Capítulo 1

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              Elisa Maria

Sou Elisa Maria da Silva nasci e cresci na comunidade da vila dos pescadores e sempre vi o esforço dos meus pais e dos demais moradores da região para tornar o lugar mais habitável. Quando meus pais chegaram aqui tinha muito mato e eles foram construindo suas moradias pescavam para se alimentar, e ao mesmo tempo para vender, olhando hoje vejo o quanto eles batalharam para que esse lugar crescesse e se tornasse digno para morar me encho de orgulho por ser filha deles. Desde muito pequena eu vi cada família erguer seu barraco e lutar pelo pão de cada dia, minha mãe me levava para a escola que ficava a dois quilômetros daqui, só tinha escola na cidade de Areia Branca ela e as outras mães não mediam esforços para que nós viéssemos ter uma educação de qualidade. Por ser humilde e às vezes não ter um sapato para calçar era humilhada pelas outras crianças. Minha mãe sempre dizia que não era pra deixar aquilo interferir na minha vida, o único jeito era estudar pra ser alguém e mostrar para essas pessoas que todos nós somos iguais. Rico pobre branco ou preto, todos temos capacidades de ser alguém na vida, basta querer, e eu sempre quis muito.

Hoje sentada na minha cadeira confortável em minha sala climatizada me fez pensar no meu passado e isso só me fez ter mais certeza que escolhi a profissão certa. A vila dos pescadores é o lugar onde eu quero criar meus filhos, quero os ver correndo com os pés descalços sentindo a areia da praia. Quero que um deles saia com o avô para pescar e voltar me contando várias histórias de pescador quero que eles sejam humildes e protejam nossa vila o tanto quanto sua mãe faz. Qualquer um deles fazendo isso vai me deixa bastante feliz.

