Capítulo 7

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- Agora você só precisa multiplicar esses números e somar com a outra equação usando mmc. - Thomas explica com calma e eu mantenho a expressão de confusão que está no meu rosto desde ele começou a falar.

- Ai, Thomas! - Eu exclamo e jogo a cabeça para trás. - Não entendo nada.

- Vamos dar um tempo para você refrescar a mente. Que tal a aula de piano agora? - Ele diz e eu me levanto da cadeira animada.

- Sim, muito melhor. - Afirmo e ele também se levanta.

Tinhamos vindo estudar no meu quarto e agora sigo direto para uma sala onde tem alguns instrumentos guardados.

- Uau. - Ele diz impressionado olhando tudo em volta encantado.

Desse lugar em particular eu fiz questão de cuidar da decoração, apesar dos instrumentos já deixarem o ambiente bonito. As paredes são azul-celeste com alguns quadros espalhados. Tinha um violão e um ukulele pendurado na parede, um órgão bem embaixo do quadro com flores e um lugar especial para o piano. Tinha um prateleira no canto esquerdo com partituras, cifras e letras de música e um sofá grande e muito confortável no canto.

- Esse é meu cantinho para relaxar. - Digo me jogando no sofá e fechando os olhos.

Tenho vindo aqui sempre que posso desde que me mudei. As vezes nem toco nada, só me sento no sofá e relaxo, ou trago um livro para ler. Uma vez tirei um cochilo aqui.

- É um lugar muito legal. - Ele diz também se sentando no sofá.

- Deveria se sentir especial, não trago qualquer um aqui. - Digo e ele sorri. O sorriso chega em seus olhos que, agora olhando com mais atenção, estão ainda mais azuis por ele estar usando uma blusa também azul. É tão bonito que tenho vontade de ficar admirando o dia todo.

- Ainda mais alguém que conheceu essa semana. - Ele diz e me desperta dos meus pensamentos.

- Algo me diz que posso confiar em você. - Confesso sem pensar. Ele me encara mas não diz nada, porém continua sorrindo. Decido acabar com esse assunto antes que eu fale outra bobagem. - Mas vamos ao que interessa: te ensinar a tocar piano.

Ele se levanta rapidamente, vai em direção ao piano e se senta na banqueta.

- Você já conhece as notas, não é?  - Pergunto recordando que ele toca violão. Ele assente com a cabeça. - Então só precisa aprender onde ficam as notas no piano.

Fico encostada do lado do piano enquanto explico tudo. No começo ele se confunde um pouco mas acaba pegando o jeito.

- Vamos pegar uma partitura, acho que você já consegue. - Digo e ele parece ficar animado. É fofo ver a sua disposição para aprender, ele realmente está tentando.

Pego um música fácil só para ele se acostumar a tocar sem olhar os dedos, apenas vendo a partitura.

- Eu sei que você está animado para aprender mas tem que tocar mais devagar. - Eu rio. - O compasso da música é duas vezes mais lento do que esse que você está tocando.

- Tudo bem, vou fazer outra vez. - Ele começa mas noto que está com dificuldade em por força no dedo mindinho para alcançar a última nota, fazendo com que o som não saia. Ele bufa irritado.

- Me dá um espaço. - Eu digo e ele se afasta um pouco do banco para que eu me sente do seu lado. - Está posicionando os dedos errado, abaixe um pouco a mão. - Ele faz o que eu digo. - Agora toque de novo.

Ele começa mas ao longo na música suas mãos sobem de novo, como em um ato involuntário.

- Não dá, não consigo. - Ele suspira.

- Consegue sim, respira fundo. - Peço e, em seguida, pego suas mãos e posiciono corretamente no piano, segurando para que elas se mantenham abaixadas. - Tenta de novo.

Ele, novamente, começa a tocar. Sinto uma corrente de eletricidade percorrendo meu corpo, não sei se é porque estamos muito perto ou o fato das minhas mãos estarem encostando nas dele. Aos poucos, vou soltando as mãos e deixando ele continuar sozinho.

- Viu? Não foi tão difícil. - Digo e ele se vira para me encarar. Péssima ideia. Estavamos tão perto que eu poderia enxergar cada detalhe do seu rosto. Até mesmo alguns pontinhos marrom entre o mar azul dos seus olhos.

- Obrigada por me ajudar, você teve muita paciência. - Observo a curva dos seu lábios se levantarem formando um belo sorriso sem mostrar os dentes. Por que estou olhando tanto para ele? Pare com isso, Alice!

- Que tal comer alguma coisa? Eu estou com com fome, você está com fome? Porque eu estou... - Digo tão rápido que nem me entendo. Estou nervosa.

- Tudo bem. - Ele diz estranhando meu comportamento. Até eu estou estranhando meu comportamento. 

Andamos até a cozinha e eu abro a geladeira para pegar um suco e algumas coisas para fazer um sanduíche.

Nós comentamos sobre as aulas enquanto comemos e o nervosismo que tinha se instalado em mim vai embora.

Escuto a porta abrindo. Vejo minha mãe se aproximando e Maya abrindo um sorriso ao ver o Thomas. Sei exatamente o que ela está pensando.

- Então você é o famoso Thomas. - Minha mãe diz sorridente. Famoso Thomas? Eu só falei uma vez dele e foi só para avisar que ele vinha aqui hoje.

- Sou eu, muito prazer senhora... - Ele estende a mão e ela aperta.

- Elisa, mas sem o senhora. - Ela ri e ele também. - O prazer é meu, Thomas.

- E você deve ser a Maya, não é? - Ele diz e Maya abre um sorriso ao ouvir seu nome.

- Sim, é um prazer te conhecer. - Ela responde.

- A Alice te ofereceu alguma coisa para comer? Ela é tão esquecida. - Minha mãe reclama e eu reviro os olhos.

- Ela é bem esquecidinha mesmo. - Ele diz e eu não consigo segurar o sorriso. O jeito que ele fala é tão adorável.

- Pode ficar tranquila que eu fiz tudo direitinho, mãe. - Afirmo.

- Acho que já está na minha hora. - Thomas diz olhando no relógio em seu pulso. - Já são seis horas.

Arregalo os olhos. Como o tempo passou rápido com ele aqui.

- Fique a vontade para voltar qualquer dia. - Minha mãe diz e Maya assente com a cabeça concordando.

- Obrigado, eu volto sim. - Ele me olha e pisca para mim. Solto um riso fraco.

- Vem, eu te acompanho até a porta. - Digo e ele me segue.

- Então... - Ele começa mas não diz nada.

- Então...? - Levanto as sobrancelhas.

- Você falou muito de mim para elas? - Ele sorri de forma presunçosa. Eu reviro os olhos.

- Não se ache tanto, a única vez que eu falei sobre você foi hoje, ok? - Digo e ele solta um "uhum" sem acreditar. - Minha mãe exagera.

- Enfim, podemos terminar o trabalho de física na segunda? - Ele diz me lembrando que não concluímos o trabalho.

- Pode ser. Obrigada por me ajudar. - Eu digo e ele sorri. Seu rosto ganha uma coloração avermelhada o deixando ainda mais fofo. Eu não posso com esse garoto.

- Obrigado você por me ajudar com o piano, nós vamos continuar com as aulas, não vamos? - Ele diz e eu afirmo. - Então, até segunda.

- Até. - Eu digo e ele continua parado. Parece estar pensando em como deve se despedir de mim. Mas acaba apenas acenando e dá as costas.

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