Regret

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O loiro chegou em casa procurando logo um lugar astolfado pra se jogar e ficar até que se sentisse cem por cento melhor. Chamou por sua mãe e não obteve resposta. Talvez ela tivesse saído aproveitando que ele havia ido ao colégio. 

Levantou-se do sofá e foi até a cozinha tomar o máximo de líquido que conseguia e encontrou um bilhete da mesma avisando que precisou sair, mas que voltaria até o cair da noite e se precisasse de qualquer coisa poderia ligar. Luke não achou necessário preocupá-la já que de longe ela não poderia fazer muita coisa. 

Subiu até seu quarto, tirou a roupa, enviou uma mensagem rápida para Calum e foi tomar banho. Talvez até chorar. 

Encostou-se no azuleijo do banheiro e deixou a água quente escorrer por seu corpo eriçado de frio. Fechou os olhos e uma lágrima escorreu. 

Os olhos de deboche do Michael rondava sua mente, os risos, a piada em que ele tinha se tornado, a falsidade, o desprezo. Todas as coisas que tocaram o ponto fraco de Luke. Justo Luke que era fechado, que tinha tudo pra ter uma vida perfeita, justo o loiro que havia decidido se fechar pra tudo e para todos porque tinha feridas abertas sobre o socialismo, era um desastre teoricamente falando. Justo ele que decidiu engolir o seu orgulho e medo pra poder dar uma chance à Michael. Justo ele que havia quebrado barreiras para se dar uma chance, para alcançar algo, para ser alguém, justo ele tinha quebrado a cara mais uma vez e acabado com o mesmo desfecho. Sendo a piada e tratado como um lixo. 

Justo ele. 

Mas por que ele? Por quê? Era a única coisa que ele conseguia sussurrar enquanto chorava já um pouco desesperadamente.  

Não se importava com Michael, se importava com ele, porque ele tinha sido alguém bom desde o princípio pra no fim receber uma facada pelas costas. Mas estava decidido em fazer Michael pagar por cada erro que ele havia cometido consigo, faria ele provar do próprio veneno até aprender que ninguém nasceu pra brincar com pessoas, que assim como ele sentia qualquer um também era capaz. 

  

Tinha pegado no sono um pouco depois de terminar o banho, olhou o relógio no visor do celular. Seis da tarde, era incrível a capacidade do mesmo em apagar por um bom tempo. Pelo menos se distraia das dores que sentia. 

Enrolou na cama até ouvir o telefone tocar no andar debaixo e levantar às pressas para atendê-lo, causando uma tontura forte e sentir a vista escurecer. 

Se forçou ao máximo para não cair e chegar à tempo de atender quem quer que fosse. 

Assim que retirou o aparelho do gancho e soou um "alô" bem molejado ouviu a voz da sua mãe ressoar do outro lado da linha. 

— Oi querido — a voz parecia um pouco cansada.  

— Oi mãe, tudo bem? — questionou estranhando a ligação da mesma uma hora dessas. 

— Mais ou menos, estou no hospital com a sua avó, recebi uma ligação mais cedo avisando que ela estava internada por ter passado muito mal, ainda não sei o que aconteceu, ela ainda não acordou — Luke sugou o piercing de seu lábio ficando tenso, como se já não bastasse toda a merda que estava acontecendo em sua vida, sua avó doente era tudo o que ele menos precisava. 

— Poxa mãe, quer que eu vá aí? — tirando o fato de que demoraria cerca de uma hora até a cidade onde a mesma morava, tudo estava ótimo. 

 Não, querido, você não melhorou ainda e não há nada que possamos fazer além de esperar. Você está bem? — o loiro pensou na resposta e sabia a melhor delas. 

— Estou ótimo, mãe — mentiu, não daria mais preocupações. 

A mesma só teve tempo de responder um "que ótimo" e se despedir do filho.  

Band T-ShirtOnde histórias criam vida. Descubra agora