Três meses se passaram desde o dia em que tudo começou e imensa coisa mudou neste curto espaço de tempo.
A minha mãe insiste para que eu acabe o 12• ano, mas de que me vão valer os estudos? Vou morrer sem os conseguir usar.
-Harry, já estamos atrasados despacha-te! -gritou a minha mãe do andar debaixo.
-Sim, já vou mãe. -gritei de volta enquanto desligava a aparelhagem e vestia o meu casaco preto, descendo em seguida as escadas para encontrar a minha mãe toda apressada à porta de casa.
-Entra no carro. -ela disse e eu obedeci.
Depois de cerca de 10 minutos de viagem aqui estava eu, outra vez, neste sítio que tanto odeio.
Os tratamentos ainda não começaram mas a minha mãe insiste que preciso de alguém com quem falar e como não tenho muitos amigos, aqui estou eu à espera que chegue a hora de mais uma das consultas com o psicólogo.
-Harry, pode entrar, a Doutora Jackman já está à sua espera. -disse uma das senhoras vestidas de branco, elas são clones umas das outras, é impossível distingui-las.
Levantei-me e dirigi-me ao mesmo consultório de sempre onde uma mulher baixa e de cabelos loiros me esperava sentada na sua cadeira branca.
-Olá Harry. -disse ela com um daqueles sorrisos detestáveis enquanto eu me sentei.
-Olá. -murmurei em resposta.
-Como te sentes? -perguntou ela tentando decifrar a minha feição, que suponho que seja mais límpida que uma folha de papel.
-Frustado. -cuspi.
-Porque? -perguntou enquanto rabiscava algo no seu habitual caderno preto.
-Não consigo lidar com isto tudo, não é fácil. -resmunguei
-Podes explicar-te melhor? -Ela pediu.
-Não me consigo expressar, tenho tudo preso na minha cabeça e isto dá comigo em doido. -respondi.
-Isso é normal, Harry. -ela disse sorrindo -Mas tenho algo que te pode ajudar.
Mal proferiu estas palavras levantou-se e moveu as suas curtas pernas até ao enorme armário de portas brancas procurando algo.
-Aqui está. -ela disse dando-me um caderno de capa preta para as mãos.
-O que é suposto eu fazer com isto?-perguntei um pouco confuso.
-Escrever. Quero que relates o teu dia-a-dia, as tuas experiências, o que sentes, apenas escreve. Vais certamente sentir-te melhor.
Encarei-a com um olhar confuso, pois relatar os meus sentimentos não me parecia propriamente uma boa ideia, mas se me vai sentir melhor acho que posso tentar.
-Bom Harry, por hoje é tudo. Podes ir para casa. -ela disse fechando o seu caderno preto.
-Oh, ok, obrigado. -respondi levantando-me rapidamente da cadeira preta super desconfortável.
-Até para a semana, Harry. -ela disse estendo a sua pequena e suave mão para que eu a apertasse em sinal de despedida.
De volta à sala de espera encontrei a minha mãe a falar com uma das mulheres vestidas de branco. Movi lentamente os meus pés para perto delas encostando a minha cabeça no ombro da minha mãe quando as alcancei.
-Já acabou a sessão de hoje, amor? -a minha mãe perguntou afagando os meus caracóis cor de chocolate.
-Sim. -sussurrei. -Podemos ir embora? -pedi.
Não obtive resposta mas logo a minha mãe se despediu da senhora de branco e nos guiou para o carro preto estacionado no enorme parque do hospital.
-Os teus tratamentos começam dentro de dois meses, Harry. -a minha mãe disse já dentro do carro.
-Está bem. -respondi encostando a minha cabeça ao vidro embaciado devido ao contraste das nossas respirações quentes com a temperatura gelada habitual dos invernos londrinos.
O hospital já se tornou a minha segunda casa, temo que em breve se torne na primeira.
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Sxx
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•Bloodstream• ||H.S||
FanfictionA vida muda num simples piscar de olhos, e isso foi o que aconteceu com Harry, um adolescente de 18 anos que tem de apreender a ver o que o rodeia com outros olhos devido à volta de 360 graus que a sua vida deu. Quanto tempo irá Harry ter de lutar e...