VII

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"Promessas, promessas, promessas. Para quê fazê-las se não as tencionámos cumprir?

Esta é uma das inúmeras perguntas que quero fazer à minha mãe e irmã mas o medo não me permite.

Há quatro meses atrás, no dia em que a minha vida mudou, fizemos uma promessa: "Tratar o Harry como se ele continuasse a ser uma pessoa normal.", devo dizer que nos primeiros tempos resultou mas atualmente nada está certo.

A minha mãe vive na minha sombra. Não me lembro da ultima vez que saiu ou jantou com amigas, algo que antes desta maldita doença acontecia regularmente.

Nada está no seu lugar e o que mais temia está a acontecer, lenta e dolorosamente.

Pena, medo, pena, pena, pena, medo, medo. Sinceramente não sei qual dos dois sentimentos pesa mais na minha vida."

Fechei o caderno preto atirando-o para o chão.

A frustração e o medo apoderam-se de mim a cada minuto que passa. Raiva cresce no meu peito e sinto a enorme necessidade de a libertar.

Desci a enorme escadaria movendo o meu corpo, cada vez mais magro, em direção ao alpendre.

Um grito saiu da minha boca seguido por mais dois. Uma das minhas mãos dirigiu-se às grades apertando-as enquanto a outra correu pelos meus cabelos.

Mais um grito escapou dos meus lábios numa tentativa falhada de aliviar a imensa raiva que vive dentro de mim.

Nada parecia resultar. Esmurrar o enorme pilar branco pareceu-me uma boa solução, mas logo sinais de ferimentos seguidos de uma dor intensa surgiram.

Lágrimas corriam pela minha face, com mais frequência que um rio depois de uma chuva intensa.

Os meus olhos já não me transmitiam com clareza o que se encontrava em frente a mim.

As minhas mãos viajaram para a minha cabeça apertando os meus cachos com mais força.

Deixei-me cair de joelhos no chão gelado e molhado. Arrastei o meu corpo mole em direção ao enorme pilar. Rapidamente os meus braços rodearam os meus joelhos permitindo-me poisar a cabeça nos mesmos.

Passos lentos fizeram-se ouvir. Senti alguém sentar-se ao meu lado, o que me fez juntar os joelhos ainda mais ao meu peito.

Uma pequena e delicada mão poisou na minha cabeça e os seus finos dedos moviam-se em círculos desajeitados enrolando assim os meus cachos castanhos.

-Estou aqui. Sempre estive. -a suave e doce voz da minha irmã soou.

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Sxx

•Bloodstream• ||H.S||Onde histórias criam vida. Descubra agora