Capitulo 31 - A cidade banhada em branco

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Quando a cerimonia acabou e a grande maioria escolhendo em que esquadrão entrariam, Jidé foi chamado por Ophelia para ir a sala dos professores, chegando la e se deparando com todos juntos ele percebeu que se tratava de uma despedida, foram longos 3 anos juntos. De momentos de desesperos a momentos de paz, 3 anos que foram de grande importância para Jidé que somente ali ele pode se relacionar e achar um parente, ele se achou, não por completo, mas grande parte do que ele pode ser.

Entre lágrimas e risos, relembrando o passado e imaginando o que seriam dali pra frente, eles se despediram de fato, Jidé seguiu para seu destino, o local onde o esquadrão do sul se localizava, a hora de partir chegou.

Dessa vez haviam 3 dirigíveis, cada um iria em uma direção respectivamente. Jidé entrou no que iria pra o sul, onde Dana estava esperando ele na entrada, como único que foi escolhido para aquela regiao, ele teve um tratamento diferencial.

- Eu vi que você nasceu no sul certo? - Dana perguntou enquanto levava Jidé por um labirinto de corredores.

- Sim, mas me mudei logo após nascer para Kinodá

- Huum, muito bom – ela disse sussurrando.

Dana então parou subitamente na frente de uma porta, estava escrito "principal" em uma placa pendurada, e Jidé supos que seria a sala do comandante do dirigível, ele já andara naquele dirigível mas não se lembrava pois era muito pequeno.

- Entre, tem alguém que quer te conhecer – Dana disse sinalizando com a mão para ele entrar.

Entrando, ele se deparou com uma presença inusitada, era Indidu, governante de Inlu, terra natal dele. Se recuperando do choque ele logo se curvou antes de se apresentar.

- Prazer em velo, eu sou Jidé Shiskoff

Não veio nenhuma resposta do outro lado, ele então continuou curvado, seria desrespeitoso se levantar sem a aprovação.

- Eu sei quem você é, filho de Didé – Sua voz grossa e antiga se espalhou pela sala - Olhe para mim.

Jidé levantou a cabeça para se deparar com o rosto do governante próximo ao seu, ele então sentiu uma mão em volta de seu pescoço e logo foi empurrado para a parede da sala. Não entendendo o que estava acontecendo ele tentou revidar, com um chute na articulação do joelho a perna direito de Indidu se abaixou. Perdendo o ponto de equilíbrio ficou mais fácil para Jidé se librar do aperto e revidar, segurando o braço do inimigo ele o trouxe para as costas e com o outro braço livre segurou o queixo.

Percebendo o que fez ele logo soltou rapidamente, se alguém visse isso ele poderia ser preso ou ate morto dependendo do que julgasse.

- Desculpe senhor eu não tive a intenção – Jidé disse tentando se explicar.

Indidu se levantou e lhe deu um olhar de surpresa misturado com choque, depois deu uma risada e se aproximou dele. Jidé ficou firme o encarando, não sabia o que faria com ele, mas ele já estava em um modo de defesa. O que ele esperou não aconteceu pois Indidu de um tapinha em seu ombro dizendo:

- Que reflexo! Parece eu terei um soldado de elite HAHA – O tom era totalmente oposto ao que ele tinha inicialmente.

Vendo a transformação do governante em um tipo de "tiozão" Jidé ficou sem palavras, e a outra parte também percebeu a confusão do garoto, mas não se incomodou em explicar.

- Você passou no teste, eu só queria lhe testar, saber se o melhor aluno era de fato um título vazio ou não. Pelo que vi, faz jus ao título.

Agora com a situação esclarecida Jidé pode respirar de alivio, os piores cenários sumiram da sua cabeça como nuvens passageiras. Apos conversar com Indidu por um tempo Jidé foi liberado para arrumar o quarto que foi separado para ele, a viagem demoraria 5 dias e ele não tinha muito o que fazer até la.

5 dias se passaram voando, Jidé passou a maior parte do tempo se familiarizando com os futuros companheiros de esquadrão e na sala de treinamento, aproveitando as dicas deles para melhorar pontos que ele estava em falta, receber ajuda de pessoas experientes não era uma oportunidade que ele teria a todo momento. Quando chegaram em Inlu, já era de manha, Jidé não conseguiu ver muito pelas janelas já que uma densa névoa branca envolvia todos os lados do dirigível, era como se ele tivesse entrado em um mar profundo, a merce do destino.

Não se tinha visibilidade de nada a olho nu, porém os pilotos já estavam acostumados e sabiam na palma da mão o caminho que já fizeram milhões de vezes adentrando a névoa. Jidé teve a sensação de sufocamento, passou-se horas ate que a nevoa ficasse mais transparente, e logo ela sumiu de vez.

Jidé apenas viu uma imensidão de branco por todo o horizonte, Dana apareceu ao seu lado misteriosamente falando:

- Chegamos, bem-vindo a Inlu.

Jidé olhou em duvida para a paisagem que não passava de um branco por todos os cantos que via. O dirigível pousou e logo a paisagem branca se contorceu, e revelou uma grandiosa cidade, totalmente pintada em branco, fileiras de prédios organizados se espalhavam por uma área quadrada enorme, era como uma fortaleza, se misturava ao ambiente por ser branco. No centro da cidade, em pé como um rei, jazia um domo enorme, exalando uma presença de etéreo, como se não existisse, mas estava ali. As ruas estavam movimentadas, e barracas se espalhavam por todos os lugares nas ruas. Uma rua principal que ia direto para o domo estava repleta de barracas com armas, armaduras, comidas, e tudo o que ele poderia imaginar.

A vida ali era abundante, Jidé mudou o foco para as paredes grossas e fortes que se estendiam ate o céu, onde o nevoeira tomava conta, ele se perdeu um pouco observando isso. Apesar de ter nascido ali ele saiu muito cedo e não se lembrava de nada. Soldados subitamente apareceram ao decorrer da rua principal, formando duas filas em cada lado da rua, as pessoas que andavam por ali se afastaram calma e organizadamente como se fosse habitual.

Indidu saiu primeiro seguido por seus guardas, entrou em uma especie de carro com 3 rodas, e se dirigiu para o domo. Dana cutucou Jidé dizendo:

- Me siga, temos que inscrever você, e lhe dar uma identidade – Ela parou por um momento e observou a cidade antes de continuar – E bem-vindo a sua casa pelos próximos anos.

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