I. Queijo derretido

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Eu ainda tenho resquícios de quadros
De amigos na parede.

São apenas restos, na verdade
Do que deveria ser para sempre.

Eu me sento no sofá sozinha na sala,
Não há ninguém com quem conversar.

Ligo a TV para abafar o silêncio de uma culpa
que minha mente insiste em dizer que é toda minha.

Em algum momento, no meio do caminho ou perto disso,
O sentimento foi abandonado, exceto em meus quadros,

Que permanecem em sua forma como um queijo tristonho:

Ninguém mais o quer,
Ninguém o acha atraente

E a pena é grande demais para dar fim à sua vida bolorenta.
Mas eu o guardo,

Ele derrete e se desfaz
Mas nunca completamente,

Como os sentimentos que eu também deveria ter deixado

Há tanto tempo atrás.

01/03/2019.

FlorejasteOnde histórias criam vida. Descubra agora