cozinha de madrugada, fazer o mínimo barulho para não acordar os pais. Ou talvez fosse medo de ter algum animal selvagem na construção e seu barulho acabar o alertando.

Conforme subia, ficava mais claro. Talvez fosse seus olhos acostumando-se a escuridão, ou talvez fosse o fato de estar chegando perto da redoma, que estava aberta.

Desligou a lanterna, guardando o celular no bolso da sua tão desgastada calça jeans. Pelo menos assim teria bateria o suficiente para voltar para casa escutando música. Comemorou internamente e voltou a subir os degraus, ainda tentando ser silencioso.

Abriu um sorriso quando reparou que ficava mais iluminado a cada degrau. Estava próximo. Muito próximo. A claridade das estrelas já era suficiente para iluminar, mesmo que porcamente, ali. Estava a poucos degraus de realizar seu sonho, e não conseguia sentir-se mais excitado.

Assim que subiu o último degrau, o primeiro pensamento que veio à mente foi "uau". Soltou um baixo ofego, que escapou sem o seu consentimento. Queria poder dizer que teve pensamentos super filosóficos, ou até mesmo algo ligado a astronomia, porém ele estava chocado na verdade com o tamanho do telescópio. Céus, ele era gigante! Dava de mil a zero naquele que possuía perto da janela de seu quarto.

Animado olhou ao redor, analisando cada cantinho do lugar. E seus olhos fixaram-se em algo. Ele não gostou disso. Ele paralisou.

Bem na abertura, tinha algo que parecia uma varandinha. Talvez fosse uma varandinha. Ela possuía grades de metal ao seu redor, talvez para evitar a queda de alguém que passasse por ali.

Sentado na grade daquela varandinha — como Jeongguk gostou de denominar — tinha uma pessoa. Uma pessoa bonita. A pessoa que o paralisou.

Ali estava alguém que brilhava mais que as estrelas lá no céu.

Mein Mond  .•°[Jikook]°•.Onde histórias criam vida. Descubra agora