Doce Veneno

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Taehyung abriu os olhos devagar, estranhando a luminosidade. Piscou algumas vezes, tentando afastar o cansaço disposto sobre seu corpo, procurando identificar onde estava. Levantou o corpo com dificuldade, colocando-se de pé meio a contragosto. 

Olhou ao redor. Havia luz acima de si. A luz do sol. Mas na sua tênue vista, tudo o que surgia era um nada. Apenas uma imensidão límpida, cujo o horizonte estava distante e vago. 

— Você finalmente acordou — Taehyung ouviu uma voz mais grave, e procurou identificá-la. Foi quando viu atrás de si, e percebeu a presença do garoto de cabelos vermelhos, assim como os olhos. Imaginou que fosse da linhagem dos puros também. 

Mas... se ele estava ali e falando com ele... o que tinha acontecido consigo? 

— O-Onde estou? Jeongguk está bem? — perguntou meio aturdido, dando-se conta de que o mais novo estava longe do seu alcance. 

— Mesmo aqui, você ainda pensa no humano — a voz era calma, sem julgamentos. — Eu me chamo Hyeong. O primeiro vampiro de linhagem pura. Talvez tenha ouvido falar de mim na sua infância. 

Taehyung recordou-se do nome. O primeiro entre os vampiros puros. O primeiro vampiro com o dom de sentir os raios solares, sem ter o corpo denegrido. 

— Onde eu estou? — perguntou novamente, sentindo-se repentinamente nervoso. Era a segunda vez que um dos puros aparecia para si. Apenas os antigos haviam os vistos. Nem mesmo a geração dos seus avós chegou a conhecê-los. Tudo não passava de histórias sendo deixadas pelos mais velhos a cada nova geração. 

Mas estava ali. Vendo o primeiro vampiro puro. Seu estômago embrulhava com a ideia de ser o único recebendo aquelas aparições. 

— Não te incomoda, não é? — Hyeong disse enquanto olhava para o céu. O sol brilhava sobre suas cabeças, mas não estava forte demais. Ainda estava amanhecendo. Taehyung o olhou confuso, sentindo-se analisado pelos olhos vermelhos. — O sol. Ele não te incomoda. 

Taehyung olhou para o céu também. De fato, não incomodava. Agora sair debaixo dos raios solares era tão normal quanto respirar. Negou, respondendo Hyeong. 

— Então vocês realmente conseguiram... — o vampiro suspirou fraco, imerso em pensamentos. Em pensar que os vampiros atuais conseguiriam aquilo... era impressionante, mas repulsivo ao mesmo tempo. — Você já viu seus olhos, jovem príncipe? 

Taehyung estranhou a pergunta. O que tinha em seus olhos?

Em sua frente, surgiu um enorme espelho. Hyeong já estava ao seu lado quando Taehyung colocou as mãos no rosto, assustado. Quando o espelho sumiu novamente, Taehyung estava com os olhos arregalados.

— O que é isso?! — exclamou, nervoso. Seus olhos estavam iguais ao dos puros. Aquilo não era normal. Apenas os puros tinham olhos vermelhos. Mas ele não era um. 

Hyeong sorriu, se afastando. 

— Vejo que minha irmã mais nova não te explicou nada — falou audível, afastando-se em passos lentos. Taehyung o seguiu, temendo perdê-lo de vista. — Você bebeu o sangue real e humano que estava naquele cálice, isso te torna um puro — disse calmo, como se entendesse a confusão na mente do mais novo. 

— Mas eu bebi aquilo a anos! Por que meus olhos só ficaram assim agora? — indagou enquanto observava Hyeong sentar abaixo de uma enorme cerejeira. Ainda não compreendia onde estava. 

— Porque você precisava consumir o sangue de alguém que ama. 

Taehyung pensou em Jeongguk. O medo o fez procurar pelo mais novo novamente, mesmo sabendo que ele não estaria ali. 

Doce Veneno | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora