🌼Epílogo🌼

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1 ano após a minha partida, o meu pai faleceu.
E eu fui ao seu velório, mesmo que ninguém tenha me visto e eu só pude me despedir dele quando todos já tinham ido embora do cemitério. E sua morte doeu como mil infernos, porque eu não pude ter a minha última conversa com ele, eu não pude me despedir enquanto ele ainda estava em vida, mas não me arrependo de ter ido embora, porque eu salvei o meu filho e tê-lo tirado seria uma coisa da qual eu nunca me perdoaria por ter permitido ser feito.

Entretanto, nos três anos posteriores, eu não coloquei meus pés em Edinópolis, e permaneço morando em Bela Santa. Assim que fiz 18 anos, consegui um emprego e não precisei mais nem que Camille nem a mãe dela me ajudassem com as despesas da casa.

- Onde vamos, mamãe? - Bernardo pergunta pela milésima vez enquanto o visto.

- Ver o papai, meu amor. Eu já te disse isso. - murmuro e ele ergue seus olhos do brinquedo em sua mão para meu rosto.

- O da foto? - repete outra pergunta e eu respiro fundo.

- Sim. O da foto. Você ficou lindo. - mudo de assunto e o dou um beijo em sua bochecha quando termino de o vestir. Ele ri exibindo suas covinhas. Tudo nele me lembra Jasper: sua pele de porcelana, seu sorriso, seu cabelo e, principalmente, seus olhos azuis. Ele não se parece em nada comigo, mas em cada pequeno traço ele se parece com o pai.

Jasper sai amanhã da cadeia, dizem que por bom comportamento eles diminuíram sua pena.
Eu não sei se ele quer me ver. Mas temos um filho juntos, e eu ainda o amo com uma intensidade gritante, e eu irei vê-lo de qualquer modo. Eu nunca mais o vi desde o dia seguinte em que ele foi preso, mas espero que ele ainda me ame também.

Meu salário como secretária da prefeitura da cidade é muito bom e me faz viver tranquila com Bernardo, em e com boa comida (comprada por conta própria), e esse salário me permitiu alugar por algum tempo uma casa em Edinópolis, na qual irei ficar enquanto estiver lá. É lógico que Camille ofereceu sua casa para eu ficar, mas eu não aceitei.

Pego as malas no chão do quarto e me dirijo à sala abrindo a porta com Bernardo praticamente agarrado às minhas pernas.
Mas, quando abro a porta, uma figura do passado está tapando a minha passagem.

Ela conserva sua mão no ar, como se estivesse prestes a bater na porta quando eu a abri. Os olhos arregalados, a boca levemente escancarada.

- Mamãe... - a palavra simplesmente flui da minha boca.

- Liese... Ah, Liese. - ela simplesmente se joga em meus braços e eu continuo sem reação. - Precisamos conversar, minha filha. - ela se afasta secando as lágrimas que escapavam de seus olhos e eu respiro fundo.

- Não temos nada que conversar. - afirmo com a voz ácida e ela nega com a cabeça.

- Temos, sim. Você sabe que temos. Muitas coisas ficaram soltas quando você foi embora. - ela murmura e eu respiro fundo novamente. - Apenas alguns minutos. Por favor, Liese. O que eu tenho a lhe dizer é muito importante.

- Bê... Vá para o quarto. - digo me virando para o garoto colado à mim.

- Não vamos mais ver o papai, mamãe? - ele pergunta e seus olhinhos perdem o brilho.

- Vamos meu amor, vamos sim, mas daqui a pouco. - digo sorrindo e vejo a esperança voltar à sua face.

- Este... Este é o meu neto? - Morgana pergunta e se abaixa para pegar Bê no colo.

- Este é o meu filho, mas não seu neto. - murmuro, mas nenhum dos dois parece ouvir. Morgana permanecia olhando quase que hipnotizada para Bernardo e ele, olha fascinado para o brinco cheio de pedrarias da minha mãe.

O Direito De AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora