Choveu. Choveu bastante.
Eu nunca entendi direito,
Nunca havia de fato entendido
Até aquele momento.Todas as cores foram sugadas
E todas as coisas mais simples e alegres
Foram quebradas, arrastadas em uma maré
Tortuosa como a sua partida.Eu me doei tanto. Repintei minhas curvas,
Tracei os melhores sorrisos,
Fingi as melhores risadas
Para fazer você ficar. Tudo foi por você.E chove. Continua chovendo.
É barulhenta, dolorosa e perigosa,
A chuva
Salgada e tóxica.Não consegui fazê-lo ficar.
Porque esse quadro, amor
Não sou eu pintada nele.
Esta é a pessoa que eu achei
Que você queria que eu fosse. Doeu tanto.Eu percebi, apenas no fim das contas
Com pancadas na minha cabeça,
Que eu não me tornei o que você queria.
Tornei-me o que você queria distância,
O que queria destruir.E destruiu.
20/04/18
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Florejaste
PoesíaUma longa jornada sobre perder pétalas e reencontrá-las em algum lugar, alguma estação, sob algum luar. Um livro sobre (re)florejar. 🏅 #1 em Poemas (30/01/2019) 🏅 #3 em Novos Talentos Poemas (01/07/20)