Apology

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Há alguns metros da esquina Luke podia avistar Michael na esquina o esperando. Estava demorando de propósito. 

Acima dele o céu negro tornava a paisagem apaixonante para Luke, chegava a combinar com os cabelos tingidos de Clifford, o qual ele podia jurar que continha uma tonalidade diferente. 

Parou o carro e destravou a porta para que o colorido pudesse entrar. 

Deu partida e acelerou para o agora conhecido caminho. 

Luke gostaria de poder perguntar para ele porque precisava de sua carona, pois em todos os anos letivos que estudaram juntos, Clifford nunca sequer dirigiu à palavra a ele. 

— Por que precisa da minha carona? — arriscou. 

O mais velho se remexeu no banco devido a pergunta. Parecia incomodado. 

— Não acho que importe pra você. 

Luke esboçou um leve sorriso pelo progresso. 

— Se eu dissesse que me importo você não acreditaria mesmo. 

Michael apenas balançou a cabeça afirmativamente. 

Luke não sabia distinguir o sentimento que predominava em seu peito naquele momento, era tudo muito recente, então denominou-o "curiosidade". 

Luke estava curioso para conhecer Michael. 

E isso era novo. 

Puxou o freio de mão e mesmo antes disso Michael já abria a porta do carro para descer. Parecia apressado. Estava com medo de ter o atingido com a pergunta. 

Ao invés de acelerar e partir até a sua casa, naquele dia ele ficou esperando e observando-o entrar em casa. 

Michael gritava um nome que ele não sabia à quem se referia e a cada segundo se encontrava mais frustrado. Empurrava a maçaneta e nada. Tudo estava trancado e ele não tinha a maldita chave de casa. 

Então se lembrou que era quarta-feira e a sua empregada não trabalhava às quartas. Rapidamente sacou o celular do bolso e discou o número de sua mãe. O sangue subia fervendo à ponto de deixar sua pele extremamente pálida, avermelhada. 

Como odiava aquela mulher. 

Luke ouvia do seu carro Michael gritando com sua mãe ao telefone. Foi de fato a cena mais embaraçosa e desconfortável que ele havia presenciado desde então. 

— Onde você está? — Michael gritava com a testa franzida em fúria. 

Luke se encolheu no banco desviando sua atenção para qualquer outro lugar que não fosse o punk. 

Não podia ouvir as respostas do outro lado da linha. 

— Reunião? Que caralho de reunião é mais importante que seu filho?  

— Ah, claro, qualquer reunião tem mais valor do que eu — prosseguiu sem permitir que sua mãe respondesse. 

— Guarde suas desculpas pra você, eu não preciso delas — e tateou a tela do celular para encerrar a ligação guardando o mesmo no bolso. 

Michael estava bravo. Não mais bravo do que magoado. 

Ele se sentia um estorvo naquela família, e o pior do que se sentir daquele jeito era ter certeza absoluta de que era. Ele não deveria ter nascido. Sua mãe teria o abortado em outra chance.  

E tudo o que ele queria naquele momento é que sua mãe estivesse o esperando em casa para abri-la para ele e recebe-lo com um sorriso, nem que forçado. Mas Michael nunca teve nenhum tipo de afeto dentro de casa. Pelo menos não o de sua família. 

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