IV. Contra-indicado

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Eu só quis vomitar tudo.
Queria que meu corpo reconhecesse
Que todos os sentimentos sufocados ali dentro,
As lembranças
Os momentos,
Só me faziam mal.
Me faziam ficar doente. Me faziam querer morrer.

Eu queria que, como em uma febre
Tudo fosse queimado
Expelido pelos poros da minha alma
Para nunca mais voltar.

Eu quis vomitar tudo.
Quis que a febre me dominasse.
Quis entrar em coma, em hibernação
Quis me curar sozinha. Me curar de você.

Mas nada disso aconteceu,
Porque não é o tipo de coisa que se possa ser diagnosticada,
Encontrada e marcada com uma bula cheia de instruções,
Uma solução mágica e exata.

Nada do que eu quis aconteceu.
Nada do que eu precisava aconteceu.
Só o que aconteceu, na verdade
Foi a única opção que me restou.
Seguir em frente.

Quebrada e cheia de sintomas explosivos.

FlorejasteOnde histórias criam vida. Descubra agora