Presa por acaso - Juliantina

8

Valentina endireitou sua postura e segurou uma mão de Juliana antes de assobiar alto, fazendo várias garotas correrem para trás dela.

-- Calma que não queremos briga. -- Angela, uma das três garotas, disse calmamente.

-- Não posso nem namorar tranquila que me incomodam. -- Valentina disse bufando. -- O que querem? -- Ela perguntou friamente.

-- Só viemos resolver algo aqui. Você conhece as leis daqui, Valentina. -- A loira disse, fazendo Valentina assentir. -- Beatrice disse que você roubou a garota dela.

Os olhos azuis fitaram os verdes de Beatrice seriamente, para segundos depois a garota explodir em uma risada debochada. Ela deixou um beijo no pescoço de Juliana e sussurrou em seu ouvido que se levantasse.

Assim que Juliana o fez Valentina desceu um degrau da mini-arquibancada, parando de frente para elas, tendo Juliana atrás de si, e umedeceu os lábios.

-- Desde quando Juliana já teve alguma coisa com a ratazana azul? -- Valentina perguntou, vendo Beatrice alisar seus cabelos azuis. -- Juliana nunca teve nada com ela.

-- Porque fui para a detenção. -- Beatrice reclamou e Valentina desceu mais um degrau, ficando cara a cara com Beatrice.

-- Você iria estuprar a minha garota. Acho que a errada dessa merda é você. -- Valentina disse, cerrando os punhos.

-- Ela não era a sua garota. -- Beatrice rebateu.

-- Foda-se! Você iria transar com ela a força. Isso é contra as malditas regras!

-- Todas fazem isso aqui. -- Beatrice replicou e Valentina riu com escárnio.

-- É por isso que eu não gosto de dirigir a porra da palavra a você, porque é uma maldita estúpida. -- Valentina disse irritada. -- Elas trocam favores. Se as garotas aceitam proteção em troca de dar sexo, o problema é delas, não estão sendo obrigadas, mas Juliana jamais aceitou nada disso.

-- Quem te garante que não? -- Beatrice indagou e Valentina trincou o maxilar.

-- Que garota em sã consciência ficaria com você, sendo que sabe que eu tenho interesse nela? -- Valentina perguntou e Beatrice a fuzilou com os olhos.

-- O que...

-- Desde o primeiro dia que vi aquela garota eu coloquei meus olhos nela e falei com ela, não tenho culpa se ela demorou um dia para se decidir. -- Valentina continuou. -- Então acho bom vocês quatro sumirem da minha frente, porque não estou nada contente em me lembrar que essa filha de uma puta... -- Valentina apontou para Beatrice. -- Está de olho em Juliana.

-- Você a forçou, Beatrice? -- Uma das garotas questionou e a mulher suspirou. -- Responda, desgraçada! -- Ela elevou a voz, segurando o maxilar da mulher antes de apertar com força. -- Você me fez perder o maldito tempo sendo que você é a errada?

Valentina sentiu o corpo delicado lhe abraçar por trás e sabia que era por medo de sangue começar a rolar. A maior suspirou e se virou ligeiramente, passando um braço pela cintura de Juliana.

-- Estamos bem. -- Valentina sussurrou no ouvido de Juliana e a menor assentiu, ainda assustada. Seu mundo era de segurança, riqueza, pessoas civilizadas, dinheiro e, bem, mais dinheiro.

E Valentina sabia disso.

Por isso, quando sentiu Juliana se aconchegar mais em seu abraço, soube que aquilo não era para ela, aquela vida não pertencia àquela garota. Valentina só queria que ela não tivesse medo.

O primeiro soco foi desferido com tanta força no meio da cara de Beatrice por uma delas, que só então Valentina percebera que não havia ouvido o fim da conversa delas, tamanha era sua preocupação com o corpo delicado entrelaçado com o seu.