Baderna

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   Por pouco o ceifador não foi ao chão. Cambaleou, ainda conseguiu desviar de um soco no rosto quando outro o atingiu na barriga. Eram muitos homens. Dois deles seguravam seus braços, tirando seus pés do chão. Kayn se debatia enquanto era revistado. Quando tiraram seu saco de moedas foi que se deu conta de que era um assalto. Como pôde ter sido tão burro?
   O rapaz de olhos de gato encontrou o colar de pedra azul que Kayn guardava sempre consigo, amarrado em suas vestes. Segurou a pedra em frente ao rosto, fitando-a com curiosidade. Nesse instante de distração, Kayn libertou um de seus braços e acertou em cheio ao rosto do rapaz, que foi ao chão, o colar voou de suas mãos.
   Kayn, agarrou-se no homem que segurava sua outra mão e, num pulo acertou o joelho na barriga dele. Girou com a perna estendida e derrubou dois que vinham em sua direção. Pulou em cima de um homem caído e desferiu socos em seu rosto até que outro pulou em suas costas e agarrou seu pescoço.
   Após alguns bons segundos de socos, chutes e cotoveladas ao som de música ao vivo que vinha de dentro, Kayn viu o rapaz felino pulando a cerca alta de madeira da área externa da taberna e fugindo com sua pedra azul. Sua ira aumentou e logo se pôs a correr.
   - Não foge não, seu inseto mentiroso!
   Seguiu o jovem por ruelas escuras e sujas, entre casas mal cuidadas. Ele era rápido, mas não mais que Kayn. A cada passo que dava sua raiva crescia e sentia a escuridão tomando conta de si. Seus pés ficaram leves, era como se flutuasse tomando velocidade. Como uma sombra, o corpo do ceifador ignorava colisão com objetos e se aproximava cada vez mais do ladrão.
   Num voo rápido Kayn o alcançou e os dois rolaram pelo chão. Kayn prendeu os ombros do jovem, que, de olhos arregalados, o fitava com espanto.
   - Como...? Quem é você?
   Agarrou o garoto pela camisa, arrancou o colar de suas mãos e o encarava com raiva.
   - Por favor não faça nada comigo! - implorou, sem forças para revidar.
   - Me de um bom motivo para não te matar - o ceifador murmurou ameaçadoramente.
   - Minha irmã está doente...
   - E eu lá ligo pra sua irmã? - Deu um soco. 
   - Kayn! - Uma voz feminina familiar ecoou pela ruela - Ainda bem que o encontrei! Ivan não está com você? - Isis se aproximava. Parecia preocupada e surpresa após ver a dupla no chão com sangue e hematomas no rosto - O que aconteceu aqui, meu deus!?
   - Esse ladrãozinho pensou que corria mais rápido que eu - rosnou kayn apertando mais a camisa do outro.
   - Ladrão? Oh céus... Ivan está sumido e você foi assaltado. Só imagino o que aconteceu com ele... 

   - Relaxa! Seu irmão sabe se virar...

   - Não me mande relaxar! Aquele inferno bebe um gole e já não tem mais controle de si! - Ela parecia bem nervosa - A ultima vez que bebeu tanto assim, quando o encontramos estava na promoção sendo vendido por vastayas... Mas e você já recuperou o que foi roubado?

   - Hum si...

   -Então vamos! - Puxou Kayn de cima do outro, que, ao se libertar, desapareceu noite a dentro. Kayn, aborrecido, seguiu a amiga às pressas.

   - Tem certeza de que ele saiu do bar? - Os amigos estavam reunidos na estalagem.

   - Sim, Kayn, revistamos os banheiros, perguntamos aos funcionários e nem sinal do loiro - Respondeu Judy soando entediada.

   - E a comanda dele?

   - Estava comigo, eu paguei... - murmurou Isis.

   - Então como diabos ele saiu do lugar? - Kayn estava irritado. Tudo dando errado! Deveriam voltar durante a tarde e faltava pouco tempo para o dia clarear.

   - E você acha que eu sei?! - A garota aumentou a voz.

