CAPÍTULO SEIS

69 11 0
                                    

— AINDA TEM FOLHAS pra lá

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— AINDA TEM FOLHAS pra lá. — Meu olhar de ódio para ele não foi nada discreto. Apenas de soslaio, antes de volta-los para as folhas inoportunas. Agora, meu falso repúdio contra germes, se tornara um verdadeiro repúdio contra Nevie Bellmonte.

— Por que você não pega? — Perguntei, irritada.

— Minha cabeça está doendo. — Nevie estava sentado no chão do pátio, coberto por folhas secas que se espalhavam pelo chão quando o vento batia. Ele estava com sua caixinha de suco de uva, já vazia. Estava apenas mordendo o canudo para fazer hora. — Acho que acertaram um livro nela. 

Seu tom de deboche não foi nada convincente, aliás, apenas aumentava meu ódio por ele. Quando ele viu que eu não achei graça nenhuma, ele finalmente se levantou do chão e foi para o lado onde tinha mais folhas, que se quebravam enquanto ele pisava sobre elas.

Aquele fora o momento que aproveitei para descansar, e me abaixei, sentindo um enorme alívio percorrer minhas pernas e coluna já cansadas de tantos movimentos que fizeram. A ponta de meu cabelo preso em um rabo de cavalo pairava logo a frente de meus olhos, grudando no suor de minha testa.

O sol escaldante não ajudava em nada, e mesmo quase deitada em posição fetal sentia ele queimar meu corpo inteiro. Sentia que já estava vermelha.

— Ei! — Ele falou já ofegante, e eu não dei a mínima. Ele já teve seus minutos de descanso, também merecia o meu. E caso ele reclamasse poderia usar esse argumento como resposta.

Tive de levantar a cabeça para poder encara-los melhor; Nicholas estava na quadra de tênis, com sua regata suada que deixava exposta parte de seu abdômen quando ele fazia movimentos com a raquete atrás daquela bolinha — E eu nunca tive tanta inveja de uma raquete em toda a minha vida.

Ele parecia perfeito, mesmo suado e em sua pior forma. Ficava mais perfeito ainda quando comemorava seu ponto marcado, junto aos demais telespectadores daquele jogo. Ou devo dizer; "as".  Eu estava invisível no meio daquele pátio, escondida feito uma tartaruga em seu casco quando via seu predador, se é que era aquilo que eu estava sendo; uma presa.

— Tarada. — Nevie soltou o saco cheio de folhas ao meu lado, enquanto limpava suas mãos. Aquela fora a minha deixa para agarrar um punhado de folhas, e arremessa-las em sua direção.

Óbvio que eu falhei, o lançamento foi tão fraco e leve que as folhas mal chegaram aos seus pés. Mas não sou uma tarada, garotas normais sempre se admiram quando veem um garoto bonito dessa forma.

— Você vai pegar isso. — Ele disse, apontando para as folhas que eu havia espalhado mais uma vez. Resmunguei, me arrastando para perto delas e colocando uma por uma de volta no saco.

Derrotada e cansada, me lancei de volta para o chão, descansando finalmente sabendo que não havia mais folhas para recolher no final daquela tarde. E, estranhamente Nevie sentou ao meu lado abrindo mais uma caixinha de suco; uma de maça dessa vez.

A princesa do jardim de borboletas Onde histórias criam vida. Descubra agora