Mystical (l.s)

⊱ CAPÍTULO XXI ⊰

N/A: Att adiantada pois esta autora está em mês de provas na faculdade, então temporariamente irei atualizar a fic todas as sextas-feiras, nesse mesmo horário. Espero que entendam, pois era isso ou colocar Mystical em hiatus. 

Atenção nas notas finais, é sobre o Lou da fic e é importante.

Obrigada por lerem! Não se esqueçam dos votos e comentários (e de dar stream no novo clipe de Two Of Us quando terminarem o capítulo, rs) ♡

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Episódio: Xeque Mate

Harry não dormiu.

E, considerando não haver dormido na noite anterior, essa já era a segunda noite em claro.

Contudo, não achava que qualquer outro alguém em seu lugar conseguiria dormir— era como se a qualquer momento um daqueles homens lá fora fosse adentrar a tenda caso ele fechasse seus olhos por alguns instantes.

Quando a respiração do comandante se estabilizou, Styles soube que o homem adormecera, então se arrastou como pôde para mais perto de seu leito, apenas para garantir que, se algo acontecesse, poderia acordá-lo esticando seu braço.

Sim, sua situação era tão ruim que sua melhor chance ali passara a ser o líder de seus próprios abusadores em potencial que eram, inclusive, os assassinos de seus pais e seus atuais sequestradores – perfeito.

Em verdade, o que o comandante fez naquela noite foi realmente... inesperado. Entenda, Harry o considerava um homem mau, mas, ainda que não fosse, não importa o quão bom alguém seja, não há como estar à frente do seu próprio tempo – naquele século estupro não era considerado crime, de forma que nem mesmo Harry (que se considerava alguém razoavelmente bom) havia refletido sobre o assunto antes. Ainda assim, Louis intervira no feito e o declarara tão terrível quanto de fato era.

De forma instantânea, Styles se permitiu olhar para o outro por apenas um momento: o comandante era um homem de rosto estranho. No momento em que se deitara, Louis retirara a faixa negra do rosto e se acomodara de costas para Harry, como se para não olhá-lo, mas, quando inconsciente, seu corpo virou-se levemente para o cacheado em dado momento, deixando suas feições completamente expostas — o homem era dono de um nariz arrebitado demais, que em conjunto com os lábios finos também demais, praticamente berravam que ele não possuía descendência escocesa. Styles não estava certo sobre a exata linhagem, mas possuía certeza de que escocesa não era.

E isso era sim relevante, pois apenas nacionais integravam as forças oficiais de suas respectivas Coroas. Estrangeiros não eram bem quistos em qualquer que fosse o reino — eram, no máximo, tolerados, mas jamais seria a eles permitido lutar em nome do Rei, quem dirá sob patente de comandantes: essa era a maior honra do homem do século XVIII e não seria concedida a alguém que era socialmente considerado traidor de sua própria nação ao debandar para outras terras.

Aquela situação era, portanto, incomum e atraiu a atenção de Harry, mas não por muito tempo.

A própria aparência do cacheado lhe era mais alarmante naquele momento: havia lágrimas e sangue secos em sua face e vômito alojado em suas vestes. Os acontecimentos da noite lhe fizeram transpirar absurdamente e ele sentia os longos cabelos pegajosos em seu pescoço, bem como os trapos do que restou de seu traje grudando em seu corpo. Em verdade, levou algum tempo para que assemelhasse que o cheiro forte de urina que sentia provinha dele mesmo, que inconscientemente urinara em si mesmo devido ao medo que sentiu quando se encontrara sob domínio daqueles homens.

De toda sorte, se seu estado exterior era humilhante, seu interior era deplorável. Ele se sentia nojento — não por ter sido tocado daquela forma, mas por não ter sido capaz de defender a si mesmo. Repentinamente, arrependeu-se de quando, em complô com Anne, fez com que seu pai contratasse um professor de ballet e de costura para lhe orientar quando na verdade deveria estar aprendendo a manejar espadas e armas como qualquer jovem rapaz daquele século. Dança e moda de repente não lhe tinham serventia.