— FOI SÓ UM cortezinho — Ela disse , tentando me acalmar.
— Um cortezinho?! Cobriu metade do meu braço. — Falei, exagerando sobre o tamanho do corte, que realmente tinha no máximo o tamanho de meu dedo anelar.
— Relaxa, acho que nem de ponto vai precisar. — Charlotte esteve comigo dez da aula de etiqueta até agora, quando Eleonor pediu para que ela me levasse para a enfermaria de Ormen.
— Não vai, felizmente. — A enfermeira disse enquanto limpava cautelosamente a ferida com um chumaço de algodão, que vez ou outra causava uma ardência suportável, mas incômoda.
As duas permaneceram em silêncio, enquanto eu apertava a palma da mão de Charlotte, que me ofereceu quando a enfermeira Kate avisou que aquela parte chegaria a doer um pouco mais.
— Depois de hoje, se eu virar rainha juro que vou extinguir todos os bules assassinos.
— Se os bules tivessem um reino, acho que você que seria considerada a assassina. — Ela brincou, e eu apertei sua mão um tanto mais forte quando Kate pressionou o algodão contra o corte mais uma vez, o que serviu também para puni-la de seu comentário.
— Licença, senhora Kate? — Ele disse, antes de dar três batidas na porta e entrar. A mulher levantou seu rosto de imediato, alcançando a imagem do garoto logo na porta.
— Oh, oi Nicholas. Só um momento. — Ela deu mais algumas pinceladas antes de pegar a caixa com esparadrapos. — Pode deixar os exames na minha mesa.
— Wow! Machucou feio, hein. — Ele disse após deixar os papeis acima da mesinha de madeira e vir até nós.
Não sei se ele notou que eu o encarava mais que devia, ou meu incômodo ao vê-lo na mesma escola que eu. Pensei que, depois do baile seriam raras as ocasiões que nos veríamos novamente, e para minha surpresa — E felicidade — eu o veria todos os dias.
— Já passei por coisas piores. — Charlotte me entreolhou, notando a mudança súbita de meu comportamento perante a ele.
Nicholas arqueou as sobrancelhas quando me viu mordendo os lábios tentando conter um gemido de dor quando Kate pressionou o esparadrapo sobre o corte.
— Pronto — Ela disse quando finalizou o curativo,guardando a pinça e os demais objetos novamente. — Volte aqui amanhã pra eu trocar o curativo.
— Obrigada. — Disse, analisando o chamativo quadrado branco colado em meu braço, e então pulando para fora da maca.
— Mais cuidado com os bules na próxima. — Nicholas me advertiu em tom irônico.
— Pode deixar, nunca mais chego perto de um. — Nós dois rimos enquanto Charlotte revirava os olhos, me esperando para que saíssemos juntos da sala. E quando atravessei a porta ela enganchou meu braço no seu e assim andamos juntas; estranhando o contato forçado da mesma.
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A princesa do jardim de borboletas
RomantikAntes de seus dezessete anos, o mundo de Melinda limitava-se apenas ao fundo de um quintal de uma casa amarela com portões de ferro e uma cama de hospital que abrigava a vida de sua avó. Mas quando a morte clama pela vida de Rose, Melinda se vê...