Como um ornitorrinco.

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O natal se aproximava, e com isso a cidade inteira se animava. Piscas-piscas para todos os lados, jovens comemorando suas férias e os adultos alegres pelos recessos. Todos gastando mais dinheiro que possuíam, apenas para dar presentes para parentes que sequer gostam. Algumas pessoas se revoltando com a pessoa que tiraram no amigo oculto, e comprando o presente em promoção.

E, é claro, tinha aquelas famílias atípicas, que não se reuniam em família, que não ceiavam as meia-noite e que todos usavam pijamas. Também tinha algumas, raríssimas, que tratavam a noite da véspera de natal como um dia comum. Afinal, não eram cristãs e sequer queriam dar dinheiro ao capitalismo.

Já a família de Jeongguk, mesmo não sendo os maiores exemplos de cristãos, seguiam quase todos os ideias de um natal "mágico". O moreno já se preparava mentalmente para ver seus primos, que passariam a noite inteira implicando consigo, por ser o mais novo da família. Veria seus tios fazendo disputas de piadas sem-graça e discutindo sobre futebol, enquanto sua mãe, junto de suas tias e avó, ficavam na cozinha discutindo sobre os acontecimentos do último capítulo da novela.

Mas, quem ele se sentia realmente ansioso para encontrar, era seu avô. O velhinho simpático, sempre bem-humorado, tendo os assuntos mais interessantes. Ele sempre se mantinha em seu canto, em sua cadeira de balanço, assobiando as músicas antigas que saiam da caixinha de som. Às vezes até tamborilava com os dedos, sempre em seu canto, em seu espaço. E o Jeon mais novo sempre ia para perto conversar com ele, e juntos passavam horas se entretendo, até a hora da ceia. Às vezes alguém chegava perto, berrando, tentando irritar o senhor, que apenas se fingia de maluco e começava a assobiar, como se conversasse com a pessoa na língua dos passarinhos. E justamente por causa de seu avô que Jeongguk se encontrava tão ansioso para aquele natal. A saúde do velhinho estava um tanto frágil, o que fazia o moreno querer aproveitar cada pequeno momento ao seu lado.

E sentado na mesa de jantar com seus pais, faltando apenas alguns dias para a tal data comemorativa, o assunto se tornou "presentes" .

– E aí filho, já sabe o que vai pedir? – Perguntou o senhor Jeon, ansioso para saber qual seria o pedido maluco do filho.

Em cada ano o mais novo pedia as coisas mais estranhas possíveis. Em um ano ele pediu um aquário e um peixe de mentira. A sua desculpa era que queria ter um peixinho, mas que não queria sentir a dor de perdê-lo algum dia. Desde então, na sala de casa tinha um pequeno aquário bem decorado com um falso peixinho dentro. No outro ano, ele pediu várias tampinhas de pasta de dente – a justificativa do adolescente era que ele queria construir um castelo com aquelas tampinhas.

Era sempre assim, e mesmo com pedidos completamente diferentes, os pais sempre atendiam. Era divertido ajudar seu único filho naquelas "maluquices", e nunca era nada realmente caro.

– Eu ainda não pensei direito sobre. – Comentou o mais novo do recinto.

– Bem, então pense direitinho. É semana que vem, precisa se decidir logo. – Comentou a mãe, sem realmente estar preocupada com o assunto.

Na realidade, o moreno não tinha nada em mente que estivesse querendo. Não fazia ideia do que pedir, e esperava que durante a semana viesse alguma luz em sua mente.

[...]

Já era sábado de noite, e o Jeon mais novo já tinha saído escondido para ir ao observatório. Era engraçado, grande parte dos adolescentes da sua idade escapavam durante a noite para beber, transar ou qualquer coisa do gênero, mas ele fugia apenas para visitar um loirinho no observatório.

E, como sempre, se pôs a pedalar. Estava um tanto incomodado com a bicicleta, ela estava rangendo, e o assento já estava tão desgastado que rasgava. O pneu já estava um tanto careca, e ela era de quando ele era mais novo, o que significa que era um tanto pequena. Mas aquilo não chegava nem perto de estragar sua noite, então com um singelo sorriso no rosto, ia em direção a antiga construção, escutando sua tão adorada playlist.

Mein Mond  .•°[Jikook]°•.Onde histórias criam vida. Descubra agora