   - Se Ivan não estiver morto quando o encontrarmos vou matá-lo - Derek estava irritado também, Isis soltou guinchos pela ideia do irmão morto.

   - Certo... - Kayn suspirou - Eu, Derek e Judy vamos procurá-lo. Isis, você fica aqui para o caso dele aparecer.

   - Mas eu quero procurá-lo também! - A garota choramingou.

   - Você não está emocionalmente estável no momento, Isis, seria melhor que... - 

   - NÃO ESTOU ESTÁVEL??! 

    Após longa discussão com uma Isis furiosa, o trio conseguiu convencê-la a ficar e partiram em busca do garoto. 

   Kayn não sabia por quanto tempo estavam revistando a cidade, estava exausto. Acabou por voltar ao bar enquanto os amigos continuavam procurando, lembrou-se que não havia pego sua foice ao sair da taberna, ainda estava com o guarda-armas.

   Chegando lá cumprimentou o segurança e explicou a situação .

   -  Então o senhor perdeu sua comanda?

   - Novamente, eu fui assaltado - Explicou Kayn impaciente.

   - Certo, um momento. - O segurança saiu e voltou alguns segundos depois com um homem baixo e gordo o qual parecia ser o dono do local e com a garçonete que Kayn passara o endereço da estalagem. A garota não parecia estar feliz olhando para Kayn. Droga! Esquecera-se completamente dela.

   - Mirena, querida, consegue lembrar aproximadamente a quantia que o sr. Kayn gastou esta noite? - Perguntou o baixinho.

   - Oh minha memória não está muito boa hoje, senhor, mas lembro-me que não foi pouco. - disse sem desviar os olhos raivosos do ceifador - É. Foi uma grande quantia, tenho certeza - sorriu.

   Kayn não podia acreditar no que estava ouvindo. Não havia trazido dinheiro algum! Havia como aquele dia piorar? Logo descobriu que sim, quando se viu sendo carregado, aos berros, para dentro do bar por dois seguranças homens e uma mulher maior que os dois homens juntos. O dono da taberna parecia furioso. Não queria saber de assalto algum - já havia escutado essa história muitas vezes - e nem se interessava pelo "facão estranho" do jovem, por mais que a lâmina tivesse sido forjada nos alpes de sei-lá-onde. Era uma questão de honra! Kayn iria trabalhar até que a divida fosse quitada.

   Inferno, inferno, inferno!!! Que humilhação! Kayn estava agora na cozinha lavando pratos ao lado de uma mulher gordinha e baixa de meia idade que não parava de cantarolar. Nem forças tinha para surrar os seguranças, estava dolorido e exausto. Era forte e bem treinado, mas ainda era humano. 

   - Aqui está, querido, só mais essa. Depois de secar esses pode guardar naquela dispensa ali - A mulher depositou uma pilha de canecas ao lado da pia, onde o ceifador lavava.

   Kayn esfregava as panelas, pratos e canecas com a força da raiva, pois era só essa que ainda restava nele. O sol já entrava pela janela, não fazia ideia de que horas seriam. Mas parecia que estava lá há anos. Deveria estar afiando adagas e não lavando louça! Após lançar, mentalmente, todos os tipos de pragas ao dono da taberna, foi tirado de seu devaneio por um grito agudo e o som de metais caindo ao chão. A mulher gorda passou correndo por ele para fora da cozinha. A porta da dispensa aberta mostrava um garoto loiro desmaiado. Kayn se aproximou, deu uns tapinhas no rosto do rapaz para garantir que estava vivo.

   - Kayn...? - Disse abrindo os olhos.

   - Sabia que você não tinha saído da taberna, amigão.

Como o Ivan foi parar na dispensa só os deuses sabem! Quem nunca deu aquele pt em festa não é mesmo? (Pra falar a verdade eu nunca).

Mais um capítulo aí, galera! To indo mais rápido do que eu esperava. Um beijão para meus 4 fãs. Compartilhem com seus amigos, vamos chegar aos 5 leitores. Não se esqueçam de deixar o gostei, se inscrever no canal, ativar o sininho, favoritar etc etc. Beijos da maior fanfiqueira do meu apartamento, Cl0udyDay. :* :*


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