Mais um dia de trabalho concluído e meu corpo grita por descanso às famílias da vila dos pescadores vieram participar de uma palestra e receber informações sobre como tratar da água que eles usam para beber. Surgiu um caso de contaminação e estamos desconfiando que a água dos poços artesianos esteja sendo contaminada, faz meses que enviei o encaminhamento para a prefeitura avisando sobre o problema e também já informei que vem daquele do restaurante que abriu mês passado encontramos um cano quebrado que está levando água da descarga direto para o igarapé onde as crianças tomam banho. A vila dos pescadores era um lugar bem tranquilo não tinha risco de contaminação, mas foi só esse restaurante abrir que os problemas começaram a aparecer. As crianças estão sofrendo na pele com a irresponsabilidade dessa gente que não está nem aí para os menos favorecidos, para eles o que importa é o dinheiro. Há meses que estamos esperando a instalação de redes de esgoto aqui na vila, mas tá difícil, eu nasci e cresci aqui e nunca fui contaminada com nada, passávamos horas brincando na lama ou mergulhando no rio nem gripada eu ficava. É daqui que a maioria das pessoas tira o seu sustento.
Sofri na pele o preconceito por ter pais negros na escola eu era alvo de piadinhas e sempre excluída de quase tudo as garotas mais conhecidas não queriam andar comigo, pois era filha de “pescadores” diziam que eu cheirava a peixe, mas eu não dava a mínima meu sonho sempre foi me tornar assistente social e meus pais são o meu verdadeiro exemplo.
Agora por aqui vive cheio de turistas nossa pequena vila está sendo um dos lugares mais frequentados e isso gera uma renda extra minha mãe é dona de um restaurante de comidas típicas, meu pai com os outros homens são responsáveis pelas vendas dos pescados. Surgiu até uma conversa dos mais velhos dizendo que um grupo começou a sondar as pessoas para uma possível compra da aérea, um representante do grupo deixou bem claro que ninguém vai sair no prejuízo se todos concordarem vão ganhar um local para morar fora o dinheiro que eles vão pagar para cada família. Eu acredito que isso seja boato as pessoas mais velhas que estão aqui há mais tempo não vão aceitar de forma alguma abandonar o lugar onde criaram seus filhos dia a pós dia lutando para hoje deixar seu lugar e ir morar não sei aonde. Eu estarei sempre lutando por eles, desde que me tornei assistente social meu lema é ajudar os mais necessitados e dinheiro nem sempre compra tudo, pois foi um juramento que fiz e honrarei com a minha palavra.
Olho no relógio e já passou da hora de ir embora pego minha bolsa e saio da minha sala.
— Elisa espera. — Ouço a voz da Lidia me chamando ela é meu braço direito na ONG onde trabalho no serviço social. A ONG é voltada para ajuda com educação, saúde, família, trabalho e assistência. Combatemos a desigualdade social.
— Aconteceu alguma coisa?
— Acabei de receber a ligação da prefeitura dizendo que amanhã bem cedo irão colocar as tubulações da rede de esgoto da vila dos pescadores mais uma conquista para nossa comunidade amiga, tenho muito orgulho de você, se não fosse sua insistência e bravura aquela vila jamais estaria recebendo essa melhoria.  Lidia me abraça feliz, e eu retribuo o abraço.
— Graças a todos Lidia, tenho uma equipe nota dez. Agora precisamos que a creche seja construída para as mães das crianças poderem trabalhar sossegadas.
— Tenho certeza que o prefeito Olavo acatará mais esse pedido seu. Lidia comentou piscando para mim.
— O que você está insinuando posso saber? Olhei para ela me fazendo de desentendida.
— Vem me dizer que nunca notou que o prefeito Olavo te olha de uma maneira diferente? Que todas as vezes que vocês se encontram tem uma tensão sexual no ar? Encarou-me erguendo uma de suas sobrancelhas.
— Tá bom, eu confesso que já notei sim e gostei da maneira como ele me olhou. Disse colocando as duas mãos nos olhos cobrindo me sentindo envergonhada.
— Confesso que eu queria que o seu assessor também me olhasse dessa maneira, mas acho que ele não gosta muito da fruta. Caímos na gargalhada e seguimos rumo as nossas casas, moramos na vila e sempre fomos amigas, crescemos juntos e hoje lutamos pela nossa comunidade como nossos pais um dia também lutaram. Passamos por várias crianças jogando futebol em um dos campinhos de lama, um dia sonho com uma área toda montada para eles, parquinhos quadras para o futebol de salão uma área de lazer para todos se divertirem.

— Tia vem brincar com a gente. Meu sobrinho Lucas grita todo sujo de lama quando sorri só aparecem os dentes brancos. Tiro meus saltos deixo minha bolsa no banco suspendo a barra da calça e corro para o meio do campo jogando juntos com eles, Lidia gargalha e só observa de longe. Depois de fazer três gols vou até a praia lavar meus pés de longe vejo um grupo de homens observando a área toda, sinto um desconforto com aquela situação o que será que eles estão fazendo? Um dos homens aponta e meu olhar acompanha seu movimento fico assustada ele está demarcando toda a área da Vila. Agora que minha curiosidade aumentou caminho na direção para tentar descobrir algo, mas todos eles entram em um carro e vão embora, nos carros estava escrito Grupo Mantovani. Caminho na direção de casa com aquela sensação de que irá acontecer alguma coisa só não sei o que é, porém meu sexto sentido não falha.

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Olá meninas que leem o que eu escrevo tudo bem com vocês? Olha eu aqui de novo dando início às postagens do meu novo livro. Espero que vcs gostem. As postagens serão uma vez na semana, porém ainda não tem um dia certo, ainda estou escrevendo os capítulos então assim que estiver pronto eu posto aqui. Obrigada e até mais!!!! Há e não esqueçam de deixar seus comentários me contando o que estão achando!

Jogo do Destino. Apenas degustação de 10 capítulos Onde histórias criam vida. Descubra agora