Invasão

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   Zed observava de longe Kayn em seu treino

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   Zed observava de longe Kayn em seu treino. Os músculos despidos do jovem se contraíam com força ao atirar e golpear armas cegas de treino em seus colegas de luta. O treinamento ocorria em um grande pátio do antigo Monastério Kinkou, onde hoje abrigava a Ordem das Sobras. Bonecos de treino e diversos tipos de lâminas estavam espalhados pelo belo piso de laje.

   Dez anos se passaram desde que Zed encontrara o pequeno sobrevivente noxiano de no máximo dez anos de idade abandonado e, nele, vira a dor e a ira de um prodígio guerreiro. A criança cresceu, juntamente com sua ferocidade e habilidade com armas e agora as exercitava para se igualar ao seu tutor que o assistia.

   Kayn errou um golpe em seu oponente e com isso perdera o equilíbrio, apoiando-se com um dos joelhos no chão. Como se sentisse o olhar penetrante e escondido atrás de uma máscara de seu mestre, o jovem fitou Zed. O rosto do menor enrubesceu. Este se colocara de pé novamente e tornou a golpear seu oponente com mais força, ferocidade e uma expressão de irritação. Kayn era um ótimo lutador, porém acabava não se saindo muito bem com a pressão de observadores, pensou Zed.

   O devaneio do ninja das sombras foi interrompido por gritos e uma movimentação incomum.

- Estamos sendo atacados! – Berrou o sentinela.

   Homens armados surgiram em meio às arvores, outros lançavam flechas de cima das telhas do templo. As pessoas que treinavam no terraço correram para dentro da Ordem, algumas com medo outras em busca de armas para se defender. Com seus ágeis poderes espirituais, Zed desviava dos projeteis. Sua imagem desaparecia quando as flechas chegavam a ele, atingindo somente a sombra que ali estava.

  Suas shurikens acertavam em cheio a cabeça dos invasores. Os pares de lâminas acoplados em cada antebraço rasgavam os inimigos como garras de animal selvagem. Zed sentia-se feroz e vivo quando havia a oportunidade de lutar juntamente com sua forma sombria. Mais de seus homens apareceram na área de treinamento, assim como em outros terraços, sacadas e escadas do monastério, impedindo que os inimigos avançassem para dentro da construção.

   Aproximadamente 45 minutos depois, os inimigos que não haviam sido aniquilados, fugiram. Curandeiros estavam espalhados pelo interior, onde Zed agora estava. Muitos corpos aliados e inimigos estavam deitados no belo chão adornado, agora tingido por manchas vermelhas.

- Estão ficando mais forte... – Disse uma voz masculina familiar aproximando-se enquanto o Assassino das Sombras limpava o sangue de sua shuriken com um pano.

   Zed virou-se para Kayn, o jovem estava com o longo cabelo negro amarrado em uma trança desgrenhado. Uma mecha caía sobre seu rosto arranhado. Tirando pequenos arranhões e marcas de hematoma, estava intacto. Uma onda tênue de alívio percorreu a mente do mais velho ao saber que seu melhor pupilo estava são. Já era de se esperar, afinal, ele nascera para ser um guerreiro. 

   Antes que pudesse responder, notou que um dos corpos atrás de Kayn no chão estava se mexendo. O homem apontava uma flecha para o jovem ceifador. Uma explosão de apreensão e raiva tomou conta dos reflexos do líder  fazendo-o atirar seu corpo contra o de Kayn, afastando-o do projétil e tomando-o em seu lugar.

-Mestre!! – Gritou o jovem de pavor. Virou-se, correu em direção ao agressor, tirou sua foice da bainha com grito de raiva e um pulo rápido e leve voou em direção ao inimigo cravando sua arma contra o peito.

   Zed observava o pupilo quando começou a sentir uma pontada de dor em seu peito. Homens correram em sua direção, aflitos. A adrenalina dava lugar à surpresa. Era a primeira vez que tinha um ferimento desde que possuíra o encantamento proibido. Como aquilo havia acontecido? Como não havia desviado da flecha?!

   Enquanto isso, guardas e curandeiros deitaram o mestre das sombras. No chão, ignorava a dor física, pois percebera que uma sensação que há muito tempo não sentia havia invadido sua mente minutos antes de ser atingido: medo.

   A flecha atingiu um dos pequenos espaços de sua armadura, que fora removida por Hajime, um velho monge curandeiro. Estava deitado no chão com o peito exposto. Sua surpresa foi se esvaindo, dando lugar a outros sentimentos. Agora o assassino ardia em fúria e humilhação.

- Por sorte a perfuração não atingiu nenhum órgão vital – disse o monge retirando a flecha com cuidado. Olhares de preocupação e curiosidade voltavam-se contra o líder. Não tinha o costume de mostrar-se sem suas vestes, segundo Zed isso tornava sua imagem fraca, humana, diferente do que queria passar.

- P-perdoe-nos mestre – murmurou um jovem monge que auxiliava o mais velho – não podemos leva-lo à área médica, pois ela está lotada...

- A cada ataque o número de feridos e mortos aumenta – acrescentou o mais experiente.

   Zed apenas concordou com a cabeça. Esta ainda estava escondida atrás da máscara. Fitou Kayn, que já estava há algum tempo ao lado dos curandeiros apenas o observando. O jovem estava fitando o peito despido de Zed com o rosto completamente corado. Isso apenas ajudou a aumentar sua ira, não era a reação que esperava de seu aprendiz. O que estava passando por sua cabeça? Estaria ele preocupado com o ferimento de seu mestre?

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Nota

Para quem já havia lido: Fiz umas pequenas alterações neste capítulo. Não altera quase nada na história, talvez vocês nem percebam, foi mais pra ficar congruente e pra eu não me contradizer depois. (ex: Kayn ainda não tem mexas azuis no cabelo, vai consegui-las no futuro). 


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