⊱ CAPÍTULO VII ⊰

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N/A: alô alô! 

A imagem nas multimídias representa o quarto do Harry em Fell's Church para que fique mais fácil de imaginá-lo. Aliás, falando no personagem, sejam compreensivos com a melancolia dele nesse início da fic, tentem pensar no quanto ele perdeu recentemente e que no século XVIII a família, os laços sanguíneos e a descendência eram as coisas mais relevantes que existiam.

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Episódio: Land Without Owner

O quarto de Harry era o mais alto, da torre mais alta de Fell's Church.

Após guiá-lo, Nicolas Grimshaw se despediu, esclarecendo que, uma vez que o jovem não precisava de mais nada, ele se retiraria para ajudar o pai nos preparativos do jantar. Explicou, rapidamente, que embora houvessem muitos empregados na casa, nenhum ser humano que não levasse o sobrenome Grimshaw pisaria naquela cozinha enquanto seu pai vivesse.

– Fico satisfeito que conheça bem o caminho para os meus aposentos, Nicholas – Harry, é claro, não poderia evitar uma última provocação mais incisiva.

Às vezes, pensou Harry, flertar era lhe quase automático, quase sem querer – o flerte era seu estado natural. Ainda que não estivesse certo de que desejava levar algo adiante, não conseguia evitar.

Ele observou que o rapaz corara antes de afastar-se.

Harry não gostava muito dos tímidos, é verdade, mas não era como se qualquer característica de um indivíduo pudesse lhe incomodar em demasiado durante uma única noite – o máximo que Styles estava disposto a oferecer de seu tempo para alguém.

Certo, embora pareça contraditório, ele era alguém muito apegado quando o assunto era relacionamentos familiares, mas quanto a relacionamentos amorosos, "transa de uma noite" estava praticamente escrito em sua testa.

Entenda, não é como se Harry não fosse romântico – ele já lera as obras mais melodramáticas que você sequer consiga imaginar, porém, veja bem: a maioria das obras românticas são sobre como o casal se apaixona e não sobre a vida do casal após se apaixonarem, afinal seria enjoativo, tedioso, desgastante. Admita, quantos epílogos você sequer leu de uma narrativa em que madrugou para ler a cena da primeira relação sexual? A verdade, que poucos ousavam admitir naquele século, é que a parte válida em um romance era a paixão. Harry era um dos que admitiam tal fato, pois ele se importava mais com sua transparência consigo mesmo e para com o mundo do que com o escândalo. Conclusão: livros de romance são um sucesso porque costumam não avançar para além da paixão; as conquistas de Harry, igualmente.

Bem, você já sabe sobre o problema do jovem aristocrata com o destino crescer-trabalhar-casar-morrer e também sabe da certeza razoável que ele possuía de que sua vida seguiria exatamente por esse rumo. Dessa forma, tudo o que ele desejava era a sensação de não pertencer a ninguém, porque, por ora, ele ainda podia tê-la.

Agora ali estava ele, em frente à pequena porta amarela e ornamentada por enfeites banhados a ouro, semnada que o impedisse de entrar que não a própria curiosidade – ele era realmente um homem alto, mas tinha certeza de que aquela porta era menor do que deveria ser. Ele franziu o cenho, mas enfim tocou a maçaneta dourada, empurrando a portinhola lentamente.

As quatro paredes eram tomadas por ilustrações de montanhas e árvores feitas com tinta à óleo. Harry registrou mentalmente uma lareira, um guarda-roupa e uma penteadeira na parede à sua esquerda, todos ornamentados com detalhes que remetiam à forma de conchas e ondas oceânicas. Já à sua frente, havia uma janela que se estendia do teto até a metade da parede e, abaixo dela, um divã revestido em plumas brancas, tão delicado que se assemelhava a uma pequena nuvem do céu. Contudo, o teto acima de si era com certeza a peculiaridade do cômodo – revestido de vitrais transparentes sustentados em prisma, deixava o céu estrelado do Norte tão visível que somente a luz das estrelas seria suficientemente capaz de iluminar todo o ambiente de forma satisfatória.

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