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-- Hey... -- A voz fina de Maggie tirou Juliana de seus devaneios. -- Posso me sentar? -- A garota perguntou gentilmente e Juliana assentiu.

-- Obrigada por ont...

-- Shiiiiu... -- Maggie sussurrou, olhando em volta. -- Não cite jamais, nunca, em hipótese alguma, que fui eu que comecei com aquilo.

-- Tudo bem, mas... obrigada. -- Juliana disse gentilmente e Maggie assentiu sorrindo.

-- Como você está? -- Ela perguntou apontando para o curativo na testa de Juliana e a mais nova iria responder, mas viu o momento onde Valentina passou com sua bandeja de comida nas mãos e desacelerou o passo, como quisesse saber daquela informação.

Juliana se calou, esperando ela passar e se surpreendeu quando a garota se sentou na mesa ao lado da dela. Seus olhos castanhos se encontraram com os verdes e nenhuma das duas se atreveu a desviar o olhar, até Maggie rir baixinho, soltando uma espécie de ronco junto, o que chamou a atenção de Juliana.

-- Estou bem, doeu para inferno ontem, mas já estou melhor. -- Juliana disse e Maggie assentiu.

-- Esta noite ela sai da solitária, o que fará? Aquela barulheira da noite passada não poderá se repetir, seria suspeito. -- Maggie disse apenada e Camila sorriu-lhe fraco.

-- Não sei, na verdade. Ter o outro lado da testa estourado até eu desacordar? -- Brincou sorrindo fraco.

-- Não diga isso. -- Maggie disse tristemente e Juliana suspirou.

-- Se for para ser violentada eu prefiro que eu esteja desacordada do que ter a repugnante imagem daquela mulher em cima de mim. -- Juliana disse firmemente. -- Não vou deixar que ela toque em mim.

-- Ah, eu vou gritar, mas você não toca em mim. -- A voz de Scarlett assustou Juliana. A garota jogou sua bandeja sobre a mesa e sorriu. -- Caramba, mulher. Eu virei a sua fã. Ninguém nunca desafiou Beatrice antes.

-- Obrigada, huh, eu acho. -- Juliana disse confusa.

-- Não fomos apresentadas, sou a Scar e você é a minha mais nova amiga. Você não tem opções, se não aceitar eu esmago seu crânio. -- Disse, fazendo Juliana arregalar os olhos. A risada alta e escandalosa de Scar chamou a atenção de várias pessoas. -- Eu estou só brincando.

-- Oh. -- Juliana disse ainda em estado de choque. -- Eu me chamo Juliana. -- Ela disse, mas a a figura de uma loira alta, com o maior dos sorrisos estampado em seu rosto e cabelos cheios, chamou a atenção dela.

Unicamente porque ela sorria para Valentina. Será que...

-- Você se deu mal pegando a mesma cela que ela. Aquela mulher é perigosa. -- Juliana suspirou, vendo Valentina se levantar com a loira e saírem.

-- Eu percebi.

-- Nem a Carvajal enfrenta ela, elas se evitam. -- Scar disse, começando a comer sua maçã. -- Todos sabem que a Carvajal ganharia ali, inclusive ambas, mas elas não se bicam, é como se fugissem de confusão. -- Juliana estranhou aquilo.

-- Elas... costumam travar guerras inesquecíveis de olhares, hm? Para mostrar quem manda. -- Juliana disse e Maggie riu baixinho, soltando outro ronco.

-- Não. Elas sequer se olham, nenhuma invade o território da outra. -- Valentina praticamente expulsara Beatrice com o olhar no dia anterior no banheiro, pensou Juliana ainda mais confusa.

Passaram o restante do tempo conversando e definitivamente Maggie tinha razão, Scar era um amor de pessoa.

Mais tarde naquele mesmo dia, Juliana se dirigia até o pátio no intervalo para tomarem sol, porém sentiu seu corpo sendo puxado para trás e alguém tampar sua boca. Sua primeira reação foi se espernear, mas foi em vão.

-- Calma aí que ninguém quer te machucar, é só uma conversa. -- Juliana ouviu alguém dizer, no entanto não conhecia aquela voz.

Deixou-se ser arrastada até o corredor das celas quando viu que não tinha mais forças para lutar. Quando seu corpo foi jogado dentro de uma das celas, seus olhos se arregalaram em surpresa. Valentina Carvajal estava deitada na cama de cima a olhando intensamente.

-- Ela é magrela, mas tem força. -- A loira, que agora Juliana podia identificar ser a garota que sentara com Valentina no horário da refeição, disse.

-- Deixe-nos a sós, Vitória. -- Valentina disse e a loira assentiu, saindo da cela e ficando de vigia do lado de fora da mesma para ninguém incomodar, enquanto segurava a ponta do lençol que tampava a visão para dentro daquela cela.

-- O que... o que quer? -- Juliana perguntou. A verdade era que ela se atrevia a encarar Valentina enquanto estava longe, mas perto daquele jeito sentia-se intimidada.

Aquele azul perfurante a desconcertava completamente. Será que era por ela encarar que estava ali? Deveria ter ouvido a policial Caetano quando teve a chance.

-- Você vai dizer a todos desse maldito lugar que você está comigo, que agora é minha mulher. Entendido? -- A voz aguda soou firme, causando involuntariamente arrepios no corpo de Juliana.

-- Não sou sua mulher. Apanhei ontem de outra pessoa por ter esse mesmo pensamento e você pode mandar sua capacho entrar aqui agora mesmo e me arrebentar, mas você não vai tocar em mim. -- Disse firmemente, nem sabendo de onde havia saído tanta coragem. Seu coração batia descompassado em seu peito, claro, acabara de se opor a algo que a pessoa que julgam ser a líder absoluta de tudo pediu.

Ela, certamente, não duraria até o fim dos seis meses. Seus pensamentos foram cortados quando ela viu a figura em sua frente pular da cama de cima no chão e se aproximar dela, que, sem perceber, deu dois passos para trás.

Suas costas tocaram a parede e seus olhos fitaram a garota mais alta em sua frente, a centímetros de distância dela agora. Prendeu a respiração ante àquela aproximação.

-- Eu acho que eu não fui clara o suficiente. Você vai dizer a todos, inclusive às suas amiguinhas, que agora é minha mulher. -- Falou roucamente. -- E em mulher de Valentina Carvajal, ninguém, preste atenção, ninguém toca. -- Juliana piscou confusa quando a outra se afastou.

-- Você não vai tentar nad...

-- Já pode dar o fora. -- Valentina disse friamente e Juliana franziu o cenho. Valentina disse que era para ela dizer...

Espere! Estaria, Valentina Carvajal, oferecendo proteção gratuita? Não teve tempo de perguntar, porque o toque para o banho soou, fazendo-a sair dali com um enorme ponto de interrogação em sua cabeça.

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Presa por acaso - JuliantinaOnde histórias criam vida. Descubra agora