Evolução pandemônica

Capitulo 15 - Inimigo Desconhecido

 Enquanto montavam as barracas o silêncio  permanecia, todos ainda estavam pensando na cena que acabaram de presenciar. Burok que estava escorado em uma árvore observou a cena com pesar, mas ele ainda precisava fazer o seu trabalho.

- Quem de vocês foi o primeiro a chegar la?

Os alunos se entreolharam, e Jidé levantou a mão.

- Venha comigo para a sua barraca, vamos ter uma conversa – Burok fez um aceno de mão e foi em direção a barraca de Jidé.

Entrando na barraca, Burok pediu para que Jidé lhe contasse exatamente o que ele viu. Jidé então detalhou sua explicação o máximo possível, e a expressão de Burok ficava cada vez mais feia.

- ah! Acabei de me lembrar, ele falou e também pegou um sobretudo vermelho, eu não consegui ver direito mas tinha um corvo nele – Concluiu Jidé.

- Parece que o que eu falei não te serviu de nada não é mesmo? Você fez exatamente o que não deveria, sair sozinho deixando seus companheiros de lado. Mas, pelo menos, conseguiu salvar alguém-Burok deu uma pausa – Então realmente são eles.

Depois de dizer isso ele colocou os dedos nas têmporas, pensando em algo, Jidé não queria atrapalhar mas ele precisava perguntar.

- Quem são eles?

Burok trancou o olhar em Jidé, parecia ponderar se deveria ou não contar para ele esse tipo de informação.

- Como eu confio em você eu contarei, mas primeiro – Burok disse enquanto ia para a porta e a trancava, ele colocou um objeto no chão e esse mesmo objeto cresceu como um domo em cima dos dois. Ele então se virou para Jidé e disse:

- Agora podemos falar. A informação é extremamente confidencial, e somente as pessoas envolvidas no projeto de amudad sabem. Como você deve ter ouvido amudad foi criada com por que os dois governos queriam um modo de se unirem contra a grande e violenta onda de mutantes que apareceram na última década, mas isso é somente metade da coisa. Nossos governos não colocariam seus preconceitos de lado assim só por causa de uma onda de mutantes violentos, afinal sobrevivemos ate aqui, então não mudaria muito nossa rotina certo?

Jidé acenou com a cabeça. Agora ele percebeu em que tipo de coisa ele estava se metendo, parecia ser algo bastante grave.

- Não muito tempo antes das ondas de ataques começarem, um grupo de exploradores saiu para ir em uma certa ruína – Burok disse ate esse ponto, após uma pausa dramática ele continuou – era o grupo onde seu pai estava, apenas um de todos os 50 que foram, conseguiu chegar em Aluh salvo, e nos contou uma história extremamente surreal. Ele estava muito confuso e assustado para detalhar ou talvez não queria se lembrar, ele nos disse que foram atacados por um grupo de animais, se fosse só isso seria normal, um infortúnio eu diria, mas ele complementou que dentre ele havia um a criatura diferente, ela andava como um humano, mas tirando a parte do peito que parecia humano o resto era como um animal qualquer, ele não quis ficar la para descobrir que tipo de criatura era. Ele apenas correu por sua vida.

Nesse ponto a respiração de Jidé ficou um pouco acelerada.

- Quando chegamos no local, a única coisa que encontramos foi uma confusão de corpos, e todas as cabeças dos exploradores estavam fincadas em estacas de madeiras, além de uma linguagem que ninguém entendia escrita no chão com sangue. Desde então muitos dos exploradores tanto de Aluh, quanto de Edeh morreram durante anos, com ataques similares. Mas não sabemos quem são ou o que querem, eles podem apenas matar por diversão, ou matam esperando algo maior. Hoje pelo menos conseguimos obter mais informações, pode ser um avanço.

Jidé ainda estava raciocinando a informação da morte de seu pai, ele já pensou ao longo dos anos como ele poderia ter morrido, mas dessa maneira brutal, ele não queria nem imaginar, era seu pai afinal. Depois de Burok deixar a barraca, seus amigos vieram perguntar o que aconteceu, mas ele ficou em silêncio. Todos entenderam que era algo que o abalou, então resolveram deixá-lo só.

Ele não sabia quando, mas tinha pegado no sono, acordando cedo ele olhou em volta e viu seus companheiros dormindo. O dia mal havia clareado quando ele saiu da barraca, havia somente o som da floresta e um silêncio, diferente do dia anterior, era um silêncio de calma. Burok estava no meio do acampamento acendendo uma fogueira.

- Bom dia – Disse Burok quando viu Jidé se aproximar.

Com uma aceno de cabeça Jidé sentou ao seu lado. Ele fico observando as chamas se moverem de um lado para o outro suavemente, mas, ao mesmo tempo, natural.

- Não leve o que conversamos ontem muito a sério, não é sua responsabilidade resolver isso. Quando você se formar pode ajudar de verdade.

Jidé apenas assentiu novamente.

- Quando sairemos?

- Eu vou acordar todos agora e depois partiremos em direção a base, lá vocês podem ficar mais seguros.

Depois de acordar a todos, Burok esperou que todos se juntassem no meio do acampamento antes de dizer

- Nos iremos agora partir para a base, se formos em ritmo rápido ate o entardecer estaremos la, vai ser mais seguro para todos nós. Eu lamento muito o que aconteceu ontem, mas não podemos fazer mais nada, vamos indo.

Todos começaram a se mover seguindo a direção de Burok, o esquadrao apareceu subitamente atrás deles, assim poderiam manter a segurança dos jovens.

Eles andaram por quase 6 horas antes de Burok dar uma pausa para o descanso, muitos deles já estavam mortos de cansaço. O clima parecia ter melhorado já que agora estavam tendo uma conversa aqui e ali. Enquanto caminhavam Burok dava algumas dicas de armadilhas, e algumas informações sobre locais para acampar, formas de se esconder em uma situação de perigo.

Não demorou muito para o sol começar a se por, mas eles já conseguiam visualizar uma grande estrutura á sua frente, parecia que demoraria pelo menos 30 minutos antes de chegaram. Foi nesse momento que ouviram um rugido que ainda vivia na cabeça de todos.

-Não entrem em pânico! Formem um círculo e fiquem juntos atrás de mim – Burok disse de maneira tensa – Coloquem suas máscaras de gás, elas tem visão noturna.

Todos já haviam esquecido das máscaras que ganharam, até mesmo Jidé. Ele tirou sua máscara branca, e colocou no rosto, apenas se viam seus olhos roxos, seu cabelo amarrado em um rabo de cavalo que ia ate a cintura lhe dava uma vibe misteriosa.

- Assim que o monstro aparecer, tentem correr o mais rápido em direção a base, eu e os guardas da patrulha seguraremos ele.

Jidé conseguiu se adaptar rapidamente a sua visão noturna, e logo ele viu uma sombra enorme vindo nas costas de Burok.

- ATRÁS DE VOCÊ BUROK- ele gritou

Burok se virou a tempo de defender o golpe de garra do monstro, ele usava um machado de guerra enorme.

- Todos corram!-

Ele deu o aviso e todos os jovens saíram correndo para a direção da base.