Viagens e Devaneios

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   Kayn estava deitado em seu colchão, perdido em pensamentos. Jogava uma bolinha de papel para cima e tentava pegá-la ao cair enquanto lembrava-se do acontecimento do dia. Mais invasores noxianos tentando derrubar a Ordem. Também, pensou Kayn, eram os únicos que faziam algo, os únicos que realmente trabalhavam para proteger Ionia. A imagem de seu mestre lutando passou por sua cabeça. Zed era muito habilidoso, a maneira como acertava os guerreiros e desviava das flechas era impecável e, um dia, Kayn seria igual a ele. Não... Seria melhor que ele!

   A lembrança do Assassino das Sombras salvando o jovem tomou lugar na mente do ceifador. Seu coração acelerou e sentiu uma espécie de frio na barriga. Zed era tolo, com toda a certeza. Por que ele tomara uma atitude idiota e impensada como aquela? Essa lembrança o causava sentimentos estranhos, seriam eles... uma espécie de... atração? NÃO! Definitivamente não era isso. Nunca. Kayn queria ser Zed e não... Ah, tinha coisas mais importantes para se preocupar do que isso.

   Sentou-se. O colchonete abaixo de si era confortável, apesar de estar no chão. Seu quarto era pequeno e sua foice estava encostada na parede ao lado da porta. Levantou, retirou uma pedra da gaveta do criado mudo, pegou a arma e, sentado em seu colchonete novamente, começou a afiá-la. Kayn aprendeu a usar vários tipos de armas com perfeição, entretanto tinha afeição por foices. A primeira foice que teve pertenceu ao seu pai. Nascera de uma família de fazendeiros e, em uma das batalhas de Noxus, fora obrigado a usá-la para defender a si e à sua família. Nunca mais os vira desde  que fora levado como criança-soldado, uma prática nefasta praticada apenas pelos comandantes mais cruéis do império de Boram Darkwill. Provavelmente estavam todos mortos. Era para o próprio ceifador estar morto também, assim como todas as outras crianças recrutadas. Mas não foi o que aconteceu, aniquilou fazendeiros, caçadores e vastayas sem cerimônia. Dias depois foi encontrado por Zed e trazido à Ordem.

   Sons de batida em sua porta despertaram Kayn de seu devaneio. O mesmo largou sua arma, levantou e abriu a porta, que deslizava pela lateral.

   - Kayn Kayn Kayn Kayn! – O ceifador mal teve tempo de identificar o visitante e ele já estava entrando em seus aposentos, eufórico.

   - Derek?! – Estava confuso com tamanha animação do amigo. – O que houve?

   - Adivinha aonde a gente vai!

   - Não sei. A gente quem?

   - Eu, você, Ivan, Judy e Isis... No bar do porto de Fae'lor!

   Kayn sorriu. Mas é claro, Zed estava na ala médica, nos próximos dias não haveria treino devido ao ataque. Uma pontada de culpa invadiu a mente do ceifador por alguns instantes, mas tentou não pensar sobre. Não se lembrava de quando fora a ultima vez que haviam visitado o bar; este era conhecido por possuir as melhores bebidas de Runeterra e as melhores garotas também.

   Judy, Kayn e Derek esperavam pelos irmãos Ivan e Isis. Estes dois não moravam no monastério como os outros. Após se reunirem, montados em seus cavalos, o grupo partiu. A cidade de Fae'lor ficava a 12 horas de viagem sem pausas. Eram terras Ionianas agora pertencidas a Noxus, o grupo precisaria ser cuidadoso para não chamar atenção, não que isso fosse um problema, afinal eram todos guerreiros treinados pelo maior e único mestre da magia proibida das sombras a qual contava principalmente com o domínio da furtividade.

   Kayn gostava de cavalgar, não se importava com a demora da viagem. No entanto sentia como se estivesse traindo o mestre, pois ficariam longo tempo fora, tempo que deveriam estar usando para o treino e as atividades obrigatórias do templo, já que este produzia e vendia lâminas para manutenção própria, dos monges e dos guerreiros que ali viviam. E se a Ordem fosse invadida enquanto Kayn estivesse fora? Tais pensamentos deixavam o jovem ansioso e irritado, tratou de afasta-los da mente.

   Os cinco fizeram algumas paradas, alugaram barcos para acessar a ilha de Fae'lor,chegaram ao centro da cidade no inicio da tarde e passaram esta descansando em uma estalagem barata. Era necessário descansar um pouco para possuírem energia à noite, quando fossem se divertir. Apesar de serem jovens, rebeldes e motivados não aguentariam ficar de pé após os treinos e a luta do dia anterior, mais a longa e exaustiva, porém divertida cavalgada até a cidade noxiana de Fae'lor.    

    

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