Por onde passou, tentou ser aceito.
Mesmo com seu cabelo sem-graça,
A roupa amarrotada,
O olhar meio torto e de costas encurvadas.Não deixou de tentar, mesmo nos lugares mais hostis,
No veneno mais salgado e nos dias enevoados.
Não desistiu de tentar fazer amigos.Ainda que fosse com o rosto marcado e molhado por lágrimas.
Ele tentou acreditar, todas as noites,
Que amizades e confiança são apenas belas construções.Tijolo por tijolo, é preciso tentar construir. Sob o sol de seu sorriso ou a tempestade encoberta pelo mesmo,
Ele sabe que haverão dias difíceis
Em que se perdem ou faltam tijolos,
Ou que a massa não é forte e pegajosa o suficiente.
Ele tenta, e tenta muito. Todos os dias.Tão focado na finalização de sua impetuosa construção,
Não notou que entre alguns tijolos, de lá e cá,
Algumas partes suas também se perderam no caminho.Perdeu o sorriso caloroso,
O jeito de andar acanhado,
O hábito de admirar o sol,
E de cumprimentar alguns pássaros.Mas tá tudo bem, porque no final valerá a pena.
Essa coisa toda de procurar incessantemente uma amizade.
Essa coisa de tijolos.19/09/19.
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Florejaste
PoesíaUma longa jornada sobre perder pétalas e reencontrá-las em algum lugar, alguma estação, sob algum luar. Um livro sobre (re)florejar. 🏅 #1 em Poemas (30/01/2019) 🏅 #3 em Novos Talentos Poemas (01/07/20)