Gwen não tinha tempo a perder. Ela tinha de ver se Godfrey e Firth estavam esperando por ela do lado de fora da sala do Conselho, para entrar e confrontar Gareth. Talvez tivessem se atrasado antes e agora já estivessem ali. Ela não podia deixá-los entrar sozinhos. Eles tinham de levar o seu caso adiante, imediatamente, enquanto o Conselho ainda estava em sessão. Se Kendrick, Thor, Brom e todos os outros podiam arriscar suas vidas no campo de batalha por sua terra natal, o mínimo que ela podia fazer era dar um exemplo de coragem e arriscar sua segurança no campo de batalha local e assim poder deter Gareth. Afinal, se um novo governante fosse coroado, isso ajudaria muitíssimo o exército. Ajudaria inclusive o próprio Thor.
Gwen subiu correndo os degraus, em seguida ela desceu pelos corredores do castelo até chegar às enormes portas da sala. Para sua surpresa, Godfrey e Firth ainda não estavam lá. Ela não tinha ideia do que poderia ter acontecido com eles. As portas da sala do Conselho estavam abertas e quando ela olhou para dentro, viu que o Conselho já havia se retirado, a sessão havia terminado. A única pessoa que permanecia na vasta câmara vazia era Gareth. Ele estava sentado sozinho em seu trono, na sala cavernosa, esfregando os braços.
Estavam apenas eles dois ali e Gwen decidiu que aquele era o momento. Talvez ficando a sós com Gareth ela poderia inculcar-lhe bom senso e levá-lo a demitir-se pacificamente. Os homens que ela amava estavam lá fora, no campo de batalha, lutando por ela e por todos os demais. Ela tinha de lutar também. Ela não podia esperar. Ela iria confrontá-lo com o que ela sabia e esperava que ele renunciasse voluntariamente. Ela não se importava se ele fizesse isso discretamente, sem alarde; ela apenas queria vê-lo fora do trono.
Gwen atravessou as portas, seus passos ecoavam quando ela entrou na sala enorme e antiga, enquanto caminhava em direção ao seu irmão. A luz entrava pelos vitrais coloridos, atrás de Gareth. Ele olhou para ela friamente com seus olhos negros, desalmados. Gwen podia perceber o ódio que ele abrigava por ela. Ela podia ver naquele olhar paranóico que ela representava uma séria ameaça para ele. Talvez fosse porque seu pai a amou mais que a todos. Ou talvez fosse apenas porque Gareth tinha nascido para odiar.
"Eu gostaria de ter uma palavra com você." Gwen anunciou, com voz muito alta, ecoando naquele lugar tão político que ela tanto odiava. Era estranho ver seu irmão sentado ali, no trono de seu pai. Ela não gostava da sensação. Parecia errado. Os olhos dele eram inexpressivos, parecia que ele tinha envelhecido cem anos. Ele não parecia em nada com o seu pai quando ele se sentava ali naquele trono. O pai dela se sentava ali com naturalidade, ele se via nobre, valente, orgulhoso, como se o trono tivesse sido feito para ele. Gareth, por outro lado, se sentava sobre o trono de uma maneira desesperada, exagerada, como se estivesse sentado em uma cadeira grande demais para que ele pudesse preencher. Talvez ela estivesse captando os sentimentos do pai morto, brotando através dela. A fúria aumentou dentro dela devido ao que Gareth tinha feito a seu pai. Ele o havia tirado dela.
Ao mesmo tempo, ela estava com medo. Ela sabia o quanto Gareth poderia ser vingativo e sabia que isso poderia não terminar nada bem.
Gareth olhou em volta sem palavras. Ela esperou, mas ele não disse nada.
Finalmente, ela limpou sua garganta e continuou, seu coração batia acelerado.
"Eu sei que você mandou assassinar o nosso pai." Ela disse querendo acabar com tudo aquilo. "Eu sei que Firth o apunhalou. Nós temos a arma do crime. Temos o punhal."
Houve um longo silêncio e Gareth, para seu crédito, permaneceu inexpressivo o tempo todo.
Finalmente, ele soltou um ronco curto, irônico.
"Você é uma jovem tola e fantasiosa." Disse ele. "Você sempre foi. Ninguém acredita em você. Ninguém nunca vai acreditar. Você me inveja porque eu me sento no trono, em vez de você. Essa é a sua única motivação. Você só fala bobagem."
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Um Destino de Dragões
ActionAo longo do caminho, os sonhos de Thor, juntamente com seus encontros misteriosos com Argon continuarão a atormenta-lo; a pressiona-lo para tentar aprender mais sobre quem é sua mãe; sobre qual é a origem dos seus poderes. Qual é o seu destino? (Ter...