Capítulo 10

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                Sebastian Mantovani

A pousada estava lotada e as pessoas comentavam a toda hora sobre a tal festa dos pescadores, pelo que eu entendi era tradição no mês de julho acontecer. O lugar ficava intransitável e isso me deixava agitado, não gostava de estar no meio de multidões, me sentia sufocado. Nem em festa de aniversário gostava de ir, meu pai não gostava muito de me levar, pois eu sempre perguntava sobre minha mãe, pois via as outras crianças acompanhadas de suas mães, e quando não era meu avô era meu pai que me levava. Lembro que uma vez eu escutei a discussão dos dois, meu avô dizia.

A única coisa boa que você fez na vida foi meu neto Sebastian, e se não fosse por mim seu filho teria sido criado pela aquela gente morta de fome, você tem muita sorte que o dinheiro compra tudo, e todos. Desde quando nasceu você só me trás prejuízo.

Quase todos os dias eles brigavam, na época eu não entendia nada, hoje entendo que se não fosse meu avô eu não seria o que sou hoje, ele nos tirou do tal lugar e nos trouxe para viver com dignidade.

Quando fiz dez anos ele me contou que minha mãe morreu quando eu era um bebê, me contou toda a história, eu nunca vi seu rosto, mas sempre tentei imaginar como era ela, uma vez meu pai chegou bêbado em casa eu estava brincando ele sentou perto de mim e me disse que eu tinha os olhos da minha mãe. Só sei do seu nome, pois carrego seu sobrenome e ele nunca gostou que eu me apresentasse com ele. Sempre me disse "quer ser alguém na vida"? Use o Mantovani, pois Sobral é nome de gente comum e pobre. Eu sempre quis ser alguém na vida, sempre soube que um dia seria um homem poderoso, e hoje tenho tudo o quero.

Sentado na varanda da pousada olhando esse mar imenso fico lembrando o meu passado, desde novo sendo preparado para assumir tudo o que o meu avô deixou, eu sei que ele e meu pai não se davam bem, brigavam que nem gato e rato, meu avô sempre jogando na cara dele que ele não servia para nada. Quando eu ia dormir quem sempre a aparecia no meu quarto era seu Afonso querendo saber se eu não tinha aprontado nada na escola. Sorrio e me pego sentindo falta dele. Saio da varanda e vejo a camareira passando pelo corredor a chamo, e ela me olha educadamente e para.

— Pois não senhor? Disse com a voz baixa.

— Essa festa dos pescadores usa alguma roupa a caráter? Vejo muita gente usando branco, fui convidado por uma amiga para ir, mas não sei o que vestir. O sorriso caloroso que ela me devolveu aqueceu meu coração.

— Quando eu era mais nova todos se vestiam iguais homenageávamos a rainha do mar, todos deixavam seus barquinhos com pedidos para o mar levar, eu tinha quinze anos e foi nesse dia que eu conheci...

Ela parou de falar e ficou pensando com o semblante triste. Mas rápido se recuperou.

— Mas agora nem todos seguem a tradição, como você é turista pode ir como quiser.

Sorriu dando com as mãos e seguindo seu caminho, era uma mulher deprimida isso eu consegui captar, deve ter sofrido muito nessa vida.

Entrei no meu quarto e fui procurar uma roupa adequada já estava quase na hora de ir, durante esses três dias não consegui tirar a Elisa Maria da minha cabeça, nunca fiquei pensando tanto em uma mulher como fiquei pensando nela. Tomei banho vesti uma camisa branca e uma bermuda da mesma cor calcei um tênis e sai, à pousada já estava praticamente vazia, fui ao bar e pedi uma dose de uísque, achei que não teria, mas me surpreendi quando o atendente me serviu, tomei duas doses e desci para a praia, a noite estava linda iluminada, a fogueira acesa deixava tudo mais visível, as barracas com comidas típicas estava com filas enormes, as crianças brincavam nos brinquedos do parque e algumas gritavam tão alto, todas felizes.

Jogo do Destino. Apenas degustação de 10 capítulos Onde histórias criam vida. Descubra agora