Está escuro. E frio. A minha cabeça lateja e as minhas pernas tremem como varas deixadas ao vento.
Estou confuso e não sei o que fazer.
O cheiro a fumo paira no ar.
Caminho lentamente sobre a fina camada de neve que cobre as ruas.
Um grito estridente fez-se soar. Olhei em redor, confuso, na tentativa de perceber de onde aquele som ensurdecedor vinha.
Mais gritos se ouviram, fazendo-me mover as pernas mais rápido passando de um passo lento para uma corrida apressada.
Senti a minha pele a ser arranhada á medida que avançava. Algo embateu com a minha face e aí percebi onde me encontrava: numa densa floresta.
A sensação de estar a ser perseguido fez-me correr ainda mais rápido.
Um, dois, três gritos. Queria olhar para trás e tentar perceber de onde vinham mas o medo de ser apanhado apoderou-se de mim fazendo-me correr mais rápido do que alguma vez pensei ser capaz.
Poucos minutos depois a minha respiração começou a falhar, a garganta ficou seca e os meus pulmões já doíam.
Segundos depois a minha visão embaciou. Esfreguei os olhos tentando respirar e perceber o que estava a acontecer, mas nada parecia melhorar.
Os meus olhos doíam, já não conseguia abri-los. De olhos fechados, tentei guiar-me pela vegetação densa. Tentei fazer as minhas pernas moverem-se mais rápido mas elas não queriam obedecer e pareciam começar a falhar.
Lágrimas escorriam pela minha face. A respiração acelerava cada vez mais e as pernas ficavam cada vez mais pesadas, tornando a minha fuga difícil.
Outro grito. Estava a ser alcançado, eu sentia isso. Os gritos estavam cada vez mais próximos. A minha pele já não suportava os arranhões feitos pelos esguios ramos das árvores.
Já não conseguia mais, era impossível, os meus músculos já não aguentavam um único movimento.
Os ramos partidos fizeram-me tropeçar. Levantei-me. Voltei a cair. Levantei-me de novo.
As lágrimas corriam com mais fluência tornando a minha visão cada vez mais turva.
Os meus músculos falharam mais uma vez fazendo com que o meu corpo embatesse com força no chão coberto pela fina camada branca.
Arrastei-me até tocar com as costas num dos grossos e ásperos troncos das imensas árvores que me rodeavam, encolhi os joelhos agarrando-os junto ao peito.
Poisei a cabeça nos joelhos e fechei os olhos em desespero.
Os gritos estão cada vez mais próximos e apenas consigo soluçar com mais frequência e encolher-me, tentando desesperadamente abafar os sons estridentes que fazem a minha cabeça latejar.
Um ultimo grito fez-se ouvir bem junto ao meu ouvido esquerdo.
Perdi a corrida, quem quer que seja que me persegue acabou de me apanhar.
Abri os olhos assustado. Lágrimas escorriam pela minha face. A minha testa está soada e os lençóis brancos da enorme cama de casal amarrotados. Continua escuro e ainda sinto os cortes feitos pelos ramos em todo o meu corpo.
Tateei na mesinha de cabeceira de modo a encontrar o candeeiro e acabar com a escuridão que tanto me atormenta.
Corri as mãos pelos meus braços tentando encontrar vestígios das marcas feitas durante a corrida que acabei por perder, mas não encontrei nada, a minha pele pálida continua como me lembro, sem arranhões.
Tudo não passou de mais um pesadelo sem sentido, onde não existem pessoas, ninguém fala, apenas eu e os meus medos.
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Sxx
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•Bloodstream• ||H.S||
FanfictionA vida muda num simples piscar de olhos, e isso foi o que aconteceu com Harry, um adolescente de 18 anos que tem de apreender a ver o que o rodeia com outros olhos devido à volta de 360 graus que a sua vida deu. Quanto tempo irá Harry ter de lutar e...