⊱ CAPÍTULO I ⊰

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Episódio: The Philosophy Of Fear

Toda história, seja ela boa ou ruim, tem início em dado momento. Contudo, ele não conseguiria apontar exatamente onde essa começou, embora possa afirmar que já haviam alguns bons meses que notara que algo estava errado com seus pais.

Anne e Daniel Styles eram os melhores pais do mundo inteiro. Não, é sério, os melhores pais. Membros honráveis da nobreza do Reino da Grã-Bretanha, nunca permitiram que faltasse nada ao garoto de olhos verdes e cachos achocolatados na altura dos ombros, desde os mais elegantes trajes e jóias quanto a sentimentos como amor, atenção, carinho e apoio. No entanto, havia essa tensão no ar que os distanciavam nos últimos tempos – longas reuniões com velhos amigos que nunca envolviam o filho, expressões faciais de extrema preocupação e sussurros que cessavam assim que Harry se aproximasse.

O jovem Styles chegava a acreditar que algo terrível estava se aproximando de seu lar, o que resultava em uma sensação gélida em seu estômago, embora logo a preocupação se dissipasse quando seus pais sorriam e lhe diziam que nada de ruim aconteceria. Isso porque eles eram pessoas extremamente transparentes, motivo pelo qual Harry também era, tanto para com o mundo quanto consigo mesmo.

Foi dessa forma que meses se arrastaram para a família Styles – tensão no ar, Harry aterrorizado, mas logo se convencendo de que tudo não passava de sua imaginação fértil lhe pregando peças (o que não o impedia de alimentá-la cada vez mais com livros e mais livros de fantasia).

Era início da primavera quando, durante um café da manhã comum, Dan recebeu aquela carta que daria início ao caos. Sua expressão se fechou em preocupação de pronto. Anne, notando a postura do marido, sabia do que se tratava, mas inclinou-se para ler a carta, pedindo aos céus para que estivesse paranóica. Ela não estava. Sua expressão foi de completo horror. Nada disso passou despercebido aos olhos do jovem Styles.

Ambos se levantaram quase que simultaneamente e anunciaram que iriam ao centro da cidade. Harry arqueou as sobrancelhas.

– A essas horas da manhã? Um Styles não deixa a mesa antes de tocar na refeição - tentou descontrair, seu estômago gelado.

– Querido, estaremos de volta antes que o café esfrie. O mundo de negócios chama – o pai disse tranquilamente, embora, Harry notou o sentimento não chegasse aos seus olhos.

– O que está acon-

– Filho, por favor, não agora – a voz de Anne saiu ligeiramente mais fina. – Eu e seu pai precisamos resolver alguns assuntos... Assuntos sérios. Se notar algo incomum, pegue um castiçal, vá até a biblioteca e utilize a passagem secreta para deixar a casa – Harry tentou interrompê-la, aquele sentimento gélido o invadindo mais forte que nunca, mas a voz dela se sobrepôs ligeiramente à dele, continuando a falar. – Prenda seus cabelos e não diga seu nome a ninguém, mesmo que perguntem.

O casal saiu pela porta da frente, lado a lado e de mãos dadas, praticamente correndo, antes que Harry sequer tivesse tempo para protestos.

Harry permaneceu imóvel por alguns segundos, de repente não sabia mais como se respirava. De súbito, aquela verdade o atingiu – havia sim algo terrivelmente errado e não tinha mais como negar para si mesmo. Ele sentiu medo. Esse medo pareceu apoderar–se dele por completo quando ouviu, vindas do hall da casa, as orientações de seus pais aos serviçais para que trancassem tudo, portas e janelas.

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Alguns dizem que o medo é capaz de cegar o homem, outros que é sinônimo de prudência. O jovem Styles não sabia em qual das correntes filosóficas acreditava, mas sabia que foi esse sentimento que o fez voltar a respirar. Ele pegou o castiçal que repousava sobre a mesa, pois algo o dizia que seus pais não voltariam para finalizar aquela refeição, e andou rapidamente até a biblioteca, que se localizava na ala oeste da grande casa.

Mystical (l.s)Onde histórias criam vida. Descubra agora