Life is beautiful

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N/A: LEIAM AS NOTAS FINAIS PELO AMOR DE SANTO CRISTO.

Mesmo que doutora Sandra já houvesse me liberado para a viagem, resolvi esperar mais um final de semana para embarcar, queria deixar as coisas claras para Saphire e passar um tempo com ela, sabia muito bem o quão preocupada ela estava, e o pior disso tudo, o quanto estava se culpando por não estar ali naquela noite em que Ethan me violou, era como se Hire não conseguisse olhar em meus olhos sem lembrar o que me ocorreu, passava por mim sempre de cabeça baixa, quase não ouvia palavras direcionadas a mim saindo de sua boca, poucos diálogos cabiam em nossas conversas atuais, na verdade a única coisa que tentava tirar dela, era a confissão de que estava se sentindo culpada, mas apenas o que obtive como resposta foi ''Estou bem, não se preocupe'', quando eu sabia que não estava nada bem. Resolvi não forçar nada pois o que havia acontecido, já era demais para ela suportar quando querendo ou não, ela tinha certa responsabilidade sob mim.

Decidi não contar nada ao meu pai, nem mesmo quando chegasse em casa, sabia que se algo sobre esse assunto saísse de minha boca, nunca mais voltaria a Londres, não posso deixar com que isso aconteça, Ethan está preso, tirando os perigos do mundo em geral, agora estou segura, e o melhor, iria terminar a recuperação da melhor maneira possível, na casa de minha família.

Longe das caóticas matérias da faculdade, longe de pubs lotados com pessoas bêbadas e vazias, longe de Ethan, longe de Gus...

Não percebemos o quanto estamos doentes, apenas quando o corpo começa a padecer, a mente é muito boa enganadora, nos mantém de pé, livres para voar para onde bem quisermos, não conseguimos nunca perceber que algo está errado, apenas quando a sanidade resolve tirar férias, quando dá lugar as crises de histeria, e questionamentos infinitos sobre a existência humana.

Somos escravos de nossas próprias ilusões e idealizações, somos donos de nossos destinos, um dia quem disse isso, tinha razão, mas com certeza morreu sem tal realização.

Não adiantaria eu tentar fazer Saphire se sentir melhor, quando ela mesma é dona de seu próprio destino, e isso exigirá dela tempo, e muito trabalho, não simples falas minhas de no máximo quatro segundos que irão mudar algo sobre suas razões e questionamentos.

Nesse final de semana em que arrumei minhas malas e preparei as coisas para embarcar, não a vi muitas vezes, mesmo que passasse o dia inteiro dentro do apartamento, Ravi também não apareceu, o que sinceramente foi um alivio, não o aguentaria perguntando como estou me sentindo e tocando no assunto, não que a preocupação dele seja um problema, mas o assunto vir a tona novamente é.

Enquanto amontoo as peças de roupa na malas, me pego pensando em Gus, naquela maldita noite em que nos encontramos no pub, sem ao menos me tocar, é como se sua energia que chega até mim tivesse poder total sob o meu corpo e minha alma, é como levitar estando com os pés no chão, é como levantar da cama facilmente mesmo ainda estando relutando sobre sair dela ou não.

Posso dizer que tudo está no mínimo estranho depois de tudo que aconteceu, as flores não caem das arvores mais do mesmo jeito, a brisa sopra mais forte do que antes, o sol sai apenas para que o frio não nos deixe congelar, enquanto nossos corações já estão faz tempo, nessa parte da fusão.

Enquanto fecho as malas, praticamente sentando por cima de todas elas para que fechassem, Saphire entra em meu quarto.

-Oi Hire, precisa de alguma coisa? – A perguntei.

-Ame, preciso falar com você. -Confessou.

-O que quer que seja, que tenha para me dizer, estou aqui e agora.

-Quero que tenha uma ótima viagem, e quero também que não se preocupe comigo, e sim com a sua saúde e recuperação, ficarei bem.

Ó céus! Jurava que ela querer conversar sobre o ocorrido de semana passada.